domingo, 3 de janeiro de 2010

UMA ANÁLISE SOBRE AS FORMAS DE MARGINALIDADE SOCIAL EM ÁREAS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: O CASO DO BAIRRO DO PEDREGAL MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB

MARGINALIDADE SOCIAL

3.1 Metodologia

O estudo foi realizado no bairro do Pedregal, município de Campina Grande-PB. A pesquisa busca investigar à medida que a falta de escolaridade exigida para o mercado de trabalho influencia no processo de marginalização social, bem como as formas de marginalização ocorrida em virtude dos vários aspectos manifestados na sociedade. Além disso, procurou-se levantar variáveis referentes ao grupo familiar, à ocupação dos menores e de seus pais ou responsáveis, em relação à escolaridade, a fim de se obter uma descrição dos indivíduos.

3.1.1 População alvo

A população alvo deste estudo constitui-se de jovens e adolescentes entre 16-20 anos de idade.

3.1.2 Amostra

Foram selecionadas para amostra 423 pessoas que trabalham em diferentes ocupações, objetivando verificamos até que ponto o nível baixo de escolaridade contribui para o acirramento da marginalidade social nesta comunidade.

3.1.3 Características da área

Localizado na zona oeste do município de Campina Grande Estado da Paraíba, o bairro do Pedregal destaca-se como um dos mais carentes. O bairro é distribuído em quatro áreas: Pedregal I, II, III e IV. Surgiu por um processo marcado pela ocupação irregular do Loteamento Nossa Senhora de Fátima, podendo ser considerado pelo seu significado histórico, como umas das primeiras grandes áreas de conflito e de luta pela demanda da habitação no município.
A área ocupada é de particulares (proprietários diferentes). É provável ainda que tenha proprietário que ainda não sabe que seu terreno foi invadido. Antes de ser invadida esta área servia para plantio da cultura de macaxeira, batata, feijão e milho, pela característica tipográfica do terreno bastante irregular, acidentado e com muitas pedras originou-se o nome do bairro. A população do Pedregal cresceu de forma desordenada, aproximadamente em 30 anos são mais de 10.000 habitantes (CENSO 2000).

3.1.4 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa e quantitativa a fim de serem coletadas informações sobre as formas que têm promovido a exclusão social e, conseqüentemente, a marginalidade social principalmente entre os jovens e adolescentes entre 16-20 anos de idade. Assim, para realização deste estudo, foi necessária a aplicação de entrevistas para alcançar os objetivos propostos.
A partir da apresentação desses dados, através de tabelas simples procedeu-se à análise dos dados. Portanto, para a presente, foram utilizados os resultados das entrevistas com os moradores do bairro, revelando os aspectos referentes à escolaridade e às ocupações do grupo pesquisado. Realizou-se a coleta dos dados através dos instrumentos metodológicos relacionados acima. As observações possibilitaram o contato direto do pesquisador com o fenômeno observado de maneira sistematizada com o objetivo de obter os dados necessários para realização do presente estudo.

