sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

REFLEXOES HISTORICAS

“CHE” GUEVARA, Ernesto. “Cuba: Caso Excepcional?” IN: SWEEZY, Paul (org) Reflexões sobre a Revolução Cubana. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1962, p.p.167-168.

Cuba: Caso Excepcional?

Segundo a análise de CHE Guevara no que se refere ao caráter excepcional da Revolução Cubana e ao compará-la com as linhas de outros partidos progressistas da América Latina se deduz que em conseqüência a forma e os caminhos da Revolução Cubana como produto único dessa Revolução; em outros países da América Latina será diferente a transição histórica. Os fatores considerados de suma importância para o suposto excepcionalismo referem-se primeiro a figura de Fidel Castro, como um líder nato, além das suas qualidades, potencialidades e a capacidade de assimilar conhecimentos e de ser possuidor de uma inteligência aguçada pela visão futurista vendo sempre mais longe e melhor do que seus companheiros.
Na realidade, é necessário considerar excepcional o fato de que a burguesia tenha se mostrado favorável a guerra revolucionária contra a tirania. Nada há de excepcional nesse fato, a burguesia nacional, arruinada pelo imperialismo e pela tirania viram com simpatia as idéias de alguns jovens impondo-se contra o imperialismo. Outro fator importante que merece destaque, em Cuba se refere aos camponeses que já se haviam proletariado devido as grandes plantações capitalistas semimecanizadas.
Entende-se que a luta do camponês justifica-se porque ele quer terra para ele, seus filhos e para trabalhar, ou vendê-la e enriquecer-se com o trabalho. No entanto, a reforma agrária contraria os interesses dos imperialistas latifundiários e dos magnatas do açúcar e da pecuária. Por outro lado, a burguesia teme chocar-se com esses interesses. Percebe-se que o latifúndio foi a base do poder econômico da classe dominante durante todo o período que se sucedeu a redução libertadora anticolonialista.
Destaca-se ainda outro fato marcante em todos os países da América Latina consistem em que nunca foi possível destruir as bases latifundiárias, o poder dos latifundiários que sempre agiu de forma reacionária e mantêm o princípio de servidão da terra. Esse é um fenômeno que constitui-se a essência de todas as injustiças sociais. Nesse sentido, o capital americano passa a ser a “mola mestra” para o desenvolvimento dos latifundiários na maioria dos países da América Latina com vantagens surpreendentes para os norte-americanos.
Daí, o imperialismo aperfeiçoou suas possessões coloniais e fortaleceu toda a estrutura imperialista a fim de evitar a concorrência de outros países imperialistas. Assim, o imperialismo prejudicou a economia local reduzindo a população a meros consumidores dos produtos das potências imperialistas. Nesse sentido, os trabalhadores são explorados pelos capitalistas tornando-se despossuido passando a ser considerado como países subdesenvolvidos como bem é classificado pelas potências imperialistas.
Pode-se dizer que os países da América Latina que sofreram a exploração dos imperialistas são subdesenvolvidos porque foram uma espécie de colônia, semicoloniais e dependentes economicamente dessas potências. Entretanto, se de fato a América se tornou área de subdesenvolvimento se deve ao fato de que a ação imperialista reproduziu uma deformação na economia que atingiu os setores industriais e agrícolas. A questão da monocultura, da monoprodução, do monomercado significou a comercialização de um único produto dependente de um único consumidor.
Portanto, o imperialismo divide as riquezas e impera totalmente e o latifúndio foi o meio utilizado pelo imperialismo para modelar um mundo subdesenvolvido, conseqüentemente evidencia-se cada vez mais salários baixos, o desemprego e subemprego e a fome dos povos na América Latina. É notório que a Revolução Cubana contou com fatores excepcionais e comuns a todos os povos. Por fim, o autor afirma: é necessário lutar sempre e seguir em frente nunca recuar.



AGRA, Giscard Farias Entre Davi e Golias- As relações entre o professor e o livro didático no ensino de História da Paraíba nas escolas de Campina Grande, 2004-2005.

