sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Metodologia do Ensino de História

Metodologia do Ensino de História



Os conceitos históricos somente podem ser entendidos na sua historicidade. Isso quer dizer que os conceitos criados para explicar certas realidades históricas têm seu significado voltado para essas realidades, não sendo possível empregá-los indistintamente para toda e qualquer situação semelhante. Dessa forma, os conceitos, quando tomados em sua acepção mais ampla, não podem ser utilizados como modelos, mas apenas como indicadores de expectativas analíticas. Ajudam-nos e facilitam o trabalho a ser realizado no processo de conhecimento, na indagação das fontes e na compreensão de realidades históricas específicas. Não percebemos articulações consistentes entre os conceitos como, por exemplo, relacionados a mudança na prática pedagógica no universo escolar pesquisado. Importa transformar o debate sobre as propostas de ensino em oportunidade de aprofundamento da reflexão crítica sobre os novos caminhos de preparação de professores comprometidos com a construção da qualidade escolar, como direito social básico.
Percebemos que o ensino ainda está “preso” ao conteúdo do livro didático sem nenhuma reflexão porque pelas falas dos docentes constatamos que não existe o exercício prático da História crítica. Sabemos que o livro didático é uma ferramenta importante, mas os conteúdos não devem ser vistos de forma pronta e acabada para a busca de caminhos possíveis a aquisição de novos conhecimentos. No entanto, ele pode auxiliar, inclusive na procura de outras fontes e experiências para complementar o trabalho em sala de aula.
Em relação ao universo escolar pesquisado podemos dizer que, considerando a primeira fase da investigação o primeiro contato com os docentes na escola, este se constituiu em uma cuidadosa entrevista com os professores de história, no sentido de perceber as possibilidades de ensino, interesse profissional, as motivações, incentivos e por fim as condições de ensino. Em seguida, passamos a analisar as expectativas dos professores em relação a prática pedagógica, além de solicitarmos que respondessem um questionário-entrevista para assim, identificarmos as dificuldades maiores dos professores.
Atualmente, o contexto educacional contemporâneo exige cada vez mais, professores capazes de suscitar nos alunos experiências pedagógicas significativas, diversificadas e alinhadas com a sociedade em que estão inseridas. Nessa perspectiva, os materiais de ensino, e em particular o livro didático, têm papel relevante. Além disso, as políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de ensino devem levar em conta o compromisso com a melhoria e a ampliação dos recursos didáticos disponíveis para o trabalho docente e para o efetivo apoio ao desenvolvimento intelectual do aluno.
Dessa forma, é fundamental para a construção de uma sociedade cidadã, que o professor aborde criticamente as questões sobre sexo e gênero, de relações étnico-raciais e de classes sociais, denunciando toda forma de violência na sociedade e promovendo positivamente as minorias sociais dentre outras. No que se refere a utilização de novas metodologias de ensino percebemos os múltiplos papéis, entre os quais se destacam favorecer a ampliação dos conhecimentos adquiridos ao longo do ensino, oferecendo informações capazes de contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, o que implica a capacidade de buscar novos conhecimentos de forma autônoma e reflexiva.
Como a problematização da relação entre passado e presente é um ponto importante no ensino de história. Cabe ao professor fortalecer seu trabalho cotidiano buscando adotar elementos que possam dialogar permanentemente com os saberes discentes. O professor deverá encontrar alternativas e estratégias que permitam aproveitar situações do presente capazes de estimular a interação mediadora entre os alunos. Além disso, o professor deverá estar atento ao uso de expressões e adjetivos que possam conduzir o aluno à formação de juízos de valor infundados. É importante fugir do caráter excessivamente formalista do texto didático e destacar, para os alunos, a disparidade de tratamento que se verifica entre texto e exercícios.
Por isso, é necessário que o ensino de História seja revalorizado e que os professores dessa disciplina conscientizem-se de sua responsabilidade social perante os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreendê-los. Um professor mal preparado e desmotivado não consegue dar boas aulas nem com o melhor dos livros, ao passo que um bom professor pode até aproveitar-se de um livro com falhas para corrigi-las e desenvolver o velho e bom espírito crítico entre seus alunos.
Lamentavelmente o que talvez falte nos docentes nesse universo investigado mesmo que rapidamente, seja justamente um professor que saiba aproveitar de todos os recursos disponíveis para melhorar suas aulas. Mais do que o livro, o professor precisa ter conteúdo. Cultura. È inadmissível um professor que não lê. Se o professor não tem tempo, geralmente essa é uma das constantes desculpas dadas pelos professores para “justificar” ou disfarçar o mau desempenho profissional. E o pior às vezes o aluno é considerado o vilão da História, ele é que não gosta de estudar, e o professor se põe na cadeira de vítima. Mas até que o ponto isso é realmente correto? Se o tempo é curto, se as condições de trabalho são precárias, se o salário é baixo, se o Estado não cumpre a sua parte, é preciso discutir tudo isso nas esferas competentes e lutar para melhorar a situação dos docentes, em vez de usar isso tudo como desculpa para a falta de empenho pessoal. É importante adquirir conhecimento, entrar em contato com uma bibliografia atualizada, conhecer novas linhas de pensamento e discutir com os colegas estratégias para melhor operacionalizar nas salas de aula o patrimônio cultural e histórico.
Entendemos que a falta de motivação ou criatividade dos professores talvez seja porque muitos não têm conhecimento sobre o universo sócio-cultural do seu aluno, sua maneira de falar, seus valores e suas aspirações. O professor pode realizar um trabalho bem junto aos seus alunos quando desenvolver uma linguagem acessível, diga-se de passagem, que linguagem acessível não é sinônimo de banalização. E assim, é fundamental que o professor tenha claro o quê e como ensinar. Portanto, as aulas de História criticada porque são geralmente permeadas pelo passado, mas isso não deveria ser um problema, o passado deve ser interrogado a partir de questões que nos inquietam no presente (caso contrário, estudá-lo fica sem sentido), é por isso, que os professores enfatizaram que: “os alunos não valorizam a disciplina, não prestam atenção”. Entretanto, podemos afirmar que as aulas de História podem ser muito melhores se os professores conseguirem estabelecer um duplo compromisso com o passado e o presente.
Portanto, a metodologia no ensino constitui-se um dos elementos importantes para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, no entanto, na prática a sala de aula não tem sido um lugar significativo para a aprendizagem. Verificamos que os docentes acabam se tornando veículos do preconceito e da segregação de muitos. Permanecem os discursos repetitivos, configurando o conformismo, a acomodação, o desinteresse profissional, enfim o mesmismo. Por isso, entendemos que estes estão contribuindo para a reprodução de práticas pedagógicas desprezíveis. Nesse sentido, além dessas questões estruturais, há alguns vícios marcantes na prática do ensino de História, ora muito disseminada pelos professores ao longo dos anos, isto é, o ensino de História se reduz ainda na escola da narrativa de fatos, datação de acontecimentos, sem reflexão ou senso crítico, o que contribui para a queda da qualidade do ensino em geral, mas que afetam de forma particular as aulas de História. Significa dizer que as novas metodologias de ensino e linguagens não são vivenciadas de forma adequada pelos docentes nesse universo escolar.

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