3.2 Aspectos Gerais

Os problemas sociais enfrentados no Brasil vêm marginalizando grande parte da população. A concepção de marginalidade desenvolveu-se, referindo-se principalmente a grupos sociais e não a indivíduos. (SCHNEIDER, 1987, p.24).
No Brasil, assim como os demais países da América Latina, a marginalidade começou a ser encarada tanto como problema teórico como prático, fundamentalmente após a Segunda Guerra Mundial. O ritmo acelerado de urbanização provocado em grande parte pelas migrações rurais-urbanas, fez com que as populações migrantes fossem se estabelecendo na periferia do corpo urbano das grandes cidades.
Geralmente, essas populações foram chegando e estabelecendo-se em pequenos núcleos, fora do raio urbano da cidade, sem que chamassem atenção para seu problema. Aos poucos, porém os deslocamentos da população foram aumentando e se transformando em verdadeiras invasões migratórias, à medida que decidiam tomar à força o espaço necessário para a sua moradia nos grandes centros urbanos.
Assim,foram formando-se habitações muito primitivas e pobres que, pela sua localização, geralmente 1a margem das grandes cidades, passaram a ser denominadas populações “marginais”. Desta forma, num primeiro momento, a marginalização trazia uma conotação nítida físico-espacial, isto é, considerava-se marginal toda a população urbana que morava na periferia. A precariedade das moradias era o problema que mais se tornava visível em tais conglomerados.
Vale ressaltar que a resposta dos políticos e dos técnicos em planejamento urbano para a marginalidade vista como problema ecológico foi a partir da construção das chamadas vilas populares, que visavam “desfavelar” as grandes cidades. Cedo, porém, deram-se conta do fracasso da medida, pois apesar do desfavelamento, as populações continuavam crescendo e proliferando-se pelas cidades. Esse fato abalou as convicções dos que acreditavam que a pobreza se restringia a um problema ecológico que devesse ser tratado urbanisticamente, pois indicava que essas populações eram despossuídas não tanto por sua localização físico-periférica, mas por fatores mais amplos, que se situam no âmbito do processo global de desenvolvimento de um país. (SCHNEIDER, 1987).
Por outro lado, de uma localização inicial às margens da zona urbana, esses habitantes pobres se localizaram posteriormente também em áreas centrais decadentes da cidade. Por outro lado, tornou-se flagrante que não apenas as moradias da população eram deficientes, mas toda uma série de condições sócio-econômicas e culturais que caracterizavam sua maneira de viver. A escassez de serviços urbanos, as más condições sanitárias, o baixo nível de renda e educação, a baixa qualificação profissional, o subemprego, o desemprego, a anomia, a desorganização familiar e a falta de participação social, entre muitos outros traços adotados para caracterizar a pobreza, foram associados à precariedade habitacional das populações carentes. Assim, de uma abordagem puramente ecológica passou-se a examinar e enfatizar a situação de vida dessas populações. Segundo o autor Quijano (1978), argumenta:

Como qualquer outra forma de marginalidade social radical setorial está determinada pelo caráter mesmo da estrutura básica da sociedade, o que constitui outro modo de indicar o sistema de dominação social. As características concretas dos elementos que configuram a situação concreta precisam ser explicadas, e isso só se torna possível por uma ampliação e aprofundamento do quadro de referência, a fim de se abarcar o conjunto de estrutura geral da sociedade. (QUIJANO, 1978, p.78)

