sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O DES-COM-PASSO DA APRENDIZAGEM

O DES-COM-PASSO DA APRENDIZAGEM


Inicialmente, pode-se dizer que tais valores abrangem o conhecimento, moral e ético, sendo assim, o valor definido por Piaget (1954, p. 41), tem caráter afetivo do objeto, ou seja, refere-se a um conjunto de sentimentos lançados sobre as pessoas. E a escola inevitavelmente lida com valores humanos além da efetiva transmissão de conhecimentos.
O conhecimento como sendo um sistema de informações articuladas, sem duvida, a questão do conhecimento como valor transcende as instituições educacionais. Entretanto, a moral, ou os valores morais corresponde às ações consideradas como obrigatórias, aos deveres. Assim, no que chama a atenção em relação a moral o valor diz respeito aos valores universais em qualquer sociedade.
Apesar de todo avanço em direção aos valores morais, no entanto, o rumo da sociedade não tem se dirigido em direção efetiva e significativa no sentido de realmente os cidadãos poder viver em paz e harmonia, haja vista que tem sido crescente a violência principalmente no âmbito urbano.
Vale salientar que freqüentemente o cotidiano escolar vivencia hostilidades e violência praticada por alunos e professores, aluno-aluno. A incivilidade tem tomado conta da sociedade. O tráfico de drogas, o comércio ilícito de armas, as falcatruas políticas, a corrupção, as rivalidades nas relações ocidentais entre muçulmanos.
Percebe-se que a sociedade do “ter” prevalece fortemente ao invés do “ser” evidencia-se o divórcio entre os valores humanos e as relações entre os indivíduos, apesar da legislação constituída em relação aos Direitos Humanos.
A sociedade civil convive com a insegurança, o medo, modificando o comportamento das pessoas promovendo a separação de convívio entre as pessoas. A tecnologia utilizada nas formas de controle das pessoas através dos radares, câmaras e tantos outros meios a fim de preservar a segurança dos indivíduos.
Na escola, o problema da disciplina, das regras, da moral está nos princípios, percebe-se que o excesso das regras tem possibilitado a inversão que em muitos casos leva a quebra da disciplina. No que se refere a ação do professor, o conhecimento ultrapassa a escola. Na realidade a função da escola deve nortear a promoção e a formação moral de seus alunos.Dessa forma, é necessário que as escolas reflitam sobre os princípios que inspiram as regras de convívio e deixar claro para toda a comunidade. A eficácia das regras está Diretamente Ligada A Eficiência Dos Princípios.

A Ética: Que vida eu quero viver?

A questão da ética nos remete a um conjunto de deveres. Pode-se dizer que o plano ético coloca os valores no centro da questão. Conforme La Taille (2005), o sentido positivo do individualismo constitui-se em cada um ser livre para levar a vida como quiser e para escolher valores que lhe dêem sentido. Por outro lado, o ponto negativo refere-se a liberdade usufruída no plano ético se traduz por um egoísmo quando excluído do sentido da vida as pessoas que servem para o alcance da felicidades de alguém.
A sociedade do ser abrange o ter no sentido de consumista, associa-se a felicidade ao sucesso profissional quando na realidade são âmbitos diferentes, complexos, uma vez que a felicidade não necessariamente depende da fama ou do êxito profissional, mas a um bem-estar pessoal independe dos valores econômicos. O avanço do capitalismo e as transformações comportamentais dos indivíduos nos levam a reflexão acerca da ética dos valores humanos.

A Escola no epicentro da crise social

Segundo José Sterza Justo, a realidade não se revela imediatamente na consciência humana mas resiste mediante as ilusões da consciência. Assim, vale ressaltar que na concepção marxista a ideologia concebida como um sistema de idéias e crenças destinado a justificar a ordem social, política e econômica contudo seria o grande entrave para a consciência ou para o conhecimento efetivo do sistema e do funcionamento da sociedade.
Na psicanálise enfatiza-se que o sujeito não se consegue apropriar-se de si mesmo como objeto do conhecimento de forma imediata e transparente, porque é constituído por qualidades e mecanismos psicológicos que dificultam e impede seu acesso à sua própria realidade psicológica.
No marxismo refere-se principalmente ao contexto social e histórico a fim de apreender qualquer particularidade da realidade humana resultado das ligações com as produções sociais e ainda com as produções históricas. Na perspectiva histórico-social é fundamental revelar a lógica da acumulação de riquezas no capitalismo.
Enquanto para a psicanálise pressupõe-se que todas as produções psíquicas que seja: o pensamento, os desejos, as percepções estão interligadas entre si, mesmo que não esteja visível e que exista a relação com as experiências do passado vivenciadas pelo sujeito.

