segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O PODER DA PALAVRA SEGUNDO CLASTRES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMAPINA GRANDE- UFCG CENTRO DE HUMANIDADES – CH UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA – UAHis CURSO DE ATUALIZAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO: EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTINICO-RACIAIS DISCIPLINA: CONFLITOS ÉTNICOS NA AMÉRICA: UMA VISÃO HISTÓRICA ALUNA: JOSELIA FERREIRA DE OLIVEIRA A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO: O DEVER DE PALAVRA Pierre Clastres, em seu livro “A sociedade contra o Estado”, comenta a questão do poder nas sociedades indígenas e como relacionar poder versus Estado. Acaba sendo um documento de antropologia política já que se baseando nas sociedades primitivas, verifica-se o poder de sua chefia e poder é o direito de agir, de decidir e mandar. Além disso, apresenta as sociedades ameríndias como sociedades que valoriza a liberdade e nestas não co-existe a presença do Estado coercitivo, nem tão pouco relações de mando obediência ao líder. Além disso, não há diferenças entre os indivíduos, por isso, não se conhece dominantes e dominados. No texto sobre “O dever de palavra”, o poder e palavra estão intrinsecamente ligados. Clastres considera que o homem de poder não é somente o homem que fala, mas a única fonte de palavra legítima. Neste sentido, as sociedades sem Estado e as tribos indígenas tratam da questão sobre o poder diferentemente. Nestas sociedades a palavra é o dever do poder, ou seja, as sociedades indígenas exigem que o homem destinado a ser chefe prove seu domínio sobre as palavras. Vale ressaltar que, um chefe não pode de maneira alguma se manter silencioso, caso contrário não é mais um chefe. Estas sociedades primitivas sabem por natureza que a violência é a essência do poder. E a forma de ter o chefe somente no movimento da palavra, garante que ele está no extremo oposto da violência, pois a sociedade é o lugar real do poder. Entende-se que, com o dever da palavra do chefe, tem-se a garantia que proíbe que o homem de palavra se torne o homem de poder. Percebe-se que, nas sociedades sem Estado, é dever de quem exerce o poder falar, mas não é obrigação de ninguém ouvir. Se por acaso, o chefe tribal decidir impor seu poder sobre os demais membros da tribo, segundo Clastres (1982) “ele acabará sendo abandonado, pois a sociedade primitiva não aceita a imposição de nenhuma autoridade, como na nossa sociedade organizada em Estado”. O poder não coercitivo é realizado de forma que uma figura mítica represente o chefe nos rituais que servem para rememorar a organização social. Na realidade, é uma tradição sendo necessário apenas a figura do chefe tribal, não necessariamente a mesma, mas que cumpra a função de líder. No entanto, ele não tem e nem exerce poder nenhum sobre os membros da sociedade, simplesmente porque não existe esse poder. Enfim, Clastres considera as sociedades primitivas e as sociedades civilizadas diferentes a segunda é marcada pelo surgimento do Estado uma espécie de revolução política. Assim, nas sociedades civilizadas o poder é coercitivo e nas sociedades primitivas o poder está na palavra. Falar é antes de tudo o poder de não falar, pois o chefe tribal possui o domínio da palavra na tribo, sendo essa uma função específica que constitui a existência de tal cargo. O chefe na tribo tem por dever manter as tradições, relembrar os feitos dos antepassados. Esse exercício de manutenção e transmissão dos conhecimentos detém na fala sua eficácia. REFERÊNCIA: CLASTRES, P. O dever de palavra In:A sociedade contra o Estado: Pesquisas de Antropologia Política. 4 ed. Francisco Alves. São Paulo-SP. 1982. ( VII cap). ___________, A questão do poder nas sociedades primitivas. In: Arqueologia da Violência: Ensaio de Antropologia Política. Editora brasiliense São Paulo-SP. 1982. (p.105-111). DISCIPLINA: CONFLITOS ÉTNICOS NA AMÉRICA: UMA VISÃO HISTÓRICA Ao enfatizar sobre as questões referentes as culturas ameríndias pode-se dizer inicialmente que a disciplina: “Conflitos étnicos na América: uma visão histórica” contribuiu no sentido de que fomentou uma série de questionamentos não apenas sobre as possíveis interpretações das populações excluídas como as indígenas na história da América, mas também a possibilidade de uma leitura crítica dos textos selecionados e estudados. Desse modo, contribuiu para melhorar a dinâmica em sala de aula consequentemente o desempenho profissional, uma vez que na graduação as leituras realizadas muitas vezes de maneira apressada e fragmentada deixa a desejar. Assim, os conteúdos apresentados em seus diversos contextos foram significativos ao promover mudanças de postura levando o aluno a perceber a importância histórica dos povos da América. Muitas vezes a desinformação do aluno contribui para resultados desagradáveis. Esta disciplina viabilizou caminhos que permitiram a reflexão e um novo olhar sobre as crenças e valores dos povos. Portanto, os estudos realizados foram de suma importância no sentido de ressignificar a prática pedagógica. A história das sociedades ameríndias nos leva a pensar na importância da ética para a convivência com as diferenças entre os povos. Campina Grande, 22 de dezembro de 2012.

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