quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

DESAFIO À ESCOLA PÚBLICA: TTOMAR EM SUAS MÃOS SEU PRÓPRIO DESTINO

DESAFIO À ESCOLA PÚBLICA:
TOMAR EM SUAS MÃOS SEU PRÓPRIO DESTINO


Segundo a autora Rossi (2001) em seu artigo trata dos aspectos voltados a política neoliberal estabelecida no país onde esta se propaga, sobretudo uma qualidade total, no entanto, isto vem reproduzindo cada vez mais as injustiças sociais. Assim, é possível dizer que as reflexões sobre as novas estratégias reguladoras do sistema educativo e da sociedade que vem sendo generalizadas enquanto argumentos democráticos o que tem contribuído para a despotilização das práticas de gestão escolar na rede pública de ensino, principalmente nas últimas décadas.
Ainda focaliza uma questão fundamental no tratamento das políticas públicas, ou seja, como estas se manifestam, refletem na prática da gestão escolar nas escolas públicas.A autora coloca em questão a sistemática apresentação e apressada generalização destas práticas como mecanismos democráticos da gestão escolar.
É preciso esclarecer que as práticas de gestão político-pedagógica não se esgotam no âmbito da instituição escolar. Por outro lado, o Estado tem procurado transferir a responsabilidade da educação para a sociedade, a população em geral, bem como as Ongs. Assim, promover a participação efetiva da família, da comunidade é uma das medidas preconizadas pelas Reformas Educacionais vigentes no país, característica da política neoliberal.
O discurso democrático estabelecido pelo Banco Mundial em relação a política educacional envolve não só a descentralização das instituições escolares, mas dá ênfase ao autofinanciamento das escolas, ou seja, evidentemente apóia a privatização de forma gradual do ensino médio e superior.
Conforme a autora diz: para unir a educação aos requisitos dessa nova ordem do trabalho, e encurtar o caminho que leva do aprendizado ao mercado, as aulas estão sendo projetadas nas escolas atuais.
Na realidade, as mudanças na sociedade têm favorecido a uma nova forma de democracia. Ou seja, fez surgir o cibercidadão em uma teledemocracia de imagens rápidas. Por isso, a lógica da auto-gestão é uma prática decorrente da nova estrutura de poder comandada pelos maiores grupos econômicos, operando de forma a manter os privilégios dos grandes empresários realizando privatizações de empresas públicas ampliando a miséria e o desemprego proporcionando ampliara os investimentos industriais conseqüentemente o consumo em larga escala mundial.
A destruição contínua das estruturas coletivas de trabalho, tal como medida preventiva mas sobretudo reguladora dos trabalhadores e da mobilidade do capital. A individualização das profissões e dos salários devido a flexibilização dos contratos de trabalho como ação dos programas de políticas neoliberal estimula a participação de grupos da comunidade na escola, nega os direitos sociais que os indivíduos vêm conquistando a duras penas, a democracia participativa. Os efeitos perversos estão expressos na redução do convívio dos laços de solidariedade entre trabalhadores na produção da insegurança, além do desemprego, fortalecendo o exército de reserva permanente. Sendo assim, concorda-se com autora quando diz que o modelo clássico das políticas educativas pensadas para o todo em linha vertical descendente e desenvolvido por um aparato escolar regido por regras id6enticas, não é mais coerente com o modelo flexível assinalado. Portanto, é necessário percorrer o caminho que beneficie todos os professores e alunos de forma articulada com a política e democratização do espaço escolar público. A prática da gestão político-pedagógica deve potencializar a educação refinando os procedimentos com decisões democráticas da prática social capaz de influenciar na definição dos interesses púbicos no âmbito escolar.
A VIOLÊNCIA ESCOLAR E A CRISE DA AUTORIDADE DOCENTE

