sábado, 16 de janeiro de 2010

OS SENHORES DA MORTE

OS SENHORES DA MORTE

A repressão montada no Brasil, a partir de 1964, aperfeiçoada em 1968. O desaparecimento dos opositores políticos não é a única forma de violência praticada pelos regimes militares do subcontinente. Também pode ser uma forma de repressão nova, que se soma aos métodos habituais dos regimes de força: a prisão, a tortura, a morte, o banimento ou então o exílio forçado. Por isso, é um mecanismo que não poupa sequer os países que preservam uma fachada democrática.
No Uruguai, a situação a partir dos anos 70, caracteriza-se pela supressão das atividades políticas, a supressão do fato dos partidos políticos, a proscrição de centenas de líderes políticos, severas restrições à liberdade de informação, perda da independência da Justiça e intimidação dos advogados.
O relatório do departamento de Estado mostra que as ações repressivas se mantiveram e até se agudizaram mesmo depois do desmantelamento da luta armada conduzida pelos Tupamaros. O espírito de guerra mantém a condição dos indivíduos como verdadeiros reféns do sistema, mantidos nas prisões políticas sem nenhuma infra-estrutura adequada.
No Chile, os presos desaparecidos haviam sido seqüestrados e mortos e os responsáveis pelos crimes foram anistiados. Esse tipo de sistema ou regime militar ditatorial foi severamente denunciado pelo jurista Felix Ermacora, que apontou em seu relatório claramente à ONU: “O Chile deixou de cumprir as obrigações internacionais impostas pelos tratados e pelo Direito Internacional em geral”. As desaparições não encerram o quadro repressivo a parti do golpe de 73, calcula-se que entre 40-50 mil pessoas foram presas, 5.500 das quais continuavam detidas um ano depois do pronunciamento militar. A INCAMI- estimou que 1/10 da população foi forçada a deixar o país por questões políticas.
No Uruguai, ainda em 1980 dezenas de pessoas continuam sendo detidas e levadas a locais secretos por elementos da repressão.
Na Argentina, a violência também não é diferente, entende-se que as mesmas formas de repressão devem acompanhar esse sistema de governo baseado nas ações criminosas e assassinas. Para justificar suas ações o governo militar argumenta que essa guerra é uma luta contra o terrorismo, e que na guerra acontece de tudo. Os presos na Argentina foram exterminados, ao invés de serem presos eles foram eliminados. Não resta dúvida.
Na Bolívia, o regime ditatorial atua claramente junto a máfia da droga e os militares bolivianos desviou as atenções da opinião pública internacional. O número de mortes não é possível ser calculado, mas é possível avaliar os danos as famílias, a sociedade como um todo. O que distingue a repressão boliviana dos demais países da América foi o surgimento de grupos paramilitares, aos quais coube o serviço pesado no momento do golpe militar.

OS SENHORES SEM FRONTEIRAS

Segundo o autor, as denúncias da APDH Boliviana mostram que se criou nesses países, uma rede repressiva que não conhece fronteiras, não há limites, nem leis que o façam deter suas ações. Além disso, os sistemas de informações e de repressão transformaram-se rapidamente em um supergoverno, atua â margem e acima dos próprios governos militares, que nada tem a ver com aspectos políticos que alegam estar agindo em nome da lei e da ordem.
Assim, essa organização criminosa de repressão ficou conhecida a multinacional da repressão e pelos historiadores como operação Condor. Essa organização multinacional do crime e da repressão é marcada por seqüestros seguidos de assassinatos. Desaparecimento não esclarecido de jornalistas, a exemplo o argentino Norberto Habberger e tantos outros. Na realidade, entende-se que essa organização montada e plenamente organizada e ultrapassa as fronteiras nacionais.
Enfim, essa complexa rede de criminosos principalmente aqueles que fazem parte das instituições do governo, é constituída por uma grande teia de impunidade e repressão e abusos sem fim contra cidadãos da sociedade. Concluis-se, que os sistemas de repressão na América latina, agiram e continuam de certa forma ainda agindo camuflado com outras formas de obter-se o poder a fim de que seus desejos sejam alcançados.
REFERENCIA:
ROSSI, Clóvis. “Os senhores da Morte”, “Os senhores sem Fronteiras”. In:O Militarismo na América Latina. (Tudo é História nº 46). São Paulo: Brasiliense, 1982, p.p 50-78.

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