Pode-se dizer que o crescimento da desigualdade social tem produzido muitos pobres. E como conseqüência da presente globalização da economia, promove-se, também, a acumulação da riqueza, sem que fosse distribuído benefício social para a melhoria da qualidade de vida da população.
A marginalização social tem representado fator evidente das péssimas condições econômicas da população menos favorecida. O índice de desemprego altíssimo no país ou mesmo do subemprego demonstra a precariedade de vida da maioria da população. O crescimento do número de favelas, conseqüentemente, o aumento significativo dos aglomerados populacionais ocorridos devido às migrações rurais vem multiplicar o número de despossuídos na sociedade, por isso, quando se aborda a questão da dominação social o fato se dá pela injusta distribuição da riqueza, o que implica a concentração de riquezas cada vez mais nas mãos da minoria, acirrando as injustiças e os problemas sociais na sociedade. Na realidade, o aprofundamento das desigualdades sociais, agravadas pelo processo contínuo de concentração de riquezas propicia a expansão e multiplicação da pobreza.
Entretanto, no que se refere à pobreza, pode-se dizer que é um conceito de caráter relativo, referindo-se à estrutura de vida, bem estar e de participação no cotidiano social, historicamente condicionado para cada sociedade. A pobreza, reconhecida de forma simplificada como uma condição de insuficiência de renda, é determinada, simultaneamente, pelo nível da renda familiar.A redução da pobreza, portanto, depende diretamente do crescimento econômico e da diminuição do grau de desigualdade. No Brasil, especificamente no Nordeste, a pobreza se revela como a manifestação extrema da desigualdade econômica e social, cujas raízes se fincam no processo histórico de nossa colonização e da dependência política e econômica a que fomos submetidos em passado recente.
Segundo IDEC (2000b), “as experiências de redução do nível de pobreza então associadas, a períodos de crescimento econômico, relegando-se a um plano secundário as alternativas de combate à desigualdade”. Na realidade, o Brasil é um país extremamente injusto e desigual, com muitos pobres. A sociedade brasileira não tem enfrentado problemas de escassez, absoluta ou relativa de recursos para erradicar o seu nível atual de miséria. A desigualdade é o principal fator determinante da pobreza. A desigualdade encontra-se na origem da pobreza, e combatê-la torna-se uma questão moral, de cidadania e justiça social. A erradicação da pobreza está intimamente ligada a políticas redistributivas compensatórias como a de renda mínima.
É comum atribuir-se à educação o papel de redentora de uma sociedade, capaz de corrigir as desigualdades existentes no âmbito econômico. A educação é encarada como um instrumento eficaz de a população menos favorecida melhorar sua situação econômica diminuindo assim as desigualdades. Segundo Cunha (1979), tal pressuposto é falso e fornece cinco razões para fundamentar a afirmativa. Pode-se dizer que as oportunidades de escolarização não são alcançadas por todos. Na realidade, o atendimento do sistema educacional é extremamente desigual entre as classes sociais, haja vista se verificar uma grande desigualdade na qualidade do ensino. A qualificação profissional constitui-se em produto da educação recebida, e se há desigualdade em termos de qualidade, não podemos dizer que existe igualdade de oportunidades para todos, mesmo quando propagamos o slogan de educação para todos. É preciso consideramos que as aptidões individuais não são características inatas; ao contrário são produto da educação associada as condições de vida no que se refere aos aspectos, psicológicos, socioeconômico e outros.
Observando a Tabela 1, prende-se a atenção na falta ou na pouca escolaridade dos jovens. Entre analfabetos e Ensino Fundamental, verifica-se o significativo percentual de 70,7%. No Ensino Fundamental II verificam-se apenas 15,8%. Também no que se refere aos que estavam cursando o Ensino Médio, constata-se um percentual muito baixo de 12,2% para aqueles matriculados no Ensino Superior só se constata 1,2% entre os 423 entrevistados. A necessidade que leva a maioria dos jovens e adolescentes a ingressar na força de trabalho, quando não estão qualificados ou ainda não concluíram a escolaridade desejada, é aliada outros fatores, um dos fatores diminui e até exclui suas possibilidades de escolarização, conforme Tabela 1.







DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO ESCOLARIDADE
NÍVEL DE ESCOLARIDADE JOVENS PERCENTUAL %
ANALFABETO 82 19,4%
FUND.INCOMPLETO 217 51,3%
FUND.COMPLETO 67 15,8%
ENS.MÉDIO 52 12,3%
ENS.SUPERIOR 05 1,2%
TOTAL 423 100%
FONTE: PESQUISA 2003

Percebe-se que 70,7% dos entrevistados abrangem os analfabetos e Ensino Fundamental incompleto; 15,8% refere-se aquele no ensino Fundamental completo, enquanto 12,2% dos jovens cursam ou cursaram o Ensino Médio e apenas 1,2% estão cursando algum curso de nível superior.

TABELA 2
DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO SITUAÇÃO OCUPACIONAL E IDADE
IDADE 16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS 19 ANOS 20 ANOS
TRABALHA 60 85 07 26 25
NÃO TRABALHA 51 58 02 27 31
NUNCA TRABALHOU 01 01 - 02 -
TOTAL 112 144 09 55 56
FONTE: Pesquisa 2003