No âmbito escolar a violência tem sido constantemente um problema quase sem solução. É comum pensarmos as práticas sociais e dentre elas a escola. Não é possível situar a gênese de determinada problemática institucional concreta em torno do conceito de personalidade ou identidade. A desestruturação da personalidade ou déficit em alguma fase de desenvolvimento também deixam de fazer sentido em si mesmas quando se colocam em foco questões de ordem institucional.
O sujeito só pode ser pensado na medida em que pode ser situado num complexo de lugares e relações pontuais, sempre institucionalizadas. A noção de sujeito passa a implicar, dessa forma, a premissa de lugar institucional, a partir do qual ele pode ser regionalizado no mundo. A escola como instituição social está baseada para que as pessoas sejam todas iguais, no sentido de homogeneização exercida através de mecanismos disciplinares. Dessa forma, a escola exerce o poder de dominação que não aceita as diferenças, também é recortada por formas de resistência que não se submete às imposições das normas do dever-ser.
É fundamental compreender o papel ambíguo do professor, pois se vê diante da função de estabelecer os limites da realidade, das obrigações e das normas, de outro. Na realidade, a intervenção escolar é normativa ao mesmo tempo estrutural e conjuntural da violência escolar.
Entende-se que a ação institucional se dá via a delegação de poderes aos agentes, ou seja, clientela. É impossível no exercício da autoridade não exercer a violência. Sendo assim, a violência como vetor constituinte das práticas institucionais tem como um de seus dispositivos nucleares. Por essa razão reafirmamos a convicção de que há no contexto escolar a produção de violência embutida na relação professor-aluno condição necessária para o funcionamento e a efetivação da instituição escolar.
Por outro lado entendemos que a crise da autoridade na educação implica a estreita relação ou conexão com a crise da tradição, ou seja, a crise diante do passado, o que muitas vezes tem sido difícil para o educador conviver com os aspectos da crise na sociedade moderna.
O Poder de Fogo da Relação Educativa na mira de Novos e Velhos Prometeus
A relação educativa no contexto da escola pública das periferias dos centros urbanos revelada pelo autor através das experiências mostra que existe uma certa indisciplina e até um certo tipo de violência inerente ao próprio entrechoque civilizatório. Assim, no interior da escola tradicional atinge níveis de violência acima do tolerável, enquanto na escola do padre também ocorre um certo tipo de violência.
A escola do (quase que eu) morro supõe-se que os alunos estão envolvidos com gangues, crise de autoridade, choques culturais, diferenças sociais, desemprego etc. Entretanto, a “escola do padre” existe problemas de aprendizagem indisciplina, mas que pode ser trabalhado pela psicologia. Segundo o autor na escola do (quase que eu) morro não apresenta meios que possa utilizar a lógica da psicanálise.
Na “escola do padre”, apesar do tradicionalismo há um pacto que se preserva e se mantém por meio da inércia do cotidiano. Na escola pública principalmente nas periferias e morros prevalece o pacto social. Já na escola do (quase que eu) morro, há fatores sociais e psíquicos que levam ao exagero da agressão.
Na realidade é difícil que vítimas de fome, miséria assumam uma postura abúlica, inofensiva diante dessa situação. Sendo assim, a escola pública muitas vezes funciona como um centro para onde irá convergir, chocar, os valores e as expectativas de cada grupo. Assim, na “escola do padre”, apesar da religião, tendo como eixo norteador da educação a moral religiosa, o medo da reprovação, a autoridade e o autoritarismo dos professores não escapa dos problemas de violência escolar. A educação vem sendo considerada pelos especialistas como um todo que o trabalho do educador deve fazer frente às demandas do mercado, das novas tecnologias em crescente valorização. Por isso, o educador da escola pública tem função polivalente, de amortecedor de choques sociais. Além disso, os educadores têm o valor de seu trabalho cada vez mais depreciado.
Portanto, a educação apesar de ter sido feita para atuar como substituto no modelo civilizatório, a escola pública da periferia fragilizada na qualidade profissional e de ensino pode reproduzir a violência.
A Violência no Imaginário dos Agentes Educativos
A Violência está presente na literatura em geral, além disso, no âmbito educacional se torna explícito e está representada por atos exercidos pelos outros ou por fatores externos a escola. Ela se faz presente nos lares, nas ruas, na periferia das cidades e entre os cidadãos de poder aquisitivo econômico baixo culturalmente marginalizado. Além disso, a violência difundida pelas imagens de fatos que ameaçam a integridade física dos indivíduos como no caso de seqüestros, roubos e assaltos nas ruas, estrupos.
De fato a educação surge como uma necessidade de civilização para o processo de socialização. Por esse processo, os indivíduos são instituídos com a imposição da Lei social à psique, tornando-se humanos. Uma vez que as práticas da desigualdade social deixam marcas na vida do indivíduo desde muito cedo.
A Violência como parte da Vida Cotidiana
A Violência faz parte da vida cotidiana de todos os cidadãos no sentido de que a profunda desigualdade existente na sociedade brasileira concretizada de diversas maneiras e nos diferentes níveis das relações entre todos os indivíduos e grupos sociais. Inicialmente começa pelas possibilidades de sobrevivência contínua em todo o processo educacional com a fragmentação do conhecimento. Sem dúvida a violência legalizada pela ação da polícia criada para manter a ordem e a paz, garantir a segurança de todos os indivíduos brasileiros, no entanto, não justifica os espancamentos praticados contra grevistas na defesa de seus direitos e interesses em movimentos pacíficos.
A violência legalizada não encerra apenas nas ações da polícia das ruas por atos de espancamentos de menores e pobres. As contradições que aparecem na cena pública sobre atos praticados contra a vida merecem ser analisados no âmbito do imaginário da violência.
Violência, insegurança e imaginário do medo.
A insegurança no mundo moderna está cada vez mais ligada a ascensão da violência que, por sua vez, promove a base e o fortalecimento de um imaginário do medo. Essas questões referentes à insegurança, violência e o medo vêm ganhando espaço na mídia, nas escolas, nas universidades no cotidiano das pessoas em virtude das conseqüências que originam e da aparente falta de controle de que se revestem.
No âmbito escolar vem se tornando cada vez maior o índice de violência, além disso, é notório na sociedade o crescimento das gangues, de traficantes, de ladrões e agressões que se postam fora dos muros da escola, por outro lado, a violência interna provocada pelos alunos evidente nos atos de indisciplina, depredações, quebra-quebra que a escola não está mais conseguindo deter.
Dentre os fatores externos que tem contribuído para o aumento do índice de violência na escola, podemos afirmar que as condições sócio-econômicas, além dos níveis de miséria e pobreza da população, bem como a disseminação do uso de drogas entre os adolescentes, a psicologização da educação e a permissividade que ela gerou, a falta de equipamentos de esporte e lazer.
Nesse sentido, a violência é entendida como um saldo negativo, tal situação vem contribuindo para o desenvolvimento de um imaginário do medo, cujas conseqüências podem estar influenciando o aumento da violência ou seu tratamento inadequado.
Na modernidade, a violência tem sido considerada como uma das figuras reveladoras da desordem. Segundo Balandier, a violência pode tomar a forma de uma desordem contagiosa, dificilmente controlável, de uma doença da sociedade que aprisiona o indivíduo e por extensão, a coletividade num estado de insegurança que gera o medo.
Assim, o homem necessita representar o medo, atribuir significados comuns a situações objetos e pessoas que causam temor. Acrescentem-se a essas causas naturais (bio/psicológicas) as situações sociais e culturais que geram insegurança, aumentando a angústia existencial e as necessidades de exorcizar o medo pela imaginação.
Paradoxalmente, o imaginário do medo permite ao Estado medidas cada vez mais autoritárias, leis cada vez mais punitivas. Assim, cada ação concreta de agressão ou violência permite ritualizar uma ameaça justificando a reprodução do medo e a adoção de medidas de segurança, podemos acrescentar que ao mesmo tempo em que o imaginário do medo coloca todos contra tudo, estabelece uma rede de relações que fortalece a solidariedade e a socialidade entre os membros do grupo, que se unem pelo sentimento comum de insegurança.
Vale salientar que a dinâmica da violência trata do dinamismo interno de todo e qualquer conjunto civilizacional estruturado na vida em sociedade.
A violência e a insegurança na escola
A questão da insegurança decorrente dos níveis de violência presentes dentro e fora da escola, estão cada vez mais difícil de solução talvez o fato se deve as diversas situações na escola potencialmente geradoras de violência de forma permanente. A autora apresenta argumentos que implica numa domesticação da violência por meio de regras e códigos de conduta rígidos mas parece não ser ainda a solução. No entanto, o que se percebe hoje é que a escola vem sofrendo um processo de empobrecimento dos rituais que garantiriam a construção de sua identidade e das identificações de seus diferentes grupos.

