quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ESCRAVOS ROCEIROS E REBELDES

ESCRAVOS ROCEIROS E REBELDES


Os escravos não formavam uma comunidade igual a qualquer outra. Em resumo, quem trabalhava na pecuária e vivia em relativo isolamento tinha oportunidades diferentes daqueles que trabalhavam em grupos nas minas de ouro ou daqueles que trabalhavam ba lavoura da cana-de-açúcar.
Embora tenha ávido períodos, como o período entre 1750 e 1770, em que o declínio na produção de açúcar, e o resultante declínio no trafico de escravos, alterassem a proporção de africanos e crioulos e elevasse a proporção de crianças em relação aos adultos na população escrava, durante a maior parte do período (1600-1830) os padrões gerais predominavam.
A maioria dos agricultores, por exemplo, não via motivo para incentivar a constituição de famílias estáveis a fim de promover o crescimento natural da população. A racionalidade econômica do modelo era limitada, ocasionalmente, por uma série de restrições culturais e morais contidas no direito português e nos dogmas e preceitos da igreja, que também tiveram influencia sobre a vida dos escravos.
A produção eficiente de açúcar dependia, até certo ponto, da colaboração dos escravos. No canavial, podia-se utilizar o trabalho em grupo, embora fosse comum, no corte de cana, atribuir tarefas diárias a duplas em geral , um para cortar e o outro para amarrar a cana em feixes.
Embora fisicamente exaustivo e minuciosamente regulado, o trabalho no engenho também era socialmente diferenciado. Pelo contrario, embora os mulatos só constituíssem cerca de seis por cento do total de escravos, ocupavam mais de 20 por cento dos cargos para pessoas habilidosas, artesãos e supervisão.
A mão-de-obra nos canaviais eram sempre escrava, nas fabricas escravos, ex-escravos e trabalhadores livres trabalhavam juntos, às vezes lado a lado. Do ponto de vista dos escravos, essas oportunidades poderiam parecer uma abertura ou brecha no sistema escravista.
A natureza do contingente de escravos de Santana e suas peculiaridade tornaram-se tema de debate entre os historiadores da escravidão. O proprietário teria possibilidade de aceitar a forma reduzida de servidão que as exigências implicavam, mas certas outras clausulas do tratado eram especialmente revolucionarias e inaceitáveis.
A reativação da agricultura brasileira resultou numa expansão do trafico de escravos, em especial entre 1780 e a década de 1830.as exigências da agricultura para exportação e do trafico de escravos em conflito, embora interdependentes, com as da população urbana, bem como as necessidades de alimentos de toda a população, tiveram conseqüências sociais e econômicas importantes e de longa duração na colônia.
A iniciativa dos próprios escravos de competir com as exigências da sociedade é impressionante.
A escravidão foi um sistema, e não um simples conjunto de relações econômicas. Não é de surpreender a descoberta de que obrigava a padrões de pensamentos e ação em relação aos escravos da mesma maneira que fez com aqueles cujas origens não traziam tal estigma.

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