sábado, 16 de janeiro de 2010

A HISTORIA CONTINUA...

A HISTORIA CONTINUA…

A obra de Georges Duby: “a História Contínua”, destaca vários aspectos importantes. Inicialmente as abordagens estão voltadas a história do autor enquanto professor cuja preocupação estava basicamente voltada para a tese de doutorado. Entretanto, o problema a princípio reside na escolha do tema, aspecto ou elemento fundamental para realização de qualquer pesquisa. Nesse sentido no primeiro momento ele trata dos fatores relacionados a pesquisa histórica. O objeto de estudo é destacado como um dos elementos de suma importância para o desenvolvimento de uma pesquisa.
Ainda enfatiza as questões referentes ao levantamento de dados, a seleção dos conteúdos para construção do trabalho a ser realizado. Vale salientar que a investigação é algo constante na vida deste historiador uma vez que busca encontrar respostas para seus questionamentos.
Pode-se dizer que a investigação e a qualidade da produção depende dos documentos disponíveis para o êxito da pesquisa.
O historiador busca uma realidade concreta, no entanto, o que dificulta muitas vezes são os recursos materiais, haja visto que é comum nos casos de pesquisa o pesquisador depara-se com dados consistentes e muitas vezes com fontes menos confiáveis. O autor apresenta a grosso moda a história do pesquisador e o caminho percorrido pelo historiador na busca de encontrar elementos para construção de uma verdade.
Em seguida mostra o direcionamento da pesquisa histórica, o caminhar depende das informações, ou seja das fontes materiais que se pode encontrar. É possível dizer que as ferramentas do historiador não diferem muito de outras profissões; na realidade a pesquisa possibilita aprofundar conhecimentos, analisar, criticar e rever as fontes que seja documentais, depoimentos orais, textos enciclopédicos, etc, podendo utilizar-se dos fichamentos e resumos. Sendo assim leituras e releituras vão delineando as idéias, possibilitando a realização do trabalho. O ofício de historiador requer muito trabalho de pesquisa, paciência e determinação, haja visto que ao longo do tempo dia após dia cuidadosamente o estudo ganha corpo passa por um processo de transformação identifica-se os materiais para montagem do corpo material do trabalho para obtenção do esboço do projeto necessário para o resgate da história pelo historiador.
O autor afirma que, o historiador ao perscrutar suas fontes, deve ser neutro o mais que puder. No entanto, é difícil tornar-se indiferente diante dos fatos ou acontecimentos que nos causa impacto, uma vez que o ser humano não é um ser inerte. No entanto, é necessário observar com um olhar crítico, não descartar nada, mas tomar o cuidado de considerar os dados valorizando de acordo com sua especificidade. Ainda destaca a importância do senso crítico a imaginação do leitor, a subjetividade dos fatos. Não se trata apenas de contar os fatos, mas subjetivar os mesmos, pensar a mentalidade da época, os costumes, a cultura estabelecida, os aspectos influenciadores para construção ou reconstrução desta verdade.
Desse modo o historiador deve preocupar-se tanto pelos fatos como pelas relações existentes na sociedade. É importante para o autor levar em consideração a sensibilidade humana desvia-se de uma história fria, seca ou impassível, mas deve ser verdadeira. É fundamental abordar livremente os conteúdos de todos os documentos investigados sem distorcer a verdade. O historiador deve sim investigar livremente e aborda-los na integra priorizando pela verdade. Ou seja, o historiador empenha-se em confirmar em esclarecer os testemunhos, em não desnatura-los. Nesse sentido, se dá a reconstrução da história através dos elementos necessários para a formação e produção da história concreta e verdadeira possibilitando desvendar tanto os caminhos percorridos pela humanidade como os vivenciados pelas sociedades.
Percebe-se que para o autor não basta expor os fatos mas ver com os olhos desses autores, racionalmente, renunciando a busca da história da objetividade total. Além disso, não é possível acreditar na objetividade do historiador. Ela banca um desafio para os historiadores perceber as relações, classificar a se interrogar sobre o que pensavam determinada sociedade, sobre o que os levava a se comportarem uns com os outros desta ou daquela maneira. O estudo das sociedades do passado limita-se a fatores materiais, a produção, técnicas, no entanto, é preciso ir mais além, compreender as idéias que comandam a realidade de forma imperativa a organização e o destino da humanidade.
Ainda ressalta a importância depositada na escolha do orientador considera necessário que exista um elo de harmonia entre orientador e orientando que este transmite confiança, respeito, paciência e profissionalismo além de não esquecer a competência do profissional.
O estudo das estruturas medievais materiais enfatizadas pelo autor avança em direção as mentalidades ao pensamento das sociedades humanas. Tal imaginação em seu sentido amplo só existe na imaginação. Quando o autor descreve sua trajetória historia na produção da tese de doutorado considera que a mesma requer muito esforço obrigando-0 a tornar-se solitário já que o trabalho exige perseverança, tempo e dedicação.
Assim, destaca que ao longo de toda sua vida de pesquisa conviveu com o problema: qual seria a função da arte? Este livro conseguiu transforma-lo e liberta-lo em todos os sentidos. A experiência com a obra artística difere das experiências anteriores. Uma vez que o historiador tem como material: inventários, testemunhos, fontes escritas etc. Por outro lado, ao mostrar suas dúvidas e expectativas revela sua própria cultura, suas esperanças, seus temores, a maneira como pensa o mundo e a si mesmo. O interessante nesta obra é que o autor utiliza-se do fato como de um elemento revelador, utilizando-se das falas. Quando aprofunda um estudo avança deliberadamente em direção a outras formas que só existem no pensamento.
Em relação às viagens realizadas o autor penetra em sociedades cuja evolução se dera em outras formas e que ainda não haviam sido tocadas pela modernidade, mas superficialmente. Quando refere-se a honrarias considera um grave perigo quando os livros tornam-se produtos de amplo consumo, mercadorias lançadas com grande apoio publicitário, transformando os autores em estrelas e isso é perigoso. O autor se preocupa com a qualidade das produções artísticas desenvolvidas pela televisão, principalmente aquelas referente a um passado mais distante. Haja visto que os detalhes, as informações devem ser minuciosamente estudadas para não cair no erro, nas influências ou informações menos confiáveis. A lembrança, o jogo de memória e do esquecimento, e o particular só interessa quando informa o coletivo, o ideal, e os valores. Ainda diz ser necessário elevar o nível cultural da população preservar os valores selecionando para não ocorrer ao achatamento. Sendo assim, o autor mostra que a história ensina que uma civilização comece a desmoronar quando um sistema educacional se degrada. Se por um lado, a educação norteia a vida de todos os indivíduos representa o elo cultural que passa de geração em geração. Assim, a transição do feudalismo para o capitalismo gerou a ultrapassagem dos valores culturais, por isso, influenciou e influencia o pensamento marxista exercendo forte influencia sobre o modo de reflexão do passado. Em toda sociedade, é grande a distância entre o que os moralistas exortam a fazer, o que os códigos obrigam a fazer e o que as pessoas efetivamente fazem especialmente no terreno das relações sociais. A historia a respeito do comportamento das mulheres na Idade Média foram obtidos através dos homens depoimentos distorcidos deformados dos homens, uma vez que a maioria foram contados pelos homens da igreja. Ao fazer do testemunho objeto principal de suas pesquisas determina-se o deslocamento do ângulo de abordagens e a necessidade de adaptar os métodos de análise e crítica da História.
REFERENCIA:
DUBY, Georges, A história contínua. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. UFRJ, 1993.

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