sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

“ VOCÊ ACREDITA NA REALIDADE?” NOTICIAS DAS TRINCHEIRAS DAS GUERRAS NA CIÊNCIA.

“ VOCÊ ACREDITA NA REALIDADE?” NOTICIAS DAS TRINCHEIRAS DAS GUERRAS NA CIÊNCIA.


O autor trata da questão referente a polêmica da realidade e assim, questiona se de fato a realidade teria se tornado algo que fosse necessário as pessoas acreditarem. Essa realidade seria como Deus? Ou talvez haveria pessoas que não acreditam na realidade?Dessa forma, o autor chama atenção pelo fato de que o acréscimo de realismo à ciência era de fato considerado pelos cientistas uma ameaça ao apelo da ciência. Isto é, um modo de reduzir o grau de verdade e as pretensões à certeza.
E para Descartes pensar na realidade exige equipamentos artificial da vida para continuar viável, o pensamento colocado numa posição de contemplar o mundo de dentro para fora e ligada ao exterior se agitaria no medo constante de perder a realidade. O único caminho seguro com o mundo exterior seria Deus.
Por outro lado, para o festim da realidade, a mente fornecia o alimento e as inacessíveis coisas-em-si. Kant inventou uma espécie de construtivismo em que a mente extirpada elabora tudo por si mesma, mas com certas limitações, para ele, sempre havia algo a girar em torno do déspota estropiado.
Conforme o autor, a realidade depende daquilo que a massa considera certo em determinado momento, para ele foi o medo da perda de um acesso certo à realidade e a invasão da massa que tornou possível perguntar? Você acredita na realidade? No entanto, antes de pensar sobre a perda da certeza absoluta é necessário não permanecer preso a linguagem. No que se refere a mente, é possível compreender que não devemos ficar presos ao ponto de vista dos outros.
Contudo se a ciência pode invadir todos os campos, também pode transformar a mente numa parte flexível da natureza. Mas, por outro lado existe algo inatingível é o sonho de encarar a natureza como uma unidade homogênea. Além disso, o autor ainda enfatiza acerca do medo do governo das massas. E diz, tão grande é o medo que todo expediente político passa a ser usado com impunidade contra aqueles que rendem a defender a força em detrimento da razão. Se a razão não governar, a força é quem vai prevalecer.
Sócrates diz a Cálicles que ao deixar de notar o poder que a igualdade geométrica possui e exerce entre os deuses e os homens. Assim, tal negligência da geometria levou-o a considerar que o homem deveria obter uma quantidade desproporcional das coisas. Mas, o homem superior deve dominar o inferior e possuir mais que ele, porque o poder faz o Direito.
Sendo assim, para evitar o perigo do governo da massa, é necessário depender de algo que não tem origem humana, mas algo puro que está fora da cidade. Precisamos do mundo exterior porque desejamos afastar a massa.
Percebe-se que a realidade constitui-se em um objeto de crença apenas para aqueles que iniciaram essa impossível tentativa de calar a boca do povo. Para o autor não existe o mundo exterior, no sentido de concedê-lo uma existência a-histórica. No entanto, vale salientar que o realismo tornou-se abundante quando os não-humanos começaram a ter uma história facultada na multiplicidade das interpretações, na flexibilidade e complexidade até então reservadas aos humanos.
Portanto, a causa das mudanças e das semelhanças ocasionadas não é difícil de entender, haja vista que o pós-modernismo descende de uma série de acordos que definiram a modernidade. Além da herança em busca de uma verdade absoluta, empreendida por uma mente extirpada, além do debate entre poder e direito, a distinção entre ciência e política entre outros. O autor considera que a realidade e a moralidade nunca faltaram; a luta pró ou contra a verdade absoluta, pró ou contra os múltiplos pontos de vista; ou a construção social e a presença jamais foi importante.
LATOUR, Bruno “ Você acredita na realidade” IN: A esperança de Pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos: EDUSC- Bauru –SP. 2001. (Coleção Filosofia e Política) p.p.13-37.

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