quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NOVAS POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

NOVAS POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

As HQs como se conhecem hoje são frutos do jornalismo moderno. Na última década do século XIX. Joseph Oulitzer e William Randolph Hearst, os mais poderosos proprietários de cadeias de jornais nos Estados Unidos, brigavam pela conquista de um público maior. Para atraírem uma massa semi-alfabetizada e também os imigrantes, que tinham dificuldades com o inglês, criaram os suplementos dominicais.
A grande parte do material destes Sundays era formada por narrativas figuradas, bem ao estilo europeu. Fou num destes suplementos que surgiu, em 1895, o personagem de Richard Outcault. The Yellow Kid (O garoto Amarelo). No princípio a figura fazia parte de um painel maior. O sucesso levou Outcault a produzir algum material semanal com The Yellow Kid, onde existiam pequenas histórias distribuídas em quatro ou mais imagens. Em, certos momentos, o garoto amarelo falava em ballons. estava lançada a moda. Não havia mais textos ao pé das imagens. Pouco depois da virada do século, as imagens já existiam tanto diariamente, como em páginas dominicais. Todas eram narrativas alegres, com situações cômicas, daí o nome como até hoje são chamados os quadrinhos nos Estados Unidos, Comic.
No Brasil, embora a tradição da narrativa figurada existisse em nosso país desde o final do século passado, quadrinhos mesmo só foram surgir em 1905, com a publicação da revista infantil O Tico-Tico. O personagem mais apreciado era Chiquinho, cópia descarada do buster Brown, criado pelo norte-americano R.F.Outcault.
Em O Tico-Tico, por muitos anos a única publicação dedicada somente às crianças, formou-se uma geração de quadrinhistas como Alfred e Osvaldo Storni, Mac Yantok, Luís Sá e J. Carlos. Mas O Tico-Tico também publicava contos, páginas didáticas, brincadeiras, jogo de armar e suas histórias em quadrinhos ficavam mais no humor.
Assim, a grande aventura dos quadrinhos no Brasil teve que esperar até 1934, quando Adolfo Aizen, depois de uma visita aos Estados Unidos, criou o Suplemento Juvenil. Nesta publicação, formato tablóide, que circulava três vezes por semana, apareceram os grandes heróis dos daily strips (tiras diárias) norte-americanos. A garotada vibrou com Tarzan, Flash Gordon, Brick Braford, Mandrake o Mágico, O Rei da Polícia Montada, Jim das Selvas, X-9, Dick Tracy e muitos outros. (...).
Em São Paulo, o jornal A Gazeta, que havia tentado a criação de um suplemento chamado A Gazeta Infantil, teve mais sorte quando lançou a Gazetinha, primeiro semanal, a partir de 1933. Foi lá que se publicou pela primeira vez, as histórias de O Fantasma. A Gazetinha, porém, nunca teve a mesma força do Suplemento Juvenil. este manteve-se quase sem adversários ataé que, em junho de 1937, apareceu nas bancas O Globo juvenil. No ínicio uma cópia do Suplemento, graças ao poder do grupo que o editava (Roberto Marinho), foi conquistando um espaço maior. Em 1939, o Globo Juvenil, garantiu um contrato de exclusividade com o King Features Syndicate, tomando quase todos os grandes sucessos que pertenciam ao Suplemento.(...).
O sucesso dos comics books, com histórias completas, também já andava por aqui. Surgiram O Gibi Mensal, O Gury, O Lobinho, O Globo Juvenil Mensal, estabelecendo, com o decorrer dos anos quarenta, a decadência dos tablóides tri-semanais com histórias em continuação. Vieram em seguida a Edição Maravilhosa (clássicos em quadrinhos), Aí Mocinho, Álbum Gigante, a Rio Gráfica Editora (RGE, de Roberto Marinho) tamabém atacava com Shazam, Biriba semanal, e depois mensal, Novo Gibi, Novo Globo Juvenil, inundando as bancas com “os Gibis”.
