sábado, 16 de janeiro de 2010

OS ARGONAUTAS

OS ARCONAUTAS PORTUGUESES E O SEU VELO DE OURO
(SÉCULO XV-XVI).


• Navegação, comércio e conquista. É a bandeira manuelina. Houve navegação, guiada pelos instrumentos que mediam o sol e as estrelas. Comércio, desigual, com monopólio e presas. Conquistas nunca concluídas,da cidade, de territórios. Para não tomar a parte pelo todo não escolhemos o termo Descobrimento. O colonizador não de revê, em geral, no conhecimento e o ex-colonizado tem aversão ao termo descobrimentos.
• O termo civilizar é uma expressão que alguns gostariam de ver recuperado. O encontro de cultural permite aplacar as consciências sensíveis, mas esse envolveu confronte e também destruição de culturas.
• A expansão portuguesa dos séculos XV e XVIII envolveu milhares de navios de comercio e de guerra. A sua constituição e formas desiguais ficaram assinalados na galeria dos nomes.
• A caravela constitui por excelência da exploração e descobrimento do Atlântico. E também o navio próprio para levar e trazer informações. A caravela serviu também como navio de guerra.
• A expansão marítima dos portugueses e europeus promoveu em todos os mares combates e ferozes guerras marítimas. Os navios levaram aos portos mais distantes do globo o ribombar da artilharia.
• O grosso da população das naus da carreira da Índia era constituída por mareantes e militares e também por pequenos núcleos de mercadores profissionais e de religiosos. Os militares podiam ser marinheiros e os marinheiros soldados bem como os mercadores e os clérigos. Nos navios de menor tonelagem que cruzavam o Atlântico eram poucos os militares, mais os passageiros. Os navios dos argonautas portugueses necessitavam de bases, anseavam por terra. Para tratar das feridas, para satisfazer a forma física e sexual, para renovar os navios e os abastecimentos, para firmar os pés e reclinar a cabeça sem o balanço das ondas e a ameaça de corte pelas espadas inimigas, para ligar o ponto de chegada ao ponto de partida. Assim, a expansão portuguesa avançava marcando no espaço as bases e as fortalezas.
• Entretanto, ao longo do século XV, foram-se definindo os modelos que a expansão portuguesa iria desenvolver nos séculos XVI e XVII. O primeiro modelo encontrou na conquista e conservação de Ceuta e de outras praças marroquinas as linhas definidas. Em seguida com a colonização de Madeira e dos Açores. Inicialmente esta colonização assentou em terra livre com o só encargo do dízimo a Deus e organizada na pequena exploração camponesa ou na média com trabalho assalariado dos braceiros e a introdução do trabalho escravo.
• O terceiro caminho definiu-se com o estabelecimento da feitoria. A reserva de navegar, conquistar, comerciar é instituída em regime de monopólio henriquino-régio. No essencial, o monopólio garantia a cobrança do quinto das mercadorias pela ordem de Cristo, de que o infante era o governador, e reservava a navegação e o comércio para essa área do globo para aqueles a quem,mediante contra partida materiais, fosse dada licença, em primeiro lugar aos escudeiros e mercadores ligados à casa senhorial henriquina.
• As descobertas marítimas, o devassar das estradas líquidas dos mares e dos rios tornavam a terra finita, destapavam-lhe o corpo todo, revelavam aos europeus novos povos, novos climas, novos cultos, novas técnicas, novas plantas, novos animais, novas estrelas e muito ouro, planta, pedras preciosas, pimenta e canela, têxteis, porcelanas da china.
• As navegações crescem as receitas do Estado e as dos particulares e desenvolvem-se as forças produtivas. Os cereais tornaram-se um dos maiores negócios do século. A expansão portuguesa tem fome de cobre usado na artilharia, nas moedas e nos sinos das novas e velhas igrejas.
• No Brasil, os particulares desempenharam um papel decisivo. Duarte Coelho investiu em Pernambuco capitais adquiridos na zona de Malaca e nos mares da china. Fernando de Noronha e outros cristãos novos multiplicaram o seu capital com o comércio em exclusivo do pau-brasil e a exportação em grande escala de escravos negros para a América Espanhola e o Brasil. A febre da riqueza consomia largos estreitos da sociedade. A Igreja está muito preocupada com a ortodoxia e com a riqueza e o poder dos mercados portugueses. O alto clero e os fidalgos pretendiam reservar para si a direção da sociedade.



COELHO, Antonio Borges. Os Argonautas Portugueses e o seu velo de Ouro (Século XV-XVI) In: TENGARINHA, José (org) Bauru; SP: EDUSC, Inst: tuto Camões, 2000. p. 57-74.

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