MARGINALIDADE SOCIAL
3.1 Metodologia
O estudo foi realizado no bairro do Pedregal, município de Campina Grande-PB. A pesquisa busca investigar à medida que a falta de escolaridade exigida para o mercado de trabalho influencia no processo de marginalização social, bem como as formas de marginalização ocorrida em virtude dos vários aspectos manifestados na sociedade. Além disso, procurou-se levantar variáveis referentes ao grupo familiar, à ocupação dos menores e de seus pais ou responsáveis, em relação à escolaridade, a fim de se obter uma descrição dos indivíduos.
3.1.1 População alvo
A população alvo deste estudo constitui-se de jovens e adolescentes entre 16-20 anos de idade.
3.1.2 Amostra
Foram selecionadas para amostra 423 pessoas que trabalham em diferentes ocupações, objetivando verificamos até que ponto o nível baixo de escolaridade contribui para o acirramento da marginalidade social nesta comunidade.
3.1.3 Características da área
Localizado na zona oeste do município de Campina Grande Estado da Paraíba, o bairro do Pedregal destaca-se como um dos mais carentes. O bairro é distribuído em quatro áreas: Pedregal I, II, III e IV. Surgiu por um processo marcado pela ocupação irregular do Loteamento Nossa Senhora de Fátima, podendo ser considerado pelo seu significado histórico, como umas das primeiras grandes áreas de conflito e de luta pela demanda da habitação no município.
A área ocupada é de particulares (proprietários diferentes). É provável ainda que tenha proprietário que ainda não sabe que seu terreno foi invadido. Antes de ser invadida esta área servia para plantio da cultura de macaxeira, batata, feijão e milho, pela característica tipográfica do terreno bastante irregular, acidentado e com muitas pedras originou-se o nome do bairro. A população do Pedregal cresceu de forma desordenada, aproximadamente em 30 anos são mais de 10.000 habitantes (CENSO 2000).
3.1.4 Procedimentos Metodológicos
A pesquisa realizada é de natureza qualitativa e quantitativa a fim de serem coletadas informações sobre as formas que têm promovido a exclusão social e, conseqüentemente, a marginalidade social principalmente entre os jovens e adolescentes entre 16-20 anos de idade. Assim, para realização deste estudo, foi necessária a aplicação de entrevistas para alcançar os objetivos propostos.
A partir da apresentação desses dados, através de tabelas simples procedeu-se à análise dos dados. Portanto, para a presente, foram utilizados os resultados das entrevistas com os moradores do bairro, revelando os aspectos referentes à escolaridade e às ocupações do grupo pesquisado. Realizou-se a coleta dos dados através dos instrumentos metodológicos relacionados acima. As observações possibilitaram o contato direto do pesquisador com o fenômeno observado de maneira sistematizada com o objetivo de obter os dados necessários para realização do presente estudo.
3.2 Aspectos Gerais
Os problemas sociais enfrentados no Brasil vêm marginalizando grande parte da população. A concepção de marginalidade desenvolveu-se, referindo-se principalmente a grupos sociais e não a indivíduos. (SCHNEIDER, 1987, p.24).
No Brasil, assim como os demais países da América Latina, a marginalidade começou a ser encarada tanto como problema teórico como prático, fundamentalmente após a Segunda Guerra Mundial. O ritmo acelerado de urbanização provocado em grande parte pelas migrações rurais-urbanas, fez com que as populações migrantes fossem se estabelecendo na periferia do corpo urbano das grandes cidades.
Geralmente, essas populações foram chegando e estabelecendo-se em pequenos núcleos, fora do raio urbano da cidade, sem que chamassem atenção para seu problema. Aos poucos, porém os deslocamentos da população foram aumentando e se transformando em verdadeiras invasões migratórias, à medida que decidiam tomar à força o espaço necessário para a sua moradia nos grandes centros urbanos.
Assim,foram formando-se habitações muito primitivas e pobres que, pela sua localização, geralmente 1a margem das grandes cidades, passaram a ser denominadas populações “marginais”. Desta forma, num primeiro momento, a marginalização trazia uma conotação nítida físico-espacial, isto é, considerava-se marginal toda a população urbana que morava na periferia. A precariedade das moradias era o problema que mais se tornava visível em tais conglomerados.
Vale ressaltar que a resposta dos políticos e dos técnicos em planejamento urbano para a marginalidade vista como problema ecológico foi a partir da construção das chamadas vilas populares, que visavam “desfavelar” as grandes cidades. Cedo, porém, deram-se conta do fracasso da medida, pois apesar do desfavelamento, as populações continuavam crescendo e proliferando-se pelas cidades. Esse fato abalou as convicções dos que acreditavam que a pobreza se restringia a um problema ecológico que devesse ser tratado urbanisticamente, pois indicava que essas populações eram despossuídas não tanto por sua localização físico-periférica, mas por fatores mais amplos, que se situam no âmbito do processo global de desenvolvimento de um país. (SCHNEIDER, 1987).
Por outro lado, de uma localização inicial às margens da zona urbana, esses habitantes pobres se localizaram posteriormente também em áreas centrais decadentes da cidade. Por outro lado, tornou-se flagrante que não apenas as moradias da população eram deficientes, mas toda uma série de condições sócio-econômicas e culturais que caracterizavam sua maneira de viver. A escassez de serviços urbanos, as más condições sanitárias, o baixo nível de renda e educação, a baixa qualificação profissional, o subemprego, o desemprego, a anomia, a desorganização familiar e a falta de participação social, entre muitos outros traços adotados para caracterizar a pobreza, foram associados à precariedade habitacional das populações carentes. Assim, de uma abordagem puramente ecológica passou-se a examinar e enfatizar a situação de vida dessas populações. Segundo o autor Quijano (1978), argumenta:
Como qualquer outra forma de marginalidade social radical setorial está determinada pelo caráter mesmo da estrutura básica da sociedade, o que constitui outro modo de indicar o sistema de dominação social. As características concretas dos elementos que configuram a situação concreta precisam ser explicadas, e isso só se torna possível por uma ampliação e aprofundamento do quadro de referência, a fim de se abarcar o conjunto de estrutura geral da sociedade. (QUIJANO, 1978, p.78)
Pode-se dizer que o crescimento da desigualdade social tem produzido muitos pobres. E como conseqüência da presente globalização da economia, promove-se, também, a acumulação da riqueza, sem que fosse distribuído benefício social para a melhoria da qualidade de vida da população.
A marginalização social tem representado fator evidente das péssimas condições econômicas da população menos favorecida. O índice de desemprego altíssimo no país ou mesmo do subemprego demonstra a precariedade de vida da maioria da população. O crescimento do número de favelas, conseqüentemente, o aumento significativo dos aglomerados populacionais ocorridos devido às migrações rurais vem multiplicar o número de despossuídos na sociedade, por isso, quando se aborda a questão da dominação social o fato se dá pela injusta distribuição da riqueza, o que implica a concentração de riquezas cada vez mais nas mãos da minoria, acirrando as injustiças e os problemas sociais na sociedade. Na realidade, o aprofundamento das desigualdades sociais, agravadas pelo processo contínuo de concentração de riquezas propicia a expansão e multiplicação da pobreza.
Entretanto, no que se refere à pobreza, pode-se dizer que é um conceito de caráter relativo, referindo-se à estrutura de vida, bem estar e de participação no cotidiano social, historicamente condicionado para cada sociedade. A pobreza, reconhecida de forma simplificada como uma condição de insuficiência de renda, é determinada, simultaneamente, pelo nível da renda familiar.A redução da pobreza, portanto, depende diretamente do crescimento econômico e da diminuição do grau de desigualdade. No Brasil, especificamente no Nordeste, a pobreza se revela como a manifestação extrema da desigualdade econômica e social, cujas raízes se fincam no processo histórico de nossa colonização e da dependência política e econômica a que fomos submetidos em passado recente.
Segundo IDEC (2000b), “as experiências de redução do nível de pobreza então associadas, a períodos de crescimento econômico, relegando-se a um plano secundário as alternativas de combate à desigualdade”. Na realidade, o Brasil é um país extremamente injusto e desigual, com muitos pobres. A sociedade brasileira não tem enfrentado problemas de escassez, absoluta ou relativa de recursos para erradicar o seu nível atual de miséria. A desigualdade é o principal fator determinante da pobreza. A desigualdade encontra-se na origem da pobreza, e combatê-la torna-se uma questão moral, de cidadania e justiça social. A erradicação da pobreza está intimamente ligada a políticas redistributivas compensatórias como a de renda mínima.
É comum atribuir-se à educação o papel de redentora de uma sociedade, capaz de corrigir as desigualdades existentes no âmbito econômico. A educação é encarada como um instrumento eficaz de a população menos favorecida melhorar sua situação econômica diminuindo assim as desigualdades. Segundo Cunha (1979), tal pressuposto é falso e fornece cinco razões para fundamentar a afirmativa. Pode-se dizer que as oportunidades de escolarização não são alcançadas por todos. Na realidade, o atendimento do sistema educacional é extremamente desigual entre as classes sociais, haja vista se verificar uma grande desigualdade na qualidade do ensino. A qualificação profissional constitui-se em produto da educação recebida, e se há desigualdade em termos de qualidade, não podemos dizer que existe igualdade de oportunidades para todos, mesmo quando propagamos o slogan de educação para todos. É preciso consideramos que as aptidões individuais não são características inatas; ao contrário são produto da educação associada as condições de vida no que se refere aos aspectos, psicológicos, socioeconômico e outros.
Observando a Tabela 1, prende-se a atenção na falta ou na pouca escolaridade dos jovens. Entre analfabetos e Ensino Fundamental, verifica-se o significativo percentual de 70,7%. No Ensino Fundamental II verificam-se apenas 15,8%. Também no que se refere aos que estavam cursando o Ensino Médio, constata-se um percentual muito baixo de 12,2% para aqueles matriculados no Ensino Superior só se constata 1,2% entre os 423 entrevistados. A necessidade que leva a maioria dos jovens e adolescentes a ingressar na força de trabalho, quando não estão qualificados ou ainda não concluíram a escolaridade desejada, é aliada outros fatores, um dos fatores diminui e até exclui suas possibilidades de escolarização, conforme Tabela 1.
DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO ESCOLARIDADE
NÍVEL DE ESCOLARIDADE JOVENS PERCENTUAL %
ANALFABETO 82 19,4%
FUND.INCOMPLETO 217 51,3%
FUND.COMPLETO 67 15,8%
ENS.MÉDIO 52 12,3%
ENS.SUPERIOR 05 1,2%
TOTAL 423 100%
FONTE: PESQUISA 2003
Percebe-se que 70,7% dos entrevistados abrangem os analfabetos e Ensino Fundamental incompleto; 15,8% refere-se aquele no ensino Fundamental completo, enquanto 12,2% dos jovens cursam ou cursaram o Ensino Médio e apenas 1,2% estão cursando algum curso de nível superior.
TABELA 2
DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO SITUAÇÃO OCUPACIONAL E IDADE
IDADE 16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS 19 ANOS 20 ANOS
TRABALHA 60 85 07 26 25
NÃO TRABALHA 51 58 02 27 31
NUNCA TRABALHOU 01 01 - 02 -
TOTAL 112 144 09 55 56
FONTE: Pesquisa 2003
Pode-se concluir que, a partir dos 17 anos, o maior número de menores trabalhando em detrimento daqueles que não trabalham. O fato destes menores terem de trabalhar com idade jovem constitui-se, provavelmente, num dos fatores condicionantes a que não tenham as mesmas oportunidades de escolarização de outros jovens da classe média e dominante, que nessa idade só se dedicam ao estudo, preocupando-se em ingressar na força de trabalho somente quando formados com a graduação do nível superior. O registro de maior número de jovens trabalhando com 17 anos de idade, imaginamos que a causa principal esteja ligada à transição entre os 16 e 18 anos.
TABELA 3
DISTRIBUIÇÃO DOS JOVENS SEGUNDO O TIPO DE OCUPAÇÃO
TIPO DE OCUPAÇÃO IDADE
16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS 19 ANOS 20 ANOS
Ocupações manuais não-especializadas
52
61
04
23
21
Ocupações manuais especializadas
03
10
01
01
--
Ocupações não manuais de rotina
03
09
01
01
05
TOTAL 58 80 06 26 25
Fonte: Pesquisa 2003
Os dados da tabela 3 nos chamam atenção para os percentuais referentes às ocupações manuais não-especializadas, que de longe superam os percentuais referentes as outras categorias, em qualquer faixa etária. Verificamos assim, que além de ter de contribuir com a renda familiar muito cedo, os menores aqui estudados só conseguem inserir-se em ocupações do mais baixo nível socioeconômico. Das ocupações manuais não-especializadas exercidas pelos menores, destacaram-se as de vendedores ambulantes e de empregadas domésticas ambos com 11,8%, as de serventes ou ajudantes de pedreiro 10,8%, as de auxiliares de mecânico 7,2%, dos biscateiros 5,6% e outras tantas distribuídas por diferentes tipos de ocupações.
A grande maioria dos rapazes exerce uma gama de ocupações manuais não-especializada, como as antes referidas. No entanto, 11% exercem ocupações não manuais de rotina, como a de auxiliar de escritório e a de comerciário, balconista. São ocupações que exigem uma escolaridade de Ensino fundamental completo ou Ensino Médio. Nas ocupações especializadas, destacam-se as funções de ajudante de marceneiro e de ajudante de padeiro.
No que se refere ao sexo feminino, estavam exercendo ocupações manuais não-especializadas, além do que todas eram empregadas domésticas. O trabalho feminino, pois, constitui-se apenas numa extensão ou uma repetição do trabalho caseiro. O fato de que as meninas sejam educadas para o trabalho de dentro de casa ou quando trabalham fora, para trabalhar dentro de casa dos outros, ainda segue a divisão do trabalho concebida já no antigo Egito.
O trabalho realizado em casa é considerado como um prolongamento da própria condição fisiológica do sexo feminino, portanto, como função natural, por imposição divina. Sobre as mulheres que trabalham fora de casa, pesa sempre a suspeita de prostituição ou de serem conduzidas a ela pelo fato de sua atividade.
Veja-se a Tabela 4, abaixo:
TABELA 4
DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE OCUPAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
TIPOS DE OCUPAÇÃO QUANTIDADE
Ocupações não-especializadas 37
Ocupações manuais especializadas 62
Ocupações não manuais de rotina 15
Supervisão de trabalho manual 03
Posições mais baixas de supervisão de ocupações não-manuais
01
Profissões liberais, cargos de gerência. 02
TOTAL 120
Fonte: Pesquisa 2003
Pode-se observar pela Tabela 4 que 82,4% dos pais ou responsáveis dos menores registrados exercem trabalhos classificados entre ocupações manuais especializadas e não-especializadas. Entre estas últimas ocupações destacam-se as de operário não qualificado (5, 0 %), as de guarda (4,2%) as de lavador de carros ou carroceiro ambas com (2,5%) e outras como as de biscateiros, vendedor, ambulantes, jardineiro, verdureiro etc.
Pode-se constatar que a maior parte dessas ocupações representa níveis de remuneração muito baixas, e quase todas são ocupações de autônomos, por não conseguirem se inserir de forma efetiva na força de trabalho, os cidadãos são obrigados a recorrer a atividades de subemprego disfarçado.
Nas ocupações manuais especializadas, que engloba a maior parte dos pais ou responsáveis, uma grande parcela (15,8%) exerce as atividades de pedreiro. No entanto, tais ocupações são marcadas por uma flutuação e rotatividade muito grande de operários. Segundo Kowarick (1975), há também o setor da construção civil cuja dinâmica apóia-se numa situação, muitas vezes, marcada por sensíveis flutuações no emprego. Ainda nas ocupações manuais especializadas, registraram-se motorista, dono de mercearias e sapateiro. Um porcentual baixíssimo (2,5 % ) foi registrado nas ocupações de supervisão de trabalho manual, como o de mestre de obras. Segundo as ocupações não-manuais de rotina, a maior incidência recaiu sobre aqueles pais que eram funcionários públicos, secundados por aqueles que eram corretores de imóveis, entre outros. Em relação à posição mais baixa de supervisão de ocupações não manuais, registrou-se apenas 0.8% e nas profissões liberais, cargos de gerência etc., apenas 1,8%. À medida que as ocupações crescem em importância e em renumeração dos pais nessas ocupações.
DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE OCUPAÇÕES DAS MÃES OU RESPONSÁVEIS.
TIPOS DE OCUPAÇÃO QUANTIDADE
Ocupações manuais não-especializadas 80 72,8
Ocupações manuais especializadas 16 14,5
Ocupações manuais de rotina 12 10,9
Posições mais baixas de supervisão 1 0,9
Profissões liberais e assemelhadas 1 0,9
TOTAL 110 100,0
Fonte: Pesquisa 2003
Em relação às ocupações das mães, pode-se observar que quase ¾ delas exercem trabalhos na categoria de ocupações manuais não-especializadas, isto é, daqueles serviços mal remunerados. Assim sendo, obteve-se como resultado que 33,6% são empregadas domésticas; 16,4%, faxineiras; 10, 0 %, lavadeiras ; 7,3%, cozinheiras entre outras, como passadeiras de roupa, serventes, ou serviços gerais dentro do serviço público.
Pode-se verificar, ainda, que são todas as ocupações de mulheres que se viram forçadas a auxiliar no orçamento familiar, e por não terem formação profissional alguma, passaram a exercer fora de casa ocupações que nada mais são do que um prolongamento de seus afazeres domésticos.
Segundo Kowarick (1979), esses serviços que gravitam em torno das atividades domésticas, da nutrição, limpeza e vestuário são atividades que, em muitos casos, podem representar um rebaixamento do custo de reprodução da classe trabalhadora, pois o preço dos serviços prestados é inferior ao salário pago no setor empresarial.
O trabalho feminino resulta da crescente miséria do proletariado com a idéia de que ao mesmo tempo torna viável a emancipação da mulher. Na realidade, a mulher com trabalho remunerado passa por dupla exploração, uma sob o trabalho mal remunerado fora de casa e outra sob o trabalho não-remunerado de dentro de casa.
Entre as mulheres com ocupações manuais especializadas encontram-se 7,3% de costureiras, 1,8% enfermeiras e outras como zeladoras, cabeleireiras, donas de bancas de frutas, verduras etc. como costureira, as mulheres mais uma vez confirmam o exercício de uma das atividades milenarmente consideradas como também uma de suas funções. Já na antiguidade eram as mulheres que teciam nos teares e mais tarde passaram para as fábricas têxteis ou autonomamente à máquina de costura.
Esses dados confirmam mais uma vez que quanto mais as ocupações crescem em hierarquia de prestígio e, conseqüentemente, de remuneração, menor é o número de pais e mães registrados nestas condições. Além disso, o trabalho feminino localiza-se muito mais nas categorias das ocupações não-especializadas do que o trabalho masculino. Apesar de não terem sido possíveis informações sobre o nível de renda familiar, basicamente, registrou-se apenas um nível socioeconômico: o pobre.
Pode-se acrescentar, ainda , que, no bairro do Pedregal, as famílias se encontram em estado de miséria, com rendimentos iguais ou inferiores a ¼ do salário mínimo, outras famílias, incluídas as precedentes, se acham em estrita pobreza, com rendimentos iguais ou inferiores a meio salário mínimo. Além das famílias com rendimentos iguais ou inferiores a um salário mínimo cujo valor mensal tem sido demasiadamente baixo. No entanto, a pobreza é um fenômeno complexo, relacionado a vários tipos de carência, sendo difícil de ser definida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre as populações marginalizadas, ou seja, onde se cultiva uma cultura de pobreza, observamos quatro características distintas nesta sociedade nos seguintes aspectos: 1)ausência de participação e integração e efetiva dos pobres nas principais instituições da sociedade; 2) ao nível da comunidade observamos a existência de condições precárias de habitação; 3) no âmbito da família, os principais traços da cultura da pobreza são a ausência da infância como um estágio prolongado e protegido do ciclo vital, além da iniciação sexual precoce, uniões livres casamentos consensuais, ocorrência relativamente freqüente de abandono da esposa e filhos; 4) no nível do indivíduo, os principais traços são um forte sentimento de marginalidade, de desamparo de dependência, inferioridade e violência urbana.
Pode-se dizer, ainda, que a maioria dos menores estava exercendo ocupações manuais não-especializadas, isto é, aquelas ocupações de nível mais baixo. Observou-se, também em relação ao tipo de ocupações exercidas pelos pais dos menores entrevistados, que pouco mais da metade dos pais está exercendo ocupações manuais especializadas e, na base de 30%, ocupações manuais não-especializadas, quase ¾ das mães exercem ocupações manuais não especializadas.
No que diz respeito à escolaridade, constatou-se que mais da metade dos menores têm escolaridade de Ensino Fundamental incompleto, ao passo que praticamente 20% ainda eram analfabetos. De fato, pode-se concluir que se evidencia ou se delineia um quadro no qual a situação de marginalização serve como “moldura social”. Os tipos de ocupação exercida, as condições de residência, a falta de escolaridade, enfim, a situação socioeconômica em geral, levam a deduzir, através dos dados apresentados, que é nas camadas de poder socioeconômico mais baixo onde se situam aqueles que, marginalizados pelo seu modo de inserção no sistema produtivo, acabam marginalizando-se também em outras áreas. Portanto, a marginalidade segundo foi visto, é resultado do modo de inserção no sistema de produção capitalista dependente. A situação social concreta que foi analisada, isto é, a situação ocupacional dos menores e o tipo de ocupação dos mesmos e a de seus pais, mostrou que a maior parte se ocupa com atividades marginalizadas.
O atual contexto socioeconômico no qual o país está inserido, exige do governo e da sociedade uma atuação conjunta visando reduzir os problemas sociais. É fundamental o desenvolvimento de atividades de cunho social principalmente entre as comunidades mais carentes. É responsabilidade do Estado a reeducação da sociedade, o trabalho social tanto resgata o cidadão como sua cidadania, por isto é de grande relevância para o município contribuir para diminuir o índice da pobreza, daqueles que não tem qualquer amparo da sociedade.
Portanto, a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para tanto, é necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações podem ser exemplos disso.
REFERÊNCIAS
CHOSSUDAVSKY, M. A globalização da pobreza: impactos das reformas do FMI e do Banco Mundial. São Paulo: Moderna, 1999.
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DURKHEIM, Emile As regras do método sociológico 3 ed. São Paulo: Ed. Nacional 1963.
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HOFFMANN, H Desemprego e subemprego no Brasil. São Paulo: Ática, 1977.
KOWARICK, Lucio Capitalismo e marginalidade na América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
NIEDELCOFF, Maria Teresa Uma Escola para o povo. São Paulo: Brasiliense, 1979.
MARX, Karl O capital. V.2. rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980
MATA, M. O Brasil tem futuro? São Paulo: Ática, 1979
PREBISCH, R. Dinâmica do Desenvolvimento da América Latina: Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.
QUINJANO, A O Notas sobre o conceito de marginalidade social. IN: PEREIRA, L, Populações marginais. São Paulo:Duas Cidades 1978.
SCHNEIDER, Leda Marginalidade e delinqüência Juvenil. São Paulo: Cortez, 1987
STOLCKE, Verena. Mulheres e Trabalho. In: ,HUMPHREY, John, et al. .Trabalho e dominação. [s/l].Estudos CEBRAP, 1980, v.26.
domingo, 3 de janeiro de 2010
DESCORTINANDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS EM CAMPINA GRANDE: UMA HISTÓRIA SOBRE OS FESTIVAIS DE INVERNO
pretendemos analisar as inovações que ocorreram na programação dos Festivais de Inverno, uma vez que assumiu uma nova roupagem mesmo que mantendo a tradição nos espetáculos haja vista que desde o seu nascimento em 1976 até 2005 as apresentações artísticas permaneceram da mesma forma, no sentido de produção da arte baseada nos espetáculos de música, dança e teatro sem direcionamento de uma temática para o espetáculo. Isto é, não havia a preocupação de novas práticas inovadoras no evento, persistindo o mesmo roteiro artístico ao longo dos anos.
A precursora, Eneida Agra, mostrou alguns deslizes ao decorrer de mais 30 anos sem mudar a forma do Festival de Inverno em Campina Grande, com a globalização, o avanço tecnológico poderiam inovar as concepções e posicionamentos culturais na cidade ao longo do processo.
Talvez devido à necessidade de não deixar morrer os Festivais Eneida Agra junto a coordenação do Evento decidiram realizar a partir de uma temática especifica para os eventos somente a partir de 2006, evidenciando uma nova roupagem nos Festivais, mas, mantendo a tradição da cultura brasileira. Por isso, tentarei mostrar as mudanças realizadas conseqüentemente provocadas pelos elementos da modernidade. De fato, a atualidade é marcada por debates acalorados em torno da possibilidade de estarmos ou não vivendo ainda a era moderna ou de já termos entrado numa era pós-moderna. Entendemos que estamos vivendo um momento inteiramente novo e original que exige novas teorias e políticas.
Vivemos um tempo de mudanças e transformações desde os anos 1960, uma vez que houve uma série de modificações na cultura e na sociedade de todo o mundo. Desse modo, os novos modelos culturais surgiram e desafiaram as formas estabelecidas de sociedade e cultura e produziram novas contracultura e formas alternativas de vida.
Neste texto abordo o significado político-cultural dos Festivais de música, de dança e de teatro organizados. Percebemos como características fundamentais desses Festivais a mistura de tradições culturais, a predominância do que Eric Hobsbawm designa “canções populares” que marca esta produção/criação artística.
Em 2005, o Festival de Inverno organizou várias atividades culturais e intelectuais para o publico campinense. Nesse sentido, realizou o 3º Congresso de Cultura, reunindo produtores de todas as regiões do Brasil. O 1º Encontro de Dramaturgos do Nordeste, o Encontro de Diretores da Rede Brasil de Promotores Culturais, além das tradicionais oficinas, conferências e espetáculos de dança, música, teatro e arte visuais, a exemplo de Ana Botafogo, Cia. de dança Alaya, grupo de Teatro SESC Amazonas, Sinvuca e orquestra sinfônica da Paraíba, Quinteto Paraíba, Belchior, entre dezenas de outros.
Segundo sua idealizadora Eneida Agra, “a credencial do Festival de Inverno é a sua própria história”. Criado em 1975, sobreviveu ao autoritarismo, fortaleceu-se na democracia e consolidou-se na contemporaneidade, acompanhando sempre o que existiu de mais moderno no país e no exterior, o Festival desenvolveu projetos culturais, sociais e educacionais, contribuindo não apenas para as atividades artísticas, mas para o desenvolvimento humano.
Embora com práticas artísticas diferentes, estes artísticas têm em comum o fato de serem construtores de um Nordeste, cuja visibilidade e dizibilidade estão centradas na memória, na reação ao moderno, na busca do passado como dimensão temporal; assinaladas positivamente em sua relação com o presente.
Em 2005, Elba Ramalho participou deste espetáculo juntamente com a apresentação da Cia. de dança mineira no Primeiro Ato, destacando o espetáculo “O Mundo Perfumado”. Também marcou presença Carlinhos de Jesus, dançarino que exportou o nome do Brasil para grandes acontecimentos internacionais de dança, na oportunidade o espetáculo “Isto é Brasil”, já enfatizado, contou com a participação muito especial da bailarina clássica Ana Botafogo.
É dentro deste contexto que surgem as formulações culturalistas, esta procura da harmonia alia-se à procura da permanência da manutenção da ordem. No entanto, percebemos que o pensamento nordestino se orienta mais pelo sentido de uma cultura tradicional baseada numa realidade rural. Sempre pensando como regiões rurais mesmo sendo desde longa data algumas das maiores regiões do país, são totalmente negligenciadas, seja na produção artística, seja na produção científica. As cidades nordestinas, mesmo nos eventos quando tematizados parecem ter parado no período colonial são abordadas como cidades folclóricas.
O Festival de Inverno na sua 30ª edição trouxe a apresentação do grupo de teatro “Tá Na Rua”, que há mais de 25 anos leva espetáculos de teor político às praças do Brasil, interagindo de maneira permanente com o público. Além disso, a celebração ao Dia do Folclore, 22 de agosto constitui-se em uma festa popular na Praça da Bandeira com apresentações de grupos populares de todo o Estado (Zabelê, Alcantil, João Pessoa, Riacho de Santo Antônio, Campina Grande).
Entendemos que os Festivais de Inverno proporcionam a participação dos mais diferentes grupos de artistas que de maneira democrática participam do evento de acordo com a cultura de sua região. Não existe uma melhor ou pior apresentação cultural, mas uma diversidade de talentos e mostras culturais brasileiras que engrandecem a comunhão entre a tradição e a cultura.
O Nordeste mesmo sendo visto por alguns modernistas como o último reduto da cultura brasileira, entendida como cultura luso-afro-ameríndia, por não ter passado pelo processo de imigração em massa. É importante, pois, acompanhar não apenas a institucionalização do evento, feita pelo discurso de seus governantes e coordenadores, ou pelo contraponto com o olhar dos intelectuais de outras áreas do país, mas também acompanhar o trabalho dos artistas e romancistas que produziram esta elaborada imagético-discursiva regional de real poder de impregnação e de reatualização. O Nordeste espaço da saudade, da tradição, foi também inventado pelo romance, pela música, pela poesia, pela pintura, pelo teatro etc.
Por isso, é notório nos Festivais de Inverno, os espetáculos marcados pelo regionalismo como: Alaya (Brasília), com o espetáculo “Matracar”; Experimental (PE) com espetáculo “Lúmem”; Cia. dos Homens (PE) com “Labirinto”; Andança (RS) com um espetáculo que mostrará a riqueza cultural das danças gaúchas e a Cia. Ilimitada, da Bahia, com o espetáculo “Imagens”, foram de suma importância para o prestígio dos Festivais de Inverno em Campina Grande-PB.
Sem dúvida, destacou-se os espetáculos de bailarinos e coreógrafos como Rui Moreira (MG), um dos mais premiados do país e com uma série de apresentações e prêmios recebidos no Brasil e exterior. Moreira apresentou o espetáculo “Receita”. Na parte musical, haverá ainda a apresentação da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Percebemos que as outras regiões do país com culturas diferentes adotam como características artísticas o ballet moderno, como foi destaque em 2008 a apresentação do Ballet Quartier Latin e Beatles Lado D. Na realidade, a mudança nos códigos que regem a arte e a cultura se expressa no enfraquecimento dos fatores ditatoriais, na decadência do mundo arcaico.
Assim, na programação dos cursos e oficinas que aconteceram no Centro Cultural e Centro de Tecnologia Educacional Professor Severino Loureiro. Paralelo ao Festival, durante o III Congresso Paraibano de Cultura onde foram discutidos os últimos 30 anos de produção artística no Brasil, décadas vivenciadas pelo próprio Festival de Inverno. Também são ministrados cursos para bailarinos, atores, danças populares, além de um curso especial para educadores da Secretaria de Educação do Município. Todas as apresentações e oficinas acontecem no Teatro Municipal Severino Cabral, Praça da Bandeira, SESC- Serviço Social do Comércio, localizado no Centro, Circo da Cultura, Teatro Rosil Cavalcante e Teatro Raul Pryston (Monte Castelo).
Para Eneida Agra Maracajá, coordenadora do Festival, além das apresentações nacionais, o evento tem como meta valorizar a “prata da casa”, nas áreas de dança, teatro e música, inclusive com a realização de oficinas. “Campina Grande tem um celeiro de talentos, inclusive de dançarinos populares. O festival possibilita uma dimensão mais ampla, inclusive o caráter pedagógico através das oficinas”, inova no sentido histórico-cultural.
Mas é um caminho de pedras que ficará mais explicitado a profunda ambigüidade do projeto de transformação social muito voltado para o passado do que para o futuro. A arte trata da relação entre o artista e a cultura do seu tempo. Por muitos anos o Nordeste foi espaço de tradição, da saudade, não se faz apenas pelo discurso sociológico ou historiográfico. Ela é fundamental na transformação das formas visuais das imagens produzida pelo pintor, pela música, pelo teatro, enfim, pelas manifestações culturais como um todo.
A criadora dos Festivais é vista pelos jornais da cidade como aquela que promove a arte em Campina Grande-PB, sempre buscando inovar, no sentido de acompanhar o desenvolvimento da sociedade por isso, a partir do ano 2006 os Festivais de Inverno incorporou uma nova roupagem ao espetáculo. Este passou a seguir uma temática com o objetivo de atender a demanda da sociedade contemporânea em discussão a construção da cidadania. Atualmente a cultura local tem sido priorizada, uma vez que as manifestações culturais têm compromisso com a sociedade. E assim, as atrações culturais expressam a realidade de cada região brasileira porque cada espetáculo traz para o público uma produção independente, com característica especifica da região. E isso é fazer arte. É importante investir na cultura artística por que a arte é imortal
Em 2006, o Festival de Inverno de Campina Grande ostenta um cargo novo dentro do seu organograma: o de diretor de articulação. Atribuído ao sociólogo Noaldo Ribeiro , essa função designa, talvez, o amplo leque de atribuições que o mesmo tem dentro da estrutura de um evento que, finalmente, posicionou-se politicamente. Em uma de suas primeiras entrevistas promocionais, a educadora e “cangaceira da cultura”, Eneida Agra Maracajá, afirmou que “o Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-íris, não tem partidos”, externando a idéia de que no evento há lugar para todas as cores, desde que o financiem. Essa fala da promotora incansável, apesar de sexagenária, indica que o mal-estar político do festival passado pegou mal. Num mesmo palco, na noite de abertura, trocaram farpas prefeito e governador e, atônita, a guerreira Eneida não pôde tomar partido de nenhum – afinal, como de praxe, recebeu verbas públicas de ambas as esferas do poder. Seria, no mínimo, deselegante para uma dama da cultura ser simpática ao verde em detrimento do laranja ou vice-versa. Sem uma captação de verba efetiva da iniciativa privada, o festival tem que ter muito jogo de cintura.
Com isso, firmando cada vez mais a hipocrisia e demagogia dos líderes políticos em Campina Grande, estes como outros posicionamentos negativamente egocêntricos, fazem com que a população veja os eventos como um pedestal de promoções de cunho político ou de qualquer área afim.
O Jornal da Paraíba entrevista Noaldo Ribeiro e aborda dentre outros assuntos o Festival de Inverno em Campína Grande-PB, inclusive a “neutralidade partidária”. Para Noaldo Ribeiro, o objetivo dos coordenadores do Festival de Inverno era criar uma instituição que pudesse captar recursos. No entanto, um fato singular acelerou esse processo.
É interessante notar que o fator econômico como determinante coaduna com o próprio momento histórico vivido no país, em que a transformação da estrutura econômica aparece como um imperativo. Momento em que os estudos econômicos abandonam significativamente os investimentos de fundo cultural.
Entretanto, a FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, nos concedeu a honra de co-realizar o Festival, exigindo que o Poder Público Municipal delegasse ao Solidarium a tarefa de realizá-lo. Isto foi feito pela prefeitura e, a partir de então, passamos a assumir efetivamente a realização do evento.
Percebemos que em relação a captação de recursos, mas 90% dos recursos que são recebidos pelo evento tem sido de origem governamental (Governo do Estado, Prefeitura, FUNARTE- Fundação Nacional de Arte, CHESF – Companhia Hidrelétrica de Energia de São Francisco).
O discurso nacional-popular vai tendendo, pois, a reelaborar a própria noção de cultura introduzindo a necessidade de que esta, para expressar os interesses do povo, fosse dotada de uma visão revolucionária, em relação a condição deste povo, e da sociedade nacional. Cultura é vista como sinônimo das manifestações estéticas voltadas para a discussão da questão do poder e da política. Na realidade, a expressão cultural é reforçada cada vez mais para atender os interesses da classe média-alta, e sua participação no mundo da política do pais.
Conforme Noaldo Ribeiro, o Festival de Inverno passou por um momento de transição. O fato de o Solidarium ter conseguido, sem interferência de nenhum outro agente, captar recursos junto à CHESF- Companhia Hidrelétrica de Energia de São Francisco e à PETROBRAS -, sendo que com esta última não foi possível assinar o contrato por problemas de tempo, já significa um grande avanço para um instituto que tem apenas dois anos. Por outro lado, ainda é incomum na região contar com a participação da iniciativa privada, embora seja esta a nossa perspectiva.
O crescimento numérico deste grupo social, notadamente a partir do crescimento dos setores ligados às profissões liberais e das grandes cidades torna esta classe não apenas uma das principais consumidoras dos artefatos e manifestações culturais do país, mas também umas das principais participantes deste movimento cultural e que o povo cada vez mais parecem ser composto dos estratos médios e burgueses da sociedade.
Na realidade, o Solidarium desenvolve outras ações além do Festival de Inverno, ou seja, as atividades desenvolvidas pelo Festival de Inverno (Cultura no Presídio, Projeto Carnavalesca e Girassóis do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) passaram a ser da responsabilidade da Solidarium. Segundo Noaldo Pereira, estas atividades estão ao alcance social de todos. Dentre esses projetos são visíveis, os objetivos no sentido de humanizar a vida carcerária, preservar os traços culturais do carnaval brasileiro e, finalmente, enriquecer os serviços em prol das crianças deste programa.
A necessidade de amarrar a história a esquemas conceituais, que a transformam num jogo de cartas marcadas, nasce exatamente do medo de seu caráter destruidor, sacrificial, medo da abertura para o vir-a-ser do finito limitado, para a surpresa que esta significa. Essa pretensão do tornar a história previsível e a realidade plenamente controlável pela visão não passa de uma vontade de poder, uma vontade de verdade e interpretação e não uma condição objetiva da história.
A trigésima primeira edição do festival traz como tema a Nordestinidade Brasileira, a partir de um conceito do antropólogo Gilberto Freire acerca da identidade cultural do homem nordestino. Que traços de diferenciação cultural do homem nordestino em relação aos demais deste país serão enfocados nas mostras deste ano.
Para Noaldo Ribeiro:
Na verdade, o tema escolhido tem um tom provocativo. Não se quer referendar a teoria do sociólogo de Apipucos, mas de colocá-la sob o crivo da discussão face às novas reflexões desenvolvidas atualmente, principalmente, pelos historiadores Michel Zaidan e Durval Muniz. Por isso, a preocupação das mostras de música, dança e teatro é a de fazer desfilar pelos palcos do Festival as várias estéticas artísticas que vão desde o violeiro repentista, passando pela tradição de Benedito do Rojão, adentrando a modernidade de Elba e Geraldinho Azevedo, até o som contemporâneo da Nação Zumbi.
Para o sociólogo, Noaldo Ribeiro, a atual relação do homem nordestino com os de outras regiões do país, em especial sul e sudeste, está havendo mais tolerância e respeito para conosco. Sabemos que a relação do nordestino com pessoas de outros estados brasileiros é permeada de certo mito que define o nordestino como um pobre coitado. Na verdade, temos um presidente nordestino, isso demonstra que a coisa não é bem assim. De fato, a própria dramaturgia e demais formas de artes, talvez, tenha contribuído para formar no imaginário essa imagem pejorativa sobre o nosso povo. É o caso de reagir, de ser sartreano: "Não importa o que os outros pensam da gente. O que importa é o que fazemos com aquilo que os outros nos fazem.”.
É fundamental notar que o discurso tradicionalista toma a história como o lugar da produção da memória, como discurso da reminiscência e do reconhecimento. Através do Festival, Eneida Agra faz dele um meio de os sujeitos do presente se reconhecerem nos fatos do passado. De reconhecerem uma região presente no passado, precisando apenas ser anunciada. Ela faz dos Festivais o processo de afirmação de uma identidade, da continuidade e da tradição e toma o lugar de sujeitos reveladores desta verdade, mas encoberta.
Comparando o Festival de Garanhuns, apesar de mais jovem, não conseguiu ultrapassar em nenhum aspecto o Festival Campinense. Noaldo Ribeiro (2006) considera que, o Festival de Garanhuns não pode ser visto isoladamente. Ele faz parte de todo um projeto que une as políticas cultural e turística do estado de Pernambuco, traduzido pelo Circuito do Frio. Enquanto acontece o Festival de Garanhuns, Gravatá se prepara para fazer o seu, Triunfo etc.
Neste contexto, essa memória espacial, esteticamente recuperada, inspiraria a criação de um futuro melhor, liberto dos ativismos, artificialismos e utilitarismos. Um espaço regional, feito para permanecer no tempo; construído com o agenciamento de monumentos, paisagens, tipos humanos, relações sociais, símbolos e imagens que pontilham este território estriado pelo poder.
No que se refere à estrutura organizacional do festival de C.Grande-PB, não permite um atrelamento significativo entre turismo e cultura maior que o daqui, mesmo com 30 longos anos de experiência. Observamos que os projetos desenvolvidos constatam que a nossa proposta mantém a essência artística, além de realizar o casamento entre cultura e turismo.
É na memória que se juntam fragmentos de história, um espaço sem claros, preenchido completamente por estes textos, imagens e sons que lhes dão espessura. Espaço onde nada é provisório, onde tudo parece sólido como os monumentos, a fim de alcançar a permanência do ritmo da sedimentação cultural da sociedade.
Supõe-se que por não tratar-se de um festival de caráter não personalizado, ou seja, não está associado a um organizador, mas a uma equipe múltipla de profissionais de marketing, turismo, cultura, etc. É impossível dissociar a criatura do seu criador. Estamos vivendo um momento de transição, cuja perspectiva é de criar um colegiado para gerir o Festival. No entanto, isto nunca irá apagar o nome da professora Eneida Agra Maracajá como figura que não somente criou o Festival de Inverno, mas que se tornou parte dele. Esse novo horizonte traçado para o Festival partiu da própria professora Eneida, que hoje assume a função de curadora do mesmo.
Na realidade, a propósito da professora Eneida, foi dito por ela em uma entrevista durante o lançamento do Festival deste ano (2006) que “o Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-íris, não tem partidos”. Essa afirmação é uma forma de manter o festival de bem com todos os grupos políticos que administram as esferas públicas e que são, potencialmente, patrocinadores do evento.
Por isso, o Festival de Inverno é um instrumento que enxerga a cultura em três dimensões: como símbolos e signos do viver, do crer, do criar e do fazer de um determinado povo, o que se traduz pelas diversas artes; como promotor da cidadania; e como indutor do desenvolvimento econômico (esta é a perspectiva). Sendo assim, o Festival precisa manter uma relação de cordialidade, não apenas com o poder Mas, fundamentalmente, com a sociedade civil. A propósito da captação de recursos, junto a empresas privadas e federais foram feitos sem a menor injunção política, valeu no caso a competência do projeto.
Portanto, o 31º Festival de Inverno em Campina Grande apresentou o espetáculo intitulado “Som Nosso do Meio-Dia”, projeto elaborado para destacar dentro da Mostra de Música do evento os talentos campinenses. Na programação passou pelo palco da Praça da Bandeira um total de 17 cantores e bandas que apresentaram seus diversos estilos, indo do forró ao rock, da MPB à música instrumental.
No repertório, composições próprias e covers de sucessos conhecidos do público se revezaram no palco três bandas campinenses. O show da banda Carburaflôr, apresentou além de músicas autorais, homenagens aos artistas nordestinos, com releituras de clássicos como Asa Branca, Xote das Meninas, entre outras músicas, ao melhor estilo pop rock.
Compreender a “alma de sua terra”, descobrir sua identidade também era a preocupação de Eneida Agra. Ao recuperar a memória pessoal significa organizar a memória coletiva. Assim, a essência do regionalismo passa também pela descoberta de si mesma, de sua identidade como pessoa e como intelectual. A representação do Nordeste é apresentado nessa imagem espacial interiorizada, um espaço melancólico e cheio de sombras; um espaço de saudades e misticismos.
Os componentes da Carburaflôr, do guitarrista Cláudio Coruja, são trabalhos “Input Instrumental” e “Mistura de Ritmos”, num espetáculo totalmente instrumental, mostrando um pouco de cada estilo de suas influências: pop rock, baião, reggae, entre outros. A banda Agente S2, também de Campina Grande, apresentou covers de sucessos nacionais e internacionais do rock.
A preocupação de apresentar a alma da terra, a sua espiritualidade assentada no sobrenatural, na transcendência e na religiosidade atravessa também toda a história da cultura nordestina e do povo brasileiro. Assumindo sua condição de país místico tendo em suas fontes negras da memória e do inconsciente de um catolicismo nordestino sertanejo em que o sagrado se mistura com a natureza e com os vínculos sociais concretos. Um Nordeste de alma negra, mística, espiritual e oprimida em busca de sua redenção. Nordeste onde a mistura de sangue confundem os papeis sociais.
O novo programa dentro do 31º Festival de Inverno é coordenado por Alexandre Barros, o Tan, coordenador municipal de Cultura, juntamente com Noaldo Ribeiro. A idéia surgiu para retomar apresentações de artistas locais no Festival. As atrações foram selecionadas através de material encaminhado por artistas de todo o Estado. Em 2006, o Festival de Inverno em sua 31ª versão, na ocasião o diretor Noaldo Ribeiro, apresentou as novidades deste ano para o evento, o tema: Novidades do Brasil. Outro episódio de destaque foi o caso em 2006, por ocasião do 31º Festival de Inverno prefeito e governador trocaram farpas diante do público do Teatro Severino Cabral.
A este respeito Eneida Agra diz:
O Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-iris, não tem partidos. A rivalidade política prejudica. O Festival de Inverno é um instrumento que percebe a cultura em três dimensões: como símbolos e signos do viver, do crê, do criar e do fazer de um determinado povo, o que se traduz pelas diversas artes; como promotor da cidadania e como indutor do desenvolvimento econômico. Sendo assim, o Festival precisa manter uma relação de cordialidade, não apenas com o poder. Mas, fundamentalmente com a sociedade civil.
Desta forma, Eneida aproveitou a oportunidade para externar a idéia de que no evento há lugar para todos desde que o financiem. Afinal, as verbas recebidas vieram de ambas as esferas do poder. Seria no mínimo deselegante para uma dama da cultura ser simpática ao verde em detrimento do laranja ou vice-versa. Sem uma captação de verba efetiva o festival não tem como acontecer.
Na realidade, a questão política em Campina Grande, tende a influenciar negativamente para a realização de qualquer evento público, principalmente se existir a necessidade de verbas do governo do estado ou município. O evento se torna um meio de legitimação política, assim, aquele que patrocina automaticamente está promovendo o sem nome. E em caso de oposição entre o governo estadual e municipal, essa rivalidade transforma-se em rivalidade entre a cidade e o Estado. Neste sentido, quem perde é a população. Assim, as querelas relativas aos eventos culturais apenas refletem parte de uma luta maior, que se trava em âmbito político. E do resultado dessa batalha influenciam os rumos das manifestações artísticas na cidade.
Por isso, no caso do nordeste as grandes empresas procuram explorar as atividades folclóricas e os produtos artesanais. O Estado deixa às empresas privadas a administração dos meios de comunicação de massa e investe, sobretudo, na esfera do teatro. O movimento cultural pós 64 se caracteriza por dois momentos que não são na verdade contraditórios; por um lado ele é um período da história onde mais são produzidos e difundidos os bens culturais, por outro ele se define por uma repressão ideológica e política intensa.
Na introdução do livro, Cultura Brasileira & Identidade nacional da autoria de Renato Ortiz, enfatiza que o tema referente à cultura brasileira e identidade nacional é um antigo debate que se trava no Brasil. No entanto, ele permanece atual até hoje, constituindo uma espécie de subsolo estrutural que alimenta toda a discussão em torno do que é o nacional. Pode-se dizer que a relação entre a temática do popular e do nacional é uma constante na história da cultura brasileira, a ponto de um autor como Nelson Werneck Sodré afirmar que só é nacional o que é popular.
A noção de cultura popular enquanto folclore recupera invariavelmente a idéia de “tradição,” seja na forma de tradição-sobrevivência ou na perspectiva de memória coletiva que age dinamicamente no mundo.
O interesse pela arte desperta Eneida Agra a pensar a possibilidade de trabalhar com diferentes formas de expressão cultural e artística com os jovens, com grupos de teatro e as