A escola em destaque entre as instituições modernas

A escola constitui-se como instrumento de suma importância para o funcionamento da sociedade. As instituições que servem de base para a sociedade moderna a exemplo da Escola responsável pela socialização dos indivíduos mediante o ensinamento dos conhecimentos e valores básicos da cultura.
Se por um lado pensar a escola como instrumento de dominação e confinamento a serviço do capitalismo, por outro lado, a escola pode contribui para a modificação dessas relações sociais enfraquecendo o autoritarismo, a diminuição da violência exercida em nome da disciplina, além disso possibilita a construção de uma sociedade mais humana caminhando em direção a permanência dos direitos humanos e da cidadania.
A intensificação do ciclo de produção e de consumo, a expansão da circulação do capital exige-se cada vez mais, o alargamento das fronteiras geográficas e psicossociais, o aumento da velocidade e a movimentação cada vez maior de mercadorias, de capital, de subjetividade e de mão-de-obra, etc.
As necessidades da economia capitalistas têm produzido outra lógica de organização e funcionamento da sociedade, não se trata mais de confinamento para os sujeitos em espaços fechados, mas de coloca-los em espaços abertos. A sociedade hoje não pode permanecer na lógica do confinamento, de manter os sujeitos cercados em espaços geográficos definidos nem mesmo sob a lógica da disciplina obtida sob vigilância efetiva exercida mediante o olhar próximo do outro e de medidas coercitivas e repressivas, mas deveria funcionar sob a lógica do desconfinamento, de dispersão, de retirada do sujeito de espaços fechados e de sua colocação em espaços abertos.
Sendo assim, a sociedade não requer mais um sujeito parado, reto, coerente, previsível, controlado, comedido, estável, mas o contrário, um sujeito plástico, flexível, criativo, fragmentado, múltiplo. Difuso, impulsivo, intempestivo incontrolável e aventureiro, incontrolável. Um sujeito que possa transitar de um lugar para o outro, de um sentimento a outro, de um produto a outro, migrando também internamente, percorrendo todos os seus espaços internos, alargando o máximo possível suas possibilidades afetivas, cognitivas e executivas, acelerando ao extremo o ritmo de seu funcionamento. Assim, cada vez mais individualizado o sujeito está sendo liberado das amarras do sedentarismo e de vinculações estreitas a outros.
Sendo assim, possibilita ao indivíduo ser mais dinâmico, ágil, útil e dispor de mais energia para o funcionamento da máquina social não sendo mecânica. O sujeito funciona de forma mais eficiente, o distanciamento dos indivíduos contribui para que possam circular como engrenagens capazes de executar seu movimento com autonomia e auto-suficiência, ajustando-se rapidamente a cada exigência ou necessidade tornando-se mais produtivo e interessante para o capitalismo, num ritmo maior, sem fronteiras, sem limites de tempo e espaço.
Por outro lado, o mercado de trabalho exige-se um profissional mais rápido e eficiente com isso, percebe-se que tem se multiplicado o número de lesões por esforço repetitivo, o esgotamento físico e psíquico do sujeito, a insegurança, os temores diante da insegurança, o sentimento de impotência pelo enfraquecimento e pela falta da presença do outro, conseqüentemente a solidão pelo seu isolamento.
Assim, as condições de existência humana na modernidade e pós-modernidade divergem no sentido primeiro: reprimir o indivíduo fortemente; na pós-modernidade o indivíduo não está confinado a espaços fechados porém é um período de extrema insegurança uma vez que o Estado entrega ao cidadão a inteira responsabilidade de sua existência.
Além disso, o Estado remete tudo ao âmbito privado em nome da liberdade a sociedade vem produzindo desregulamentação, licenciosidade, enfraquecendo o coletivo, o cumprimento das regras bem como, colabora para a destruição dos valores de convivência humana resultando numa sociedade do controle e da submissão expressão da lógica do sistema vigente no país.
Para Deleuze (1992), a sociedade disciplinar dá lugar ao controle através do avanço tecnológico, uma vez que se pode controlar qualquer pessoa até em movimento. O acesso a tecnologia a aos meios de controle dos indivíduos em movimento, a vigilância eletrônica e a automação dos serviços constitui-se num poderoso instrumento de exercício de poder e de dominação.

REFERENCIA
LA TAILLE, Yves de Indisciplina/disciplina: ética e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2005.

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