quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

TERRITÓRIOS DE CONFRONTO

RANGEL, Maria do Socorro Territórios de confronto. Uma História da luta pela terra nas ligas camponesas. IN: LARA, Silva e Mendonça, Joseli Maria Nunes (orgs) Direito e Justiça no Brasil. Campinas: EDUNICAMP, 2006 Pags. (457-501)
O presente texto parte dos estudos realizados por Maria do Socorro Rangel, resultado de pesquisa da tese de mestrado pela UNICAMP. A autora aborda as questões econômicas e políticas da região Nordeste. Desse modo, apresenta uma imagem projetada sobre o Nordeste, como sendo o cenário de lutas camponesas e da miséria. Essa imagem de sofrimento foi apropriada e usada politicamente a fim de atender aos interesses da elite nordestina. A miséria e além da seca e dos problemas da terra foram motivos por graves conflitos rurais e urbanos.
Neste sentido, era necessário tentar minimizar os efeitos das mazelas sociais. Na Paraíba, as Ligas Camponesas surgiram na região de Várzea Grande do Paraíba, fora das Usinas, e lutavam pelo direito do camponês plantar e colher nas terras por eles arrendadas, com pagamento do aluguel (foro) em dinheiro e não através do Cambão (dias de trabalho gratuito), semelhante ao que acontecia no Feudalismo, a Córveia.
As Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas organizadas na Paraíba, e que tornaram o nome de Ligas Camponesas, eram de caráter civil com estatutos definindo suas finalidades. Era proibido, nas suas reuniões, discutirem política partidária, ideologia ou religião, e discriminarem associados que participassem de partidos políticos, tivessem qualquer ideologia ou professassem qualquer religião.
Nos primeiros anos da década de 1960, o público americano tomou conhecimento de que uma parte do Brasil estava a beira de uma violenta insurreição. O nordeste tornou-se uma parada obrigatória nas viagens de todo o mundo. Os nordestinos podiam sentir o mundo inteiro os observando. Inclusive o presidente John Kennedy afirmou em jornal americano que nenhuma área tem maior e mais urgente necessidade de atenção do que o vasto nordeste brasileiro. E assim, o nordeste poderia se tornar num segundo Vietnã.
Em relação aos aspectos políticos, o Nordeste foi também espaço dos coronéis, da “oligarquia” latifundiária, das eleições fraudulentas e das violentas disputas pelo poder político, além disso, existia a manipulação interesseira dos recursos destinados as obras contra a seca e a obtenção de favores políticos via clientelismo.
Existe muita polêmica em torno da filiação de alguns desses personagens ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Mas, para os objetivos deste, basta registrar que a relação do PCB com as Ligas Camponesas foi sempre bastante ressaltando por aqueles que, opondo-se ao movim

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