domingo, 3 de janeiro de 2010

De grão em grão

MEIRIEU, Philippe. O Cotidiano da Escola e da Sala de aula: o fazer e o compreender. Porto Alegre: Artmed. 2005. pp. (167-170; 181-184; 194-196; 200-209).


Joselia Ferreira de Oliveira
Profesora da E.M.José Tavares

De grão em grão


A fim de permitirmos que todos aprendam, a escola deve ser organizada como um espaço “livre de ameaça.” As questões referentes ao fazer pedagógico precisam ser repensadas pois estas nos remete de imediato ao aspectos educativo-pedagógico. Neste sentido, importa não apenas pensar os significados voltados ao processo pedagógico mas, sobretudo, refletir acerca da prática pedagógica tendo como eixo também norteador dessa prática educativa, formas de encaminhar e direcionar a ação pedagógica.
Por isso, a sala de aula é um ambiente de aprendizagens e de construção de novos conhecimentos. Dessa forma, é inevitável o surgimento das dificuldades e a necessidade de enfrentá-las, sabendo que é possível rompê-la e alcançarmos o êxito esperado.
Parafraseando Meirieu, (2005, p.167-170), é necessário que nós pedagogos busquem promover uma análise apurada acerca do ambiente escolar. Assim, é necessário compreendermos que esta, diz respeito aos problemas enfrentados no interior da sala de aula e ao processo de aprendizagem. Sendo assim, a postura do profissional é fundamental no sentido de que o professor(a) é o responsável pelo acompanhamento dos alunos individualmente, e saber controlar as situações sem deixá-lás fugir do seu controle. Por isso, o professor, é o principal mediador para impedir que os erros sejam vistos como negativos e fracasso insuperável.
Por outro lado, violência verbal manifestada através das zombarias e das brincadeiras que envergonham os alunos devem ser contidas imediatamente. Enfim, separar claramente momentos de aprendizagens onde todos podem se expor com liberdade permitida pelo professor e incentivadora e ser ao mesmo tempo aquele que controla, relativiza e acompanha os processos de aprendizagem e avaliação do desempenho devem ser apresentados claramente.
É importante levar o aluno a superar seus medos, esse consiste em um dos grandes desafios da sala de aula. É necessário que todos os alunos possam se sentir seguros e ter o professor como um aliado em caso de perigo ou de ameaça. A sala de aula deve ser vista como um espaço livre de ameaça ou constrangimentos, todos somos livres e quando não exercitamos perfeitamente os conhecimentos quando exigido deve ser ultrapassado e tido apenas como um momento da aula e que todos existirão onde o aluno está mais preparado.
O saber construído consiste na aquisição de saberes, mas a palavra em si não pode ser considerada como um estatuto irrevogável, mas que pode em um dado momento ser objeto de reflexão. A Escola deve valorizar a aprendizagem de maneira a facilitar o acesso e a aquisição da leitura a fim de cada vez mais promover o senso crítico. Por isso, a leitura, a pesquisa bibliográfica possibilita ao aluno se deparar com várias opiniões.
A pesquisa é considerada como um fazer dinâmico livre onde possibilita a todos pensar livremente. Mieirieu, (2005, p.181-183), considera importante que o aluno perceba que existem “verdades”, saberes e conhecimentos ensinados que podem se diferenciar, é preciso ensinar que cada indivíduo tem uma verdade, mesmo que a ideologia da escola esteja voltada a uma verdade ensinada como uma coisa que se busca e não que se tem.
Na realidade, é preciso reverter essa visão e passar a ensinar a pedagogia da democracia na Escola. O momento do planejamento das aulas conforme Meirieu (2005, p.183-184), é especial, haja vista que o professor pretende ministrar deixando sempre claro seus objetivos que visa alcançar, além disso, os métodos que serão utilizados irá garantir de fato que a aprendizagem aconteça. Essa aprendizagem configura-se como uma peça chave desse processo do ensinar e aprender. Sabemos que atualmente, tem sido difícil descontruir velhos hábitos pedagógicos, até muitos alunos ainda resistem as inovações. Mas, é preciso mudar banir das escolas o ensino centrado no professor e de tarefas prontas e acabadas. É necessário também o aluno participar e se fazer parte integrante do aprender a aprender e construir seu conhecimento, pois ninguém aprende pelo outro, porém, precisamos aprender juntos; alunos-professores.
Para este autor, a sala de aula deve ser um lugar onde se trabalha necessariamente o ambiente escolar, e este deve promover o exercício pleno das atividades construtivas do aluno em benefício da aprendizagem.
Por conseguinte, a avaliação tem sido considerada um dos entraves no processo avaliativo escolar, justamente porque alguns professores preferem dar ênfase aos êxitos mais do que solucionar os déficits da prática educativa. Assim, resulta num processo onde alunos são classificados como “bons’’ ou ‘‘maus’’ e a “nota” prevalece sendo a grande vilâ. Avaliar significa acompanhar o processo de aprendizagem ao mesmo tempo que promove os meios de minimizar as dificuldades no processo de aprendizagem. Isto é, deve-se valorizar os acertos, mas é preciso considerar os erros como um meio de encaminhar os avanços na aprendizagem de maneira clara, explícita e democrática de acordo com os objetivos estabelecidos no planejamento diário.
