segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

MULHERES CHEFE DE FAMÍLIA E A MARGINALIDADE SOCIAL:

1.INTRODUÇÃO Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre as condições socioeconômicas das mulheres chefe de família e as formas de marginalidade social no município de Campina Grande – PB. Nesse sentido, será realizada uma pesquisa de campo envolvendo, num primeiro momento um número de 700 famílias. Segundo, compreender a dinâmica de vida das mulheres chefes de família. A temática em questão está continuamente presente na minha vida acadêmica por fazer parte de meus estudos e pesquisas. Tais questões estão ligadas à exclusão social e às práticas preconceituosas contra as mulheres. Evidentemente as relações de gênero, estiveram em meio a minhas preocupações maiores. Por isso, constitui-se foco de interesse de meus estudos e trabalhos acadêmicos. Estas inquietações e os sentimentos de mal-estar perante a realidade social do país tem me motivado à participar de eventos e trabalhos de pesquisa ligados à temática de cunho social. As ideias e o objeto de estudo deste trabalho surgiu em decorrência do desenvolvimento de uma pesquisa realizada para a Universidade Estadual da Paraíba, (2005) no Curso de Especialização em Gestão e Análise ambiental tendo como Orientadora a Drª Marinalva Freire da Silva, cujo objetivo foi o de analisar a marginalidade social em áreas de degradação ambiental. Constatamos que, as mulheres estão sendo responsabilizadas por um número de obrigações no âmbito familiar cada vez maior, haja vista que precisam sustentar os filhos e as vezes até os próprios pais. Além disso, são economicamente menos favorecidas porque recebem salários menores do que os homens e também residem em condições muitas vezes piores. Neste estudo pretende-se, analisar a relação entre as condições socioeconômicas das mulheres chefe de família e as formas de marginalidade social no município de Campina Grande – PB. No segundo momento, compreender a dinâmica de vida das mulheres chefes de família e como se dá a sobrevivência dessas famílias. Por fim, discutir as condições de vida e os tipos de estratégias de sobrevivência utilizados pelas mulheres chefe de família; além de investigar o preconceito e a discriminação contra as mulheres chefe de família, bem como a ineficácia das políticas públicas sociais. 1.2. JUSTIFICATIVA A pobreza é uma experiência que marca drasticamente a vida dos seres humanos. Entender esse dilema só é possível no contato direto com a população, pois não apenas se desvenda a realidade, (...) mas também podemos vivenciar de perto o objeto de estudo. Por isso, [...] se, a distribuição de oportunidades no Brasil não é igualitária, como demonstra amplamente jornais, estudos acadêmicos, etc, significa dizer vivemos em uma segregação sexual. Isto é, mulher não tem usufruído proporcionalmente, dos mesmos benefícios que homens ao longo dos anos, apesar de ter ultrapassado 505 dos 169 milhões de habitantes do país, como mostram os estudos do censo demográfico do IBGE/2000. (CARVALHO, 2003, p. 246). Lamentavelmente a condição social da mulher ao longo dos anos continua quase a mesma, principalmente quando não têm renda familiar suficiente para suprir todas as necessidades da família. Posto isto, consideramos relevante investigar as formas de marginalização das mulheres chefe de família no universo de 100 Escolas da Rede Municipal ligada a Prefeitura de Campina Grande-PB, por constitui-se um universo de um número significativo de pessoas carentes e de um perfil socioeconômico relativamente baixo. A escolha deste tipo de estudo de cunho social nos faz entrar em contato com um universo enorme de famílias das camadas mais pobres da população desta cidade, sabendo que muitas delas estão em situação de risco social. (...) as mulheres mantêm taxas de desemprego mais altas e salários médio inferior ao dos homens. (...) os brasileiros ainda ganham cerca de 305 a mais que as brasileiras. Estas diferenças de rendimento entre homens e mulheres são verificadas em todos os setores de atividades econômica (...) esta discriminação de gênero está associada à gestação e à criação dos filhos, responsabilidade quase exclusiva das mulheres. (CARVALHO, 2003, p.247). A escolha por trabalhar com mulheres inseridas nas camadas de baixa renda e chefes de família se deve ao fato de esta situação parece encerrar em si mesma, uma tripla marginalidade, o que, como conseqüência, se traduz por precárias condições de vida Investigar estas questões através de entrevistas e vivências com algumas destas mulheres, e seus discursos, podem vislumbrar quem são e o que fazem como vivem e o que querem. Portanto, a partir destes dados, será possível analisar a relação entre as condições econômicas e as formas de marginalidade social das mulheres chefe de famílias marcadas pela pobreza. As reflexões aqui apresentadas são fruto das experiências vivenciadas ao longo do meu exercício profissional, já há mais de 20 anos convivo com as desigualdades sociais, pobreza e o descaso que as populações carentes e seus filhos sofrem por falta de ações significativas a favor desta parcela da população despossuídas a mercê dos ditames governamentais. Lendo nas entrelinhas que não tem direito a uma vida digna. O que lhes restam muitas vezes é o sentimento de desesperança em dias melhores. 