Pode-se concluir que, a partir dos 17 anos, o maior número de menores trabalhando em detrimento daqueles que não trabalham. O fato destes menores terem de trabalhar com idade jovem constitui-se, provavelmente, num dos fatores condicionantes a que não tenham as mesmas oportunidades de escolarização de outros jovens da classe média e dominante, que nessa idade só se dedicam ao estudo, preocupando-se em ingressar na força de trabalho somente quando formados com a graduação do nível superior. O registro de maior número de jovens trabalhando com 17 anos de idade, imaginamos que a causa principal esteja ligada à transição entre os 16 e 18 anos.
TABELA 3
DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO O TIPO DE OCUPAÇÃO
TIPO DE OCUPAÇÃO IDADE
16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS 19 ANOS 20 ANOS
Ocupações manuais não-especializadas
52
61
04
23
21
Ocupações manuais especializadas
03
10
01
01
--
Ocupações não manuais de rotina
03
09
01
01
05
TOTAL 58 80 06 26 25
Fonte: Pesquisa 2003

Os dados da tabela 3 nos chamam atenção para os percentuais referentes às ocupações manuais não-especializadas, que de longe superam os percentuais referentes as outras categorias, em qualquer faixa etária. Verificamos assim, que além de ter de contribuir com a renda familiar muito cedo, os menores aqui estudados só conseguem inserir-se em ocupações do mais baixo nível socioeconômico. Das ocupações manuais não-especializadas exercidas pelos menores, destacaram-se as de vendedores ambulantes e de empregadas domésticas ambos com 11,8%, as de serventes ou ajudantes de pedreiro 10,8%, as de auxiliares de mecânico 7,2%, dos biscateiros 5,6% e outras tantas distribuídas por diferentes tipos de ocupações.
A grande maioria dos rapazes exerce uma gama de ocupações manuais não-especializada, como as antes referidas. No entanto, 11% exercem ocupações não manuais de rotina, como a de auxiliar de escritório e a de comerciário, balconista. São ocupações que exigem uma escolaridade de Ensino fundamental completo ou Ensino Médio. Nas ocupações especializadas, destacam-se as funções de ajudante de marceneiro e de ajudante de padeiro.
No que se refere ao sexo feminino, estavam exercendo ocupações manuais não-especializadas, além do que todas eram empregadas domésticas. O trabalho feminino, pois, constitui-se apenas numa extensão ou uma repetição do trabalho caseiro. O fato de que as meninas sejam educadas para o trabalho de dentro de casa ou quando trabalham fora, para trabalhar dentro de casa dos outros, ainda segue a divisão do trabalho concebida já no antigo Egito.
O trabalho realizado em casa é considerado como um prolongamento da própria condição fisiológica do sexo feminino, portanto, como função natural, por imposição divina. Sobre as mulheres que trabalham fora de casa, pesa sempre a suspeita de prostituição ou de serem conduzidas a ela pelo fato de sua atividade.
Veja-se a Tabela 4, abaixo:

TABELA 4
DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE OCUPAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
TIPOS DE OCUPAÇÃO QUANTIDADE
Ocupações não-especializadas 37
Ocupações manuais especializadas 62
Ocupações não manuais de rotina 15
Supervisão de trabalho manual 03
Posições mais baixas de supervisão de ocupações não-manuais
01
Profissões liberais, cargos de gerência. 02
TOTAL 120
Fonte: Pesquisa 2003

Pode-se observar pela Tabela 4 que 82,4% dos pais ou responsáveis dos menores registrados exercem trabalhos classificados entre ocupações manuais especializadas e não-especializadas. Entre estas últimas ocupações destacam-se as de operário não qualificado (5, 0 %), as de guarda (4,2%) as de lavador de carros ou carroceiro ambas com (2,5%) e outras como as de biscateiros, vendedor, ambulantes, jardineiro, verdureiro etc.
Pode-se constatar que a maior parte dessas ocupações representa níveis de remuneração muito baixas, e quase todas são ocupações de autônomos, por não conseguirem se inserir de forma efetiva na força de trabalho, os cidadãos são obrigados a recorrer a atividades de subemprego disfarçado.
Nas ocupações manuais especializadas, que engloba a maior parte dos pais ou responsáveis, uma grande parcela (15,8%) exerce as atividades de pedreiro. No entanto, tais ocupações são marcadas por uma flutuação e rotatividade muito grande de operários. Segundo Kowarick (1975), há também o setor da construção civil cuja dinâmica apóia-se numa situação, muitas vezes, marcada por sensíveis flutuações no emprego. Ainda nas ocupações manuais especializadas, registraram-se motorista, dono de mercearias e sapateiro. Um porcentual baixíssimo (2,5 % ) foi registrado nas ocupações de supervisão de trabalho manual, como o de mestre de obras. Segundo as ocupações não-manuais de rotina, a maior incidência recaiu sobre aqueles pais que eram funcionários públicos, secundados por aqueles que eram corretores de imóveis, entre outros. Em relação à posição mais baixa de supervisão de ocupações não manuais, registrou-se apenas 0.8% e nas profissões liberais, cargos de gerência etc., apenas 1,8%. À medida que as ocupações crescem em importância e em renumeração dos pais nessas ocupações.

DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE OCUPAÇÕES DAS MÃES OU RESPONSÁVEIS.
TIPOS DE OCUPAÇÃO QUANTIDADE
Ocupações manuais não-especializadas 80 72,8
Ocupações manuais especializadas 16 14,5
Ocupações manuais de rotina 12 10,9
Posições mais baixas de supervisão 1 0,9
Profissões liberais e assemelhadas 1 0,9
TOTAL 110 100,0
Fonte: Pesquisa 2003

Em relação às ocupações das mães, pode-se observar que quase ¾ delas exercem trabalhos na categoria de ocupações manuais não-especializadas, isto é, daqueles serviços mal remunerados. Assim sendo, obteve-se como resultado que 33,6% são empregadas domésticas; 16,4%, faxineiras; 10, 0 %, lavadeiras ; 7,3%, cozinheiras entre outras, como passadeiras de roupa, serventes, ou serviços gerais dentro do serviço público.
Pode-se verificar, ainda, que são todas as ocupações de mulheres que se viram forçadas a auxiliar no orçamento familiar, e por não terem formação profissional alguma, passaram a exercer fora de casa ocupações que nada mais são do que um prolongamento de seus afazeres domésticos.
Segundo Kowarick (1979), esses serviços que gravitam em torno das atividades domésticas, da nutrição, limpeza e vestuário são atividades que, em muitos casos, podem representar um rebaixamento do custo de reprodução da classe trabalhadora, pois o preço dos serviços prestados é inferior ao salário pago no setor empresarial.
O trabalho feminino resulta da crescente miséria do proletariado com a idéia de que ao mesmo tempo torna viável a emancipação da mulher. Na realidade, a mulher com trabalho remunerado passa por dupla exploração, uma sob o trabalho mal remunerado fora de casa e outra sob o trabalho não-remunerado de dentro de casa.
Entre as mulheres com ocupações manuais especializadas encontram-se 7,3% de costureiras, 1,8% enfermeiras e outras como zeladoras, cabeleireiras, donas de bancas de frutas, verduras etc. como costureira, as mulheres mais uma vez confirmam o exercício de uma das atividades milenarmente consideradas como também uma de suas funções. Já na antiguidade eram as mulheres que teciam nos teares e mais tarde passaram para as fábricas têxteis ou autonomamente à máquina de costura.
Esses dados confirmam mais uma vez que quanto mais as ocupações crescem em hierarquia de prestígio e, conseqüentemente, de remuneração, menor é o número de pais e mães registrados nestas condições. Além disso, o trabalho feminino localiza-se muito mais nas categorias das ocupações não-especializadas do que o trabalho masculino. Apesar de não terem sido possíveis informações sobre o nível de renda familiar, basicamente, registrou-se apenas um nível socioeconômico: o pobre.
Pode-se acrescentar, ainda , que, no bairro do Pedregal, as famílias se encontram em estado de miséria, com rendimentos iguais ou inferiores a ¼ do salário mínimo, outras famílias, incluídas as precedentes, se acham em estrita pobreza, com rendimentos iguais ou inferiores a meio salário mínimo. Além das famílias com rendimentos iguais ou inferiores a um salário mínimo cujo valor mensal tem sido demasiadamente baixo. No entanto, a pobreza é um fenômeno complexo, relacionado a vários tipos de carência, sendo difícil de ser definida.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos sobre as populações marginalizadas, ou seja, onde se cultiva uma cultura de pobreza, observamos quatro características distintas nesta sociedade nos seguintes aspectos: 1)ausência de participação e integração e efetiva dos pobres nas principais instituições da sociedade; 2) ao nível da comunidade observamos a existência de condições precárias de habitação; 3) no âmbito da família, os principais traços da cultura da pobreza são a ausência da infância como um estágio prolongado e protegido do ciclo vital, além da iniciação sexual precoce, uniões livres casamentos consensuais, ocorrência relativamente freqüente de abandono da esposa e filhos; 4) no nível do indivíduo, os principais traços são um forte sentimento de marginalidade, de desamparo de dependência, inferioridade e violência urbana.