Em 1950, entrava no mercado brasileiro Victor Civita com as histsórias de Walt Disney ( O Pato Donald, Mickey) e também revistas com quadrinhos italianos e argentinos (Rio Vermelho, Misterix). O surgimento de alguns artistas da nova geração de brasileiros, publicados primeiro nas tiras de jornais, como: Henfil, ângeli, Glauco, Paulo Caruso, Larte, Fernando Gonsales, abriram a possibilidade de novas publicações mensais. Surgiram Chiclete com Banana, Circo, geraldão, Níquel, Naúsea e mais recentemente, Piratas do Tietê. (GOIDANICH, 1990, p.9,13-15).
Com as diversas metodologias historiográficas inauguradas durante o século XX, o documento escrito deixou de ser a única fonte para as pesquisas. Novos meios e novos objetos aos poucos foram sendo incorporados ao instrumental do historiador: histórias em quadrinhos, artes plásticas (pinturas, ilustrações, esculturas), arquitetura, fotografia, música, televisão. Mesmo as tradicionais fontes escritas, como o jornal, já tinham incluído em sua estrutura muitas imagens (constituídas por ilustrações e fotografias), que, no início foram omitidas de qualquer análise, mas posteriormente, teve seu lugar como corpus privilegiado de interpretação pela historiografia – separada ou incluída em conjunto com o texto jornalístico.
Vivemos em uma era de imagens. Saber interpretar signos visuais tornou-se mais que uma necessidade para os acadêmicos e profissionais do ensino, mas uma necessidade. E justamente, o cinema se tornou uma das ferramentas mais utilizadas pelos historiadores para efetuar seu trabalho tanto em sala de aula como em pesquisas. Mas antes de simplesmente manipular o filme como um apêndice ou um simples ilustração de suas aulas ou discussões, o pesquisador deve entender o filme dentro de alguns parâmetros teóricos, pensar o cinema como um conjunto de imagens – nivelando-o num primeiro momento com as HQs, a televisão e as artes plásticas como um todo.
Entretanto, o tema História em quadrinhos no ensino de História da Paraíba nos reporta a uma infinidade de situações pela multiplicidade de sentidos que o termo evoca. Essa multiplicidade está associada às mudanças paradigmáticas, a uma crise dos valores contemporâneos, ao fim de uma visão homogênea e absoluta em considerar e analisar os fenômenos sociais e históricos, à visão unitária do mundo, ao questionamento dos discurso científicos, à idéia de progresso, de nação e formação de nacionalidade que caracterizaram, e às vezes ainda caracterizam, o ensino de história em determinada época.
Vivemos em uma época em que se define pela expansão das relações virtuais em inúmeras instãncias sociais, redefinindo, conseqüentemente, as categorias espaço e tempo, relações sociais e cultura. Época em que o espaço é cada vez menor, o tempo cada vez mais veloz, e as relações sociais mias voláteis. Assim, a consideração pelo imaginário deixa de ser uma visão deformadora do conhecimento para se tornar um objeto de estudo.
Tratando-se das análises das representações construídas para atender às exigências educacionais, o nosso olhar dirige-se a várias situações, uma delas ligada à apreensão e construção do conhecimento em sala de aula, isto é, a relação de aprendizagem existente entre os professores e alunos, e a outra, às múltiplas mercadorias produzidas pela indústria cultural, como vídeos, livros, filmes, pinturas, gravuras, fotografias, enfim, todos os materiais considerados didáticos. No processo de produção de tais materiais as mudanças são mais evidentes na escolha das temáticas propostas pela História Nova, às quais foram incorporadas as propostas curriculares, do que no tratamento metodológico a elas atribuído. Nesses materiais, o conhecimento histórico é visto como uma verdade absoluta, homogeneizadora, sem problematização.
O ensino de história para o ensino fundamental e médio no Brasil enfrenta sérias dificuldades. Existe um grande desinteresse dos alunos na aprendizagem, bem como uma aparente defasagem no conhecimento dos professores. No entanto, não se pode apontar esses dois fatores como sendo responsáveis por todos os problemas. Na realidade tanto o desinteresse como a aparente falta de preparação é resultado de um problema maior sobre o qual não se pode apontar um culpado: os recursos metodológicos estão defasado nas escolas públicas brasileiras.
Calcada nos moldes da decoreba, a história de hoje apresenta uma sobrecarga de normas e prescrições de formas insuficientes à compreensão e que, apesar de um grande número, não explicam todos os mecanismos da história. Além disso, como se tal sobrecarga de informações a serem decoradas já não desanimasse os alunos, muitas dessas regras são incoerentes entre si, impossibilitando o aprendizado cabal dos alunos, bem como colocando em risco a segurança e competência do professor que tem muitas vezes sem lógica passando-se por um mau educador.
