sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

PRESERVAÇÃO VERSUS CONSERVAÇÃO

PRESERVAÇÃO VERSUS CONSERVAÇÃO


A escola continua sendo considerada imprescindível para a formação e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, constitui-se o grande sustentáculo da sociedade bem como responsável pela construção da cidadania, do desenvolvimento tecnológico e da expansão da economia.
No que se refere a educação e a instituição escolar, pode-se dizer que as mudanças de paradigmas na educação tende a modificar a instituição escolar conseqüentemente a sociedade que tende a colocar os indivíduos em conexões cada vez mais extensas e horizontalizadas e que acelera o tempo das aprendizagens.
A escola enfrenta obstáculos diante das demandas e necessidades desse sujeito contemporâneo. O ritmo acelerado imputado ao mundo e a vida de todos não podem esperar uma escola organizada sob ritmos cadenciados fincada num tempo e num espaço. Por isso, a internet viabiliza o acesso aos conhecimentos imediatamente, considerado necessário a informação dos indivíduos, não se pode esperar pelos morosos conhecimentos escolares para atualização dos saberes.
De fato, presencia-se a era da instantaneidade, da supercialidade e do consumismo exagerado. Sem dúvida esses aspectos também estão relacionados com o plano intelectual, por isso, os alunos preferem a internet ao invés dos livros.
A escola enquanto organização educacional opera, dita normas, objetivos e práticas institucionalizadoras. A educação continua sendo a grande aliada do Estado e das exigências da economia e da sociedade capitalista contemporânea. O mercado consumidor precisa de uma produção para atender as necessidades de um consumidor refinado, instruído e capaz de acompanhar as transformações tecnológicas. Vale salientar que o grande descompasso entre a escola e a educação inclui as práticas pedagógicas defasadas que não conseguem responder as demandas da sociedade.

Subjetivações destrutivas: a questão da violência

A questão da violência é um assunto que vem chamando a atenção de todas as sociedades. No âmbito microssocial destaca-se a violência doméstica. Na visão macrossocial e política a operação norte-americana impondo sua força, seus interesses.É notório de que a violência abrange todos os planos da vida humana.
Percebe-se que a escola como instituição sofre uma violência dirigida, concentrada num mesmo lugar através de um potencial humano explosivo e o declínio do espírito de grupo. A sociedade baseada nas leis neotribalista consiste em relações de comunidade emocional e não racional, a exemplo: os encontros afetivos provisórios: o ficar dos adolescentes sem vínculos duradouros.
Entende-se que a instituição escolar tem responsabilizado o professor a fim de resolver as questões mal resolvidas da sociedade. Assim insiste em adotar a figura do líder nas relações verticais (com a hierarquização dos papéis e funções sociais), na centralização do comando e do poder repassando especificamente para o professor uma função clássica de liderança num momento em que nem a família é capaz de resolver.
Assim, o descontrole da violência tem sido um forte foco de temor na sociedade como um todo, de maneira que produz também o medo social. Nesse sentido, a agressividade estará a serviço da violência propriamente dita sendo utilizada para a imposição pela força ou coação de uma vontade soberana e opressora. Sem esquecer que muitas vezes em prol da defesa do cidadão, ou seja, nos casos onde é necessária a ação da polícia a fim de manter a ordem, se dá a manifestação do caráter político.
No âmbito escolar é necessário interromper os conflitos, as intolerâncias, a agressividade e as condutas violentas, incorporando elementos do neotribalismo ou re-ensinar formas de viver bem, o prazer de estar junto.

ÉTICA, (In) DISCIPLINA E RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

É notório a (in) disciplina nas escolas cada vez maior tanto em relação a regras impostas ou construídas democraticamente. Vale salientar que a violência muitas vezes não é sinônimo de indisciplina, porém, a indisciplina em determinadas ocasiões é ética segundo a regra, ou a ordem pré-determinada em cada instituição que seja no âmbito militar ou civil. No entanto, a violência é antiética mesmo quando for no caso de cumprimento da moral.
Sendo assim, a moral com um conjunto de regras e valores que têm por função regular as relações entre as pessoas numa dada sociedade. Neste sentido, a moral tem o caráter de garantir a vida societária.
De fato, é fundamental tentar conscientizar as crianças, os adolescentes e a comunidade em geral de sua responsabilidade em relação também a preservação da escola, uma vez que lhes pertence. Assim, a conscientização da comunidade acerca do fato de que a instituição escolar é pública só é possível com a democratização das relações escolares. Isto remete a necessidade de mudança do tipo de relação interindividual estabelecida sempre de maneira coercitiva. Sendo assim, a escola deve necessariamente preparar-se para receber o aluno e não o oposto. É fundamental a formação do profissional o que contribui para uma visão diferente do aluno.
Percebe-se que a indisciplina está relacionada ao fato de que os alunos não concordam com a maneira como os professores têm transmitido o conhecimento. É importante articular os conteúdos escolares a realidade do aluno.
Sem dúvida, deve-se levar em consideração que alguns alunos tidos como indisciplinados pode estar ligado a falta de aquisição de valores morais públicos em sua personalidade, ou seja, sem limites morais insuficientes.
Por outro lado, é necessário combater a impunidade e o aumento da violência, outrossim, pode-se dizer que a indisciplina está também relacionada com a falta de punição. A incapacidade de a escola romper com os atos de vandalismo, indisciplina e a violência, haja vista que a sociedade vem tratando desse fenômeno lamentavelmente como algo banal.
E o pior, os meios de comunicação de massa tem contribuído para a banalização deste fenômeno, de maneira a deixar claro a incapacidade do diálogo entre os indivíduos. No entanto, pode-se combater a indisciplina superando dentre outros a impunidade, a falta de limites e dos valores éticos e morais na sociedade.
De fato, para o desenvolvimento dos indivíduos destaca-se a interação social que compreende além do processo de escolarização, a necessidade de se estabelecer relações interpessoais vitais para a ocorrência do desenvolvimento moral (social) e conseqüentemente a apresentação de condutas disciplinadas.
Vale salientar que Piaget (1954) não aceita a idéia de que a produção de comportamentos morais na sociedade ocorra apenas a partir do indivíduo, mas depende sobretudo de um conjunto de ralações interindividuais. Portanto, numa sociedade pautada nos valores e ideais democráticos, na escola a relação professor-aluno pode desempenhar tanto no equacionamento da disciplina quanto para a transformação de todos os cidadãos. Sobretudo, é necessário buscar efetivamente cultivar os valores éticos: o respeito-mútuo, justiça e a compreensão através do diálogo.

REFERENCIA
LA TAILLE, Yves de Indisciplina/disciplina: ética e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2005.

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