Pode-se dizer, ainda, que a maioria dos menores estava exercendo ocupações manuais não-especializadas, isto é, aquelas ocupações de nível mais baixo. Observou-se, também em relação ao tipo de ocupações exercidas pelos pais dos menores entrevistados, que pouco mais da metade dos pais está exercendo ocupações manuais especializadas e, na base de 30%, ocupações manuais não-especializadas, quase ¾ das mães exercem ocupações manuais não especializadas.
No que diz respeito à escolaridade, constatou-se que mais da metade dos menores têm escolaridade de Ensino Fundamental incompleto, ao passo que praticamente 20% ainda eram analfabetos. De fato, pode-se concluir que se evidencia ou se delineia um quadro no qual a situação de marginalização serve como “moldura social”. Os tipos de ocupação exercida, as condições de residência, a falta de escolaridade, enfim, a situação socioeconômica em geral, levam a deduzir, através dos dados apresentados, que é nas camadas de poder socioeconômico mais baixo onde se situam aqueles que, marginalizados pelo seu modo de inserção no sistema produtivo, acabam marginalizando-se também em outras áreas. Portanto, a marginalidade segundo foi visto, é resultado do modo de inserção no sistema de produção capitalista dependente. A situação social concreta que foi analisada, isto é, a situação ocupacional dos menores e o tipo de ocupação dos mesmos e a de seus pais, mostrou que a maior parte se ocupa com atividades marginalizadas.
O atual contexto socioeconômico no qual o país está inserido, exige do governo e da sociedade uma atuação conjunta visando reduzir os problemas sociais. É fundamental o desenvolvimento de atividades de cunho social principalmente entre as comunidades mais carentes. É responsabilidade do Estado a reeducação da sociedade, o trabalho social tanto resgata o cidadão como sua cidadania, por isto é de grande relevância para o município contribuir para diminuir o índice da pobreza, daqueles que não tem qualquer amparo da sociedade.
Portanto, a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para tanto, é necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações podem ser exemplos disso.



REFERÊNCIAS

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DURKHEIM, Emile As regras do método sociológico 3 ed. São Paulo: Ed. Nacional 1963.

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HOFFMANN, H Desemprego e subemprego no Brasil. São Paulo: Ática, 1977.

KOWARICK, Lucio Capitalismo e marginalidade na América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.

NIEDELCOFF, Maria Teresa Uma Escola para o povo. São Paulo: Brasiliense, 1979.

MARX, Karl O capital. V.2. rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980

MATA, M. O Brasil tem futuro? São Paulo: Ática, 1979

PREBISCH, R. Dinâmica do Desenvolvimento da América Latina: Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.

QUINJANO, A O Notas sobre o conceito de marginalidade social. IN: PEREIRA, L, Populações marginais. São Paulo:Duas Cidades 1978.

SCHNEIDER, Leda Marginalidade e delinqüência Juvenil. São Paulo: Cortez, 1987

STOLCKE, Verena. Mulheres e Trabalho. In: ,HUMPHREY, John, et al. .Trabalho e dominação. [s/l].Estudos CEBRAP, 1980, v.26.

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