E com isso, as aulas de história estão resumidas ao fato de só se ensinar datas, fatos obedecendo programas curriculares pronto e acabado, além dos intermináveis modelos exigidos pela escola. Não estamos dizendo que não se deva ensinar conteúdos para os alunos, o problema é que, a escola tenta impor seus programas de ensino como se fosse, de fato, a base comum a todos os milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem histórica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolaridade etc.
Mais do que ensinar-lhes a história normativa é preciso instruir a usar a história em diversos contextos e é essa transmissão que nos chamou a atenção. O ensino de história da Paraíba, então, deixou de estimular os alunos e os afastou do caminho da leitura e da formação de cidadãos críticos que saibam ler e entender qualquer tipo de texto. Se o que predomina nas aulas de históriia continua sendo o estudo inócuo das histórias e grandes feitos dos personagens, ir à escola e estudar história pode não ter muita importância, principalmente para quem precisa, de imediato,desenvolver o senso crítico, ao mesmo tempo adquirir outras competências e escrita de textos.
Se isso continuar acontecendo os alunos vão abandonar a escola, porque não se sentem à vontade com a sua própria cultura. Parece que o que estão aprendendo é uma outra realidade totalmente diferente da deles, Pensando em inverter esse quadro iremos utilizar os quadrinhos como apoio ao tratamento de temas escolares de forma lúdica, possibilitando um processo de aprendizado mais agradável. As histórias em quadrinhos (HQs) constituem um importante recurso não só para o entretenimento dos alunos, mas também como ferramenta que auxilia os professores. Além do que, segundo Mário Feijó, as HQs aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas, aguçando a curiosidade dos alunos e desafiam seu senso crítico.
Por consegüinte, os PCNs (Parâmetros curriculares Nacionais) mostram que o ensino de História tem sido, desde os anos 70, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade da educação. É preciso reformular o ensino, pois o mesmo está desconsiderando a realidade e os interesses dos alunos, apresentando uma teoria-prática muitas vezes inconsistente, uma excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de texto, uma extrema valorização normativa e a insistência nas regras de exceção, com o conseqüente preconceito contra as formas de oralidade e as variedades não-padrão.
Nessa perspectiva de mudança, é necessário organizar o ensino em torno do texto, sendo este a unidade básica por meio da qual contextualizaremos o estudo histórico. O ensino, assim pensando, responde às imposições de organização clássica de conteúdos na escola, mas os aspectos que precisam ser tematizados em função das necessidades apresentadas pelos alunos nas atividades apresentadas pelos alunos nas atividades de produção, leitura e escrita de textos. Esses textos devem ser escolhidos mediantes dois critérios: necessidade e interesses dos alunos com relação ao texto a ser trabalhado.
A leitura que a escola propõe aos alunos, na maioria das vezes, não tem qualquer sentido para eles, pela maneira como é trabalhada. Em sua maior parte, a interpretação é feita através de perguntas facilmente localizáveis no texto, exigindo do aluno apenas a habilidade de decodificação da linguagem escrita. Para que o ensino produtivo é preciso que as aulas de História tragam a vida e a sociedade para dentro da sala de aula através dos diversos textos que nela circulam.
Partindo desses critérios de escolhas de textos, introduziremos o gênero de quadrinhos no ensino de História, pois as histórias em quadrinhos (HQs) são de interesse dos alunos porque interligam o texto com a imagem, ampliando assim a compreensão do fato ocorrido; também a linguagem utilizada é de fácil compreensão; além do que as HQs aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas. Essa junção do visual com o lingüístico faz do texto de quadrinhos a base ideal para pesquisa centrada na interação: o código visual supre lacunas que, por caso, possam ser deixadas pelo código lingüístico e vice-versa. Como sabemos a valiosa contribuição dos aspectos visuais são bem recebidos pelos alunos, dessa forma, o professor tem acesso a esse suporte pedagógico para o ensino de História da Paraíba, não só para esta disciplina, mas para outras, tais como: literatura, geografia, entre outras.

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