sábado, 16 de janeiro de 2010

O IMPÉRIO DA VIOLÊNCIA

O IMPÉRIO DA VIOLÊNCIA


As cenas de violência nos dias atuais são comuns e tem sido considerada normal no cotidiano da vida urbana tornando-se algo banal. Entretanto, surgem novos tipos de violência que seja: física ou a subtração de um bem, de um objeto. Por outro lado, vale ressaltar que os delitos são praticados principalmente por menores numa forma explícita de descaso dos órgãos competente e da fragilidade da lei vigente no país.
A criação da FEBEM – Fundação do Bem Estar ao Menor tem a função de promover a re-socialização do menor. Segundo Souza (1988) com muita propriedade enfatiza a violência em suas várias dimensões tanto no que se refere a prática de roubos com a questão da droga, dos entorpecentes, dos crimes e assassinatos cometidos.
Por isso, acrescenta:


A violência tem escritório de compra e venda, onde produtos são oferecidos e adquiridos. (...) a mesma coisa acontece com as drogas: alguém usa, alguém compra, alguém vende. Uma lei de oferta e da procura, e que possui um canal direto com a violência, embora muitos dos adeptos da droga façam de tudo para descrever o seu mundo como um mundo de felicidade e alegria. (SOUZA, 1988, p.15).


Na realidade no mundo do tráfico não existe amostra grátis, e aquele que precisa se torna dependente passando a sentir a necessidade física e psíquica da droga acaba cometendo pequenos furtos, a partir da própria residência ou aliando-se ao tráfico para garantir a sua parte. O mundo da droga é um mundo que para aqueles que não conhecem cedo ou tarde a dependência acaba se encontrando com a violência.
A insensibilidade consiste em um sintoma presente na sociedade. Assim, a legislação pune com mais rigor as pessoas condenadas por crimes de furtos ou roubos mais do que a um assassino. Outro tipo de insensibilidade que acontece contra as pessoas processadas por cometerem agressões, graves, leves, nada significa diante do número de mortos, mutilados e portadores de ferimentos provocados por acidentes de trânsito. O automóvel transformou-se em uma arma, um símbolo de violência uma vez que tem sido utilizada com mais intensidade de irresponsabilidade e impunidade.
A violência tende a ampliar suas fronteiras e seus domínios. No entanto, a sociedade só é o que é porque nós a construímos desse modo. Sendo assim, ainda acrescenta: “Foi assim que cresceram os muros, os esquemas de proteção, alterando completamente a arquitetura das cidades. As grades nas janelas tornaram-se obrigatórias, os cacos de vidros tomaram conta dos muros, os alarmes estão por toda parte.” ( SOUZA, 19988, p.17)
Esses comportamentos foram construídos a partir da violência reproduzida na sociedade e pela sociedade. Dessa forma, as pessoas reproduzem gestos automáticos no sentido de proteger seus bens, as pessoas que amam e os objetos que possuem. Não podemos modificar o fenômeno da violência de uma hora para outra, uma vez que seus efeitos são conseqüências das causas e fatores.
Existe uma relação direta entre frustração e agressão, como também entre a necessidade e o crime, ligação direta entre a miséria e a marginalidade misturando causas e fatores. “ É por isso que a violência existe não só na criminalidade, mas em toda parte. De qualquer forma, na parte mais visível da criminalidade nos deparamos com um círculo vicioso. É o círculo, que possui prisioneiros, que envolve os menores de um lado e os presídios de outro. ” (SOUZA, 1988. p.27)
A sociedade entende que a prisão cumpra o papel de reeducar, mas como educar aqueles que nunca foram educados.Paradoxalmente a prisão se transformou numa espécie de mãe e os presos em seus filhos. Nesse contexto,. A mãe-prisão segundo Souza (1988), considera aquela que constrói-se em um mundo fechado, com regras, linguagens e conceitos próprios. Ou seja, possui um código de ética particular. Nesse sentido, é necessário compreender as mazelas sociais,ocasionadas pelo desemprego, abandono de crianças sem moradia, sem perspectiva o que favorece a formação de grupos de marginais.
Percebe-se que os problemas sociais não são levados a sério pelas autoridades constituídas, mas tem sido medidas paliativas que não resolvem provocando assim a multiplicação da violência.para Souza (1988, p.21), é necessário seguir alguns caminhos em primeiro reduzir os índices de violência a fim de possibilitar um certo grau de segurança e de vida razoável a todos os cidadãos. Em segundo, reeducar os cidadãos de formas adequada, visto que os presídios tem significado depósito de seres humanos, tornou-se uma escola de criminalidade contrário aos objetivos desejados que seria a regeneração do indivíduo para a sociedade. Em terceiro, a lei deve ser cumprida sem deixar espaço para a omissão. Em quarto, é necessário encarar de frente a questão dos menores, tratar o problema desde suas raízes e não de forma superficial.
Em quinto, a sociedade despreza essas informações e usa as muralhas das prisões não como fatores de segurança, mas de maneira significativamente simbólica, mas não ver o que se passa atrás dela. Afasta o criminoso da sociedade, mas as causas continuam agindo, provocando ações e comportamentos criminosos. Em sexto, a questão da violência não se resume ao aumento do corpo efetivo de policiais. É fundamental evitar que as carências da população transformem-se em focos de criminalidade; não permitir que o menor abandonado seja corrompido por adultos para iniciar uma vida criminosa; possibilitar a inclusão dos indivíduos que havia ajustado suas contas com a sociedade, assim evitaria a reincidência dos criminosos.
Segundo Souza considera,


A insensibilidade que vai tomando conta de nós, como violência em metástase, leva a situações que poderiam até ser vistas como curiosas, se não fossem absurdas: existe um tipo de violência que é considerado legal, aceitável, tolerável, admissível, até mesmo necessário. (SOUZA, 1988 p. 34)


Entende-se que a violência é vista por um só ângulo, seja o roubo que justifica a criminalidade, que somente as pessoas menos favorecidas sejam criminosos. A criminalidade é vista como causa e não como efeito do descaso da sociedade. É preciso compreender que não se mudam comportamentos através de uma prisão. Não existe medicações contra a miséria, a injustiça e a violência em geral, mas é preciso melhores condições de vida social para todos e assim poderá ser extirpado a violência.
Enfim, de acordo com Souza (1988, p. 59), a questão da violência tem implicações diretas e imediatas para a vida cotidiana e a maneira pela qual é enfrentada terá conseqüências sérias quanto às próprias possibilidades de transformações mais aprofundada da realidade. Entretanto, as fontes que geram as múltiplas formas de criminalidade são consideradas causas efetivas e continuam em plena produção.
REFERENCIA:
SOUZA, Percival de O império da violência São Paulo: Ícone, 1988 pp.11-61.

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