RESUMO

O presente artigo trata das questões referentes ao livro didático de História da Paraíba, tendo como eixo norteador a pesquisa acerca dos problemas que envolvem o ensino de História da Paraíba em escolas de Campina Grande-PB. Sendo assim, a pesquisa realizada junto aos professores tanto da rede pública como privada revela com base na fala dos professores que existe a falta de bons livros didáticos.
Segundo o autor em sua maioria os professores reclamaram da má qualidade dos materiais e a falta também de interesse por parte dos profissionais. No entanto, isso talvez se deva por várias questões que não estão diretamente relacionadas às questões didáticas, mas a desmotivação que vem sendo desenvolvida entre os profissionais em educação.
Por outro lado, não podemos esquecer que o aluno do Ensino Fundamental e Médio atualmente não vem a Escola com o objetivo exclusivamente para aprender, por isso, as dificuldades de entrelaçam entre conteúdos e desejos dos alunos entre a realidade e a imaginação.Sabe-se que o objetivo de todos os profissionais em educação seria dedicar-se ao ensino e conseqüentemente a Edu ação de maneira favorável que possibilitasse atender os interesses dos alunos independente das diferentes realidades enfrentadas no cotidiano escolar. Na realidade, o cotidiano escolar perpassa as atividades de sala de aula e assim, alguns profissionais estão motivados ou não.
De fato, no Ensino Médio alguns alunos não são todos têm o interesse de estudar os conteúdos que o vestibular exige pelo fato de que é uma necessidade presente, imediata o que é compreensível, haja visto que os conhecimentos abordados devem contribuir de alguma forma para o aluno ter o acesso a universidade. Por isso, as aulas são mais interessantes quando o assunto é de interesse de todos, mas mesmo assim, a falta de recursos materiais ainda tem sido um dos grandes desafios a enfrentar na escola pública diferente da particular que os alunos têm a sua disposição os recursos necessários e na escola pública até o básico lhes falta. Não concordo com a afirmação da má qualidade dos livros didáticos, é importante perceber como está sendo utilizado. É notório, a falta de livros para o ensino de história da Paraíba, mas também não é preciso fazer um “cavalo de batalha”, até porque os problemas da educação não se resumem apenas ao livro didático.
O autor ainda sinaliza para alguns pontos que são importantes quando se refere a “indústria do livro didático”, que tem enriquecido grandes empresários de editoras a exemplo: a Saraiva e a Moderna, sem esquecer da Ática, que está sempre ganhando nas seleções e arrematando fortunas do governo federal. Essa indústria do livro não tem preocupação exclusiva com a qualidade, existe sim, a propaganda do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) e até com professores de renomes que aprovam os livros por considerar tais conteúdos adequados ao ensino.
O livro didático tem sido o “motor” que move a “indústria do livro” e os investimentos da Educação brasileira, uma vez grande parte dos investimentos tem sido depósitos para a compra de livros. Entende-se por outro lado que o professor do Ensino Fundamental e Médio, tem deixado a desejar no sentido de que muitas vezes tem sido mero reprodutor das teorias e falácias históricas e não agente de mudanças na Escola.
De fato, o professor tem falhado em alguns pontos, segundo a pesquisa mostrou que o livro normalmente não é utilizado como complemento, mas como um manual a ser seguido por todos segundo as exigências; o que seria interessante inverter a ordem, o livro passar a ser o objeto de complemento ao ensino ministrado. No entanto, a política do livro didático tem mobilizado no sentido de promover uma supervalorização tem do como um grande suporte a mídia.
Na realidade, o professor precisa se conscientizar do seu papel de sistematizar as informações que são transmitidas a fim de que os conhecimentos possam ser compreendidos. Sendo assim, a partir dessa tomada de consciência a educação poderá tomar novos rumos. Portanto, o livro didático deve servir de complemento a medida que o professor reconhecer a necessidade de perceber o livro didático como um recurso didático. Pode-se dizer que a pesquisa é interessante para a classe acadêmica a medida que promove reflexões acerca da prática pedagógica, da postura do profissional e até mesmo para cada um reconhecer seus pontos fracos e fortes porque estamos falando de educação e esta remete a construção de novos conhecimentos visando caminhar sempre em frente e nunca desistir.

TABARES DEL REAL, José. “Revolução Cubana: 40 anos”. In: BARSOTTI, Paulo & PERICÁS, Luiz Bernardo. (orgs.). América Latina: História, Crise e Movimento. São Paulo: Xamã, 1999, p.p.23-37.