2. OBJETIVOS: 2.1 Objetivo Geral: • Analisar a relação entre as condições socioeconômicas das mulheres chefe de família e as formas de marginalidade social no município de Campina Grande – PB. 2.2 Objetivos específicos: * Compreender a dinâmica de vida das mulheres chefes de família e como se dá a sobrevivência dessas famílias; * Discutir as condições de vida e os tipos de estratégias de sobrevivência utilizados pelas mulheres chefe de família; * Investigar o preconceito e a discriminação contra as mulheres chefe de família no município de Campina Grande-PB, bem como a ineficácia das políticas sociais. 3. PROBLEMATIZAÇÃO: A elevada concentração de renda nas mãos de poucos eleva os índices de desigualdade social, junto à população de baixa renda do país. Por si só, é grave e tem conseqüências desastrosas para a sociedade, até porque, A aceleração da urbanização provocou um progressivo movimento das populações pobres para as capitais, onde procuravam se estabelecer nas áreas centrais, próximo ao mercado de trabalho. Aí ocupavam, em sua maioria, habitações coletivas, casas de cômodo ou cortiços, cujos, ‘moradores embora na maior parte do sexo frágil.’ (DEL PRIORE, 2009, p.364). Neste contexto, as experiências de trabalho com estas mulheres chefes de família podem ser analisadas principalmente os aspectos referentes as formas de marginalidade social. Por isso, quais seriam suas expectativas frente ao futuro? Como, diante de tantas dificuldades, conseguem sobreviver? Como suportam as faltas de suprimento para viver? A quem ou a quê atribuem a sua situação de miséria que vive? Quais as estratégias que utilizavam para lidar com a situação de miséria na qual se encontram? 4. MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA E MARGINALIDADE SOCIAL: sobre preconceito e discriminação Historicamente a marginalidade social é uma realidade que se apresenta sob diversas formas de organização familiar específicas de um país enorme com graves conflitos sociais, sobretudo entre os indivíduos pobres, com necessidades urgentes de sobrevivência. No caso do Brasil, as famílias chefiadas por mulheres constituem grande parte da população marginalizada e economicamente ativa principalmente nas atividades profissionais de baixo rendimento como o trabalho das domésticas. Na realidade é comum que, as famílias encabeçadas por mulheres de baixa renda vivenciarem situações de extrema pobreza. Entretanto, A autonomia das mulheres pobres no Brasil da virada do século é um dado indiscutível. Vivendo precariamente, mais como autônoma do que como assalariada, improvisavam continuamente suas fontes de subsistência. (DEL PRIORE, 2009, p.379). Desse modo, as precárias condições econômicas das famílias chefiadas por mulheres são explicadas, pelo menos em parte, pela baixa remuneração do trabalho executado, porque estas mulheres são, freqüentemente, as únicas responsáveis, tanto pelo sustento familiar como pela realização das tarefas domésticas, alimentação, ou seja, pela provisão dos recursos materiais necessários para a manutenção de todos os membros daquela família. No que diz respeito a esse último aspecto, vários estudos têm demonstrado que a participação das mulheres brasileiras no mercado de trabalho se dá predominantemente no setor de serviços, no segmento informal e desprotegido, onde recebem rendimentos menores por desempenharem atividades supostamente menos qualificadas (BRUSCHINI, 2000). Segundo Pacheco (2005), os domicílios chefiados por mulheres no país, estão super-representados entre os pobres, provavelmente em decorrência das discriminações salariais por gênero. De fato, os núcleos domésticos-familiares chefiados por mulheres estão em desvantagem, não somente em relação à renda familiar, mas também em termos de acesso aos serviços públicos básicos, inclusive o de seus filhos à educação. É possível afirmar ainda que, se as oportunidades de inserção da mulher no mercado de trabalho são geralmente inferiores às dos homens, no caso das mulheres pobres as desigualdades se tornam ainda maiores. Pois, o mercado de trabalho geralmente oferece salários menores e ocupações dentro de um processo produtivo mecanizado, pouco qualificado e de contratos temporários, baseados na lógica de redução de custos, sem nenhuma forma real de valorização do trabalhador (BRUSCHINI, 2000). 4.1 A mulher na contemporaneidade Para Del Priore (2009, p.536) os “estudos antropológicos sobre famílias brasileiras de baixa renda têm apontado para a natureza aberta da unidade doméstica”. Assim, no cenário contemporâneo a mulher chefe de família, dependente do trabalho mal remunerado e alienado, ainda é a responsável pela criação dos filhos e vivendo em condições de conflito devido a falta de recursos econômicos para garantir sozinha o sustento e a sobrevivência da família. Tudo isto, em parte é dificultado pela baixa remuneração concedida a mulher. Pode-se constar que, Com a nova realidade do trabalho torna-se mais visível a discriminação contra as mulheres: salários menores, maior freqüência do não registro em carteira, além de assédio sexuais por parte dos feitores, empreiteiros e outros agentes do controle do trabalho (DEL PRIORE, 2009, p.563). Enfim, no caso das mulheres chefe de família com baixa renda, o reflexo das condições econômicas é determinante para acentuar a marginalidade social bem como o preconceito e a discriminação.

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