sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A CONSTRUÇÃO HISTORIOGRAFICA

A construção historiográfica a partir de um lugar social, no sentido de que a pesquisa, tendo por base os documentos e as questões propostas sejam organizadas e submetidas as imposições ligadas aos privilégios e as particularidades. Sendo assim, é a partir desse lugar que se determinam os limites e os métodos de pesquisa a fim de atender os verdadeiros interesses. Entretanto, a produção historiográfica é partilhada entre a escrita e o conhecimento científico do pesquisador. Além disso, é fundamental a neutralidade do pesquisador.
O discurso assume uma posição neutra, numa forma de transformar-se numa maneira de defender o lugar. O não-dito é ao mesmo tempo o inconfessado dos textos que se tornaram pretextos, a exterioridade daquilo que se faz com relação àquilo que se diz, e a eliminação de um lugar ou de uma força que se articula numa linguagem. O lugar é determinante para se escrever sobre ele, uma vez que o historiador para escrever a história é preciso saber como funciona essa sociedade. Por isso, a natureza e a cultura são de fato fundamentais para a pesquisa. A operação historiográfica fabrica o historiador. Todo trabalho científico opera uma redistribuição do espaço e o estabelecimento das fontes através de uma ação instaurada por técnicas de transformação. E a utilização de técnicas atuais leva o historiador a separar o que é necessário ao seu trabalho, inclusive está ligado a construção de objetos de pesquisa e acumulação dos dados.
As particularidades existentes e a mutação do sentido ou do real na produção historiográfica e dos desvios significativos; a posição do particular como limite do pensamento e a composição de um lugar que instaura no presente a figura do passado e do presente e suas ambivalência.
De fato, a escrita histórica compõe um conjunto coerente que permanece influenciada pelas práticas sociais, assim, cria o passado.Deste ponto de vista, o acontecimento é visto como aquele que recorta a fim de obter-se uma inteligibilidade.A escrita também pode enterrar o passado, no sentido de que linguagem tem a função de reconstrução. A linguagem permite a uma prática de situar-se em relação ao seu outro, o passado. A historiografia efetua uma nova distribuição de práticas sistematizadas. O discurso histórico é uma representação privilegiada de uma ciência e do sujeito e das relações que um corpo social mantém com a sua linguagem.

Em História a arte de inventar o passado de autoria do Professor Durval Muniz de Albuquerque Júnior, apresenta aspectos da literalidade, da racionalidade, da crise do dado, dos eventos importantes da modernidade, a crise da História, o ato de conhecer o passado e o papel do historiador além da ciência e da arte.
A história não expressa somente dados sistemáticos, mas revela a racionalidade e uma finalidade. Entende-se que o conhecimento histórico na pós-modernidade é relativo as condições históricas não podendo utilizar os mesmos modelos, teorias e metodologias anteriores. Mas o saber histórico implica uma nova idéia de fazer história e os desdobramentos teórico-metodológico necessários.
O avanço tecnológico, a rapidez das informações têm produzido mudanças rápidas na sociedade do lucro, dando lugar as transformações nas relações de trabalho bem como, no sistema sócio-econômico. A escrita da História exige cada vez mais novos paradigmas no campo do saber. O conhecimento passa a ser considerado relevante para o mundo das experiências. A História é a arte de inventar novos mundos e de inventar o passado.
José Carlos Reis, considera o espírito da historiografia pós-moderna baseada nos recortes no todo social; apego à narrativa e à descrição densa em detrimento da explicação globalizante. Percebemos que essas idéias estão articuladas na concepção de Certeau.
Portanto, entendemos que para Certeau, toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção histórica e cultural. E é em função deste lugar que se estabelecem o método e uma série de documentos que se organizam.

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