Dessa forma, o professor poderá contribuir de formas efetiva para que tanto os alunos mais habilidosos como os que têm mais dificuldades no processo de ensino possam ser acompanhado o desempenho de todos a fim de superar as dificuldades e desafios e poder avançarem. Percebe-se que para Meirieu (2005, p.194-196), a avaliação é um processo que continua sendo um desafio para os educadores, mas que poderá alcançar sucesso.
Desse modo, a avaliação deve partir da identificação do nível de aprendizagem real que cada aluno se encontra e o instrumento avaliativo deve ser acessível a todos os alunos de forma a obter-se dados reais de uma aprendizagem significativa.
Meirieu (2005, p.200-201), alerta para essa responsabilidade do educador neste contexto entendendo que a medida que o professor identifica o nível de aprendizagem que se encontra o aluno facilita acompanhá-lo melhor no sentido de incentivá-lo cada vez mais a prosseguir, deixando claro ao aluno que está disponível para auxiliá-lo sempre que for necessário. Esse apoio possibilita ao aluno compreender que pode fazer porque tem crédito, haja vista, que o professor nesse momento assumiu o papel de um aliado nessa empreitada.
Neste sentido, é preciso considerarmos que a Escola é o lugar das diferenças e querer homogeneizar é talvez irreal. A sala de aula é um ambiente diversificado e coletivo, é preciso assumir de fato a diversidade ali existente levando em conta as aquisições de uns e de outros reconhecer os métodos mais adequados para cada um aprender. Neste contexto, precisamos desenvolver a capacidade de alternar diferentes métodos ao longo do tempo, além de organizar tempos de trabalho individuais, nos quais o professor perceberá como cada um trabalha percebendo assim as dificuldades que encontra e as possíveis formas de ajudá-los.
Dessa forma, Meirieu (2005, p.202-204) apresenta uma temática da diferenciação pedagógica que não deverá ser baseada numa estrutura rígida. A sala de aula é um ambiente de trabalho que apresenta regularidades e referências que permite a cada um encontrar seu espaço. Além disso, deve ser um lugar “acolhedor”, seguro e aberto as inovações para que cada um possa explorar novos conhecimentos e aprender a pensar e tirar suas próprias conclusões.
Para o exercício pleno da cidadania pensar a democracia em sala de aula numa sociedade formada por leis que constituem um caminho que deve ser aceito por todos como um “bem comum” que transcede aos interesses individuais. Segundo o autor, defender a idéia de um ensino obrigatório e sistemático significa uma forma de mostrar na Escola o que é democracia, como se constrói e porque se impõe a todos.
Meirieu (2005, p.204-206) nos leva a compreender que é preciso mostrar em sala de aula que a lei não é um meio de homologar os comportamentos ou mesmo satisfazer os desejos individuais. A lei não é a solução para todos os problemas dos homens. No âmbito escolar deve deixar claro que a lei existe não apenas para punir, para proibir mas para proteger e lhe dá poder. Para o referido autor “ a lei numa sociedade democrática consiste em um conjunto de regras que se impõe aos membros dessa sociedade e expressa a maneira como aqueles que a compõem decidem reger sua vida em comum”.
Neste sentido, a Escola tem uma missão: mostrar a legitimidade democrática das leis da República e fazê-las respeitar, além de ajudar a compreender o processo de elaboração das leis e preparar os alunos a participar ativamente delas. É importante a Escola trabalhar a história crítica, dessa forma estará contribuindo para a formação do educando favorecendo o acesso a democracia.
Meirieu (2005, p.206-209), chama a atenção para um aspecto importante que está presente na educação. – A sanção. Essa sanção é uma forma de honrar a liberdade segundo o citado autor, é preciso enfatizar que a sanção tem um papel de interpelação: ela se dirige a liberdade, deve ser acompanhada da retenção que deixa transparecer a dúvida para dar uma oportunidade ao outro. Afinal de contas a sanção ao invés de excluir consiste em integrar o indivíduo e permitir a sua inclusão social e escolar.
Sabendo que a medida que o aluno transgride as regras estipuladas pelo regulamento da classe prejudica o andamento da aula e o planejamento do professor ao mesmo tempo que este se exclui. E a reintegração destes indivíduos é necessária para que o grupo assegure o êxito de todos, na realidade, as sanções evitam a exclusão. Sem dúvida, não há nenhuma vantagem em excluir quem já se excluiu, enfim, a sanção muitas vezes significa romper com os princípios da Escola e buscar a conivência dos efeitos ao invés da transformação destes alunos sem nenhuma representação de cidadania e integração social.
Portanto, é uma questão que remete aos princípios fundamentais da Escola e a sua gestão cotidiana, sem esquecer a exigência de uma coerência necessária baseada na construção dos princípios fundamentais da Escola.

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