Formas contemporâneas de negociação com a depredação


Apesar das relações de força entre o governo e a população, as escolas de construção precárias, muitas vezes feitas de módulos pré-fabricados, estão localizadas em lugares menosprezados pela sociedade. A partir desse contexto, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto do ponto de vista funcional e das condições de trabalho, a situação foi se degradando. É a degradação encontrada hoje nos recursos materiais e humanos de que as escolas dispõem.
Conforme o autor, outra variável responsável pela depredação escolar está inserida na disponibilidade de vagas oferecidas. Somada ao problema de oferta de vagas pelas escolas encontramos a grande procura das escolas cuja reputação de qualidade é reconhecida, o que agrava mais ainda o problema. Portanto, a instabilidade e a incerteza quanto às vagas geram mal-estar no seio da população, que termina por imprimir sua revolta contra o prédio escolar.
Por outro lado, outra questão diretamente ligada ao problema de vagas nas escolas é a evasão escolar. Pode-se dizer que a evasão escolar, ao lado do estrangulamento de séries e da concorrência de vagas, desola a realidade do ensino brasileiro, além de provocar a depredação pela revolta de ex-alunos vítimas da evasão escolar.







“A GENTE NÃO PODE FAZER NADA, SÓ PODEMOS DECIDIR SABOR DE SORVETE”. ADOLESCENTES: SUJEITO DE NECESSIDADES A UM SUJEITO DE DIREITOS.


Na sociedade contemporânea, a adolescência emerge como um período da vida revestido de interesses e passa a ser compreendido como uma época áurea caracterizada pela possibilidade de trânsito maior em relação aos códigos rígidos moralmente.
Cria-se, assim, uma relação lógica de causa e efeito: se o adolescente é uma fonte potencial de problemas sociais e um risco constante a si mesmo e à sociedade. A visão tradicional do adolescente como um ser dependente, um sujeito de necessidades vivendo em crise de não ser mais criança e ainda não ser adulto. Os sujeitos adolescentes em algumas situações operavam uma certa manipulação de identidades. Entende-se que a imagem projetada acerca dos adolescentes é a de que eles vivem num limite sempre mal definido entre a infância e a fase adulta e que por isso enfrentariam profunda crise de identidade.
A frase: “a gente não pode fazer nada, só podemos decidir sabor de sorvete remete a insatisfação dos adolescentes diante da autoridade dos pais. É importante analisar as relações de poder no âmbito familiar e compreender ate que ponto os pais têm ultrapassado os limites da autoridade transformando em castradores de liberdade”.



ESTADO PATRIMONIAL E GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO NO BRASIL

Sabemos que a educação brasileira experimentou uma democratização tardia, criada para servir a elite. As resistências identificadas pelas autoridades responsáveis direta e indiretamente pela administração dos sistemas de ensino encontram-se no campo da organização e do funcionamento geral do Estado.
Além disso, outros fatores podem ser apontados dentre eles destaca-se a ausência de pessoal qualificado ao qual confiar a administração de governo, sendo as funções desempenhadas por honorários locais. A descontinuidade política põe em xeque a visão de que a lei é um instrumento que garante a permanência dos mecanismos de gestão democrática sobre os quais ela dispõe. Se o Estado brasileiro em geral a presença dos valores patrimoniais é marcante, no campo educacional essa presença se dá também pela característica doméstica das relações sociais que se travam no ambiente escolar.
A escola reflete o ambiente mais amplo da sociedade, no entanto, os usuários têm participação limitada nas decisões políticas da sociedade. O patrimonialismo inibe as sementes da democracia. A questão que se coloca em relação à construção e ao aprofundamento da cidadania no país está em como controlar o poder de um Estado.

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