RESUMO

A Revolução Cubana compreende três momentos históricos importantes: o primeiro Cuba-pré-revolucionária, do golpe de Estado de 1952; em segundo o período revolucionário entre 1959 e o colapso do modelo socialista soviético e europeu oriental e o terceiro de 1990 até os dias de hoje. A população cubana rural dominada por grandes latifúndios pecuaristas e de agricultura extensiva.
Assim, a agricultura açucareira dominava o país seguido pelo tabaco e o níquel. Cuba era um país subdesenvolvido com 80% do açúcar e do tabaco sendo exportado para os Estados Unidos. A elite cubana tinha enormes lucros e exercia o poder político do país, 60% da produção do açúcar estava nas mãos dos norte-americanos e 80% do tabaco e parte do arroz era controlado pelos Ianques.
Sem esquecer da discriminação racial que ali existia contra os negros e as mulheres. Havia uma grande corrupção em todas as instâncias do governo. O subdesenvolvimento marcante no país se deve a política adotada a exemplo de Cuba como país importador, com alto nívrl de desemprego, subemprego e o crescimento do setor informal.
Percebe-se que em 1958 os Estados Unidos providencia uma nova estratégia: substituir Batista, evitar a revolução e procurar dentro da burguesia uma figura conveniente aos interesses dos Estados Unidos. Entretanto, em 1959 e 1990 a Revolução Cubana transforma a sociedade, Cuba adota a política econômica baseada no socialismo. Mas essa transformação não se deu pacificamente, mas mediante a ofensiva dos Estados Unidos com um exército contra- revolucionário atuando em todo país.
A idéia dos norte-americanos é conseguir seus objetivos através de uma intervenção militar direta, para evitar o avanço do socialismo. No entanto, para enfrentar a intervenção é necessário que o povo: camponeses, operários e estudantes lutar com o uso das armas se for preciso. Nesse sentido, criaram-se os Comitês de Defesa da Revolução e as organizações de massa para reprimir a contra-revolução, surgiu também a Federação das Mulheres Cubanas.
Entende-se que o povo queria reformas urgentes não se admitia mais a exploração norte-americana era preciso acabar com a dependência econômica e a crise existente no país. Com o golpe de Estado, os problemas se agravam e surgiram novas questões. As máfias da Flórida e de Las Vegas se associaram a Batista e começaram a fazer investimentos para lavar dinheiro. Além disso, a prostituição, o desemprego, o analfabetismo, a discriminação racial e todos os males aumentam cada vez mais. Em seguida ocorre o desprestígio dos partidos políticos burgueses devido a corrupção administrativa que havia tido em suas etapas de governo antes da ditadura. Nesse vazio político surge o movimento de Fidel Castro e assim o Partido Comunista de Cuba.
Na realidade, a revolução cubana não é produto do partido, mas o partido é fruto da revolução, haja visto, que a consciência política é estimulada, por conseguinte a revolução resulta numa explosão demográfica foi necessário uma reconversão total da economia e da indústria todo maquinário dos Estados Unidos foi trocado. Inevitavelmente se dá uma aliança entre Cuba e a URSS como uma alternativa por questões políticas, econômicas e militares.
Pode-se dizer que houve uma mudança em Cuba com um crescimento e uma diversificação econômica ocorrendo uma verdadeira revolução na educação cultural do país. As universidades foram convertidas em estatal. No campo da saúde houve um avanço com a criação de uma rede saúde com um médico de família, hospitais clínicas em cada bairro e várias especialidades. Além de uma reforma urbana com a construção de casas financiadas para todos os trabalhadores.
Por outro lado, ocorreu uma reforma agrária, os latifundiários converteram-se em granjas do estado e cooperativas. A agricultura se mecanizou, foi criada uma nova marinha mercante, instituiu-se também uma frota e uma indústria da pesca. A produção de açúcar praticamente duplicou; o país de eletrificou o que significou o desenvolvimento das usinas elétricas, além da produção de cimento de 500 mil toneladas passou para 4 milhões de toneladas. Surgiram novas fábricas como de cigarros e outras indústrias têxtil, refinaria de petróleo. No campo social, a discriminação do sexo feminino em Cuba foi eliminada o que significou um crescimento na mão–de-obra, conseqüentemente foi eliminado a discriminação racial.
Vale ressaltar que entre 1959 e 1989 houve um colapso do chamado socialismo real na União soviética e Europa Oriental. Houve um grande prejuízo no mercado de exportação e importação e o desemprego chegou a 100 mil desempregados. No entanto, a educação e a saúde não foram abaladas. Por fim, os Estados Unidos decidiram criar um bloqueio comercial.
Portanto, os erros cometidos pelo excesso de importações de matéria-prima e de produtos importados criaram graves problemas para o governo em Cuba, além de copiar o modelo administrativo da União Soviética. Entretanto, constatou-se entre 1990-1994 uma enorme crise econômica nos anos seguintes percebeu-se uma recuperação gradativa da economia com exceção da industria açucareira. O turismo foi incrementado, mas em contrapartida trouxe uma grande quantidade de problemas sociais, com a prostituição se desenvolvendo rapidamente. As drogas e a delinqüência foram conseqüências do turismo, o que permitiu a livre circulação do dólar no país. Outro fato que chama atenção refere-se que a crise econômica trouxe uma perda do valor da moeda cubana. Sem dúvida, a crise econômica trouxe a inflação por causa do bloqueio norte-americano, assim, os preços das mercadorias sofreram aumento, no entanto, Cuba resistiu ao bloqueio e a perseguição dos norte-americanos e não se curvaram ao imperialismo.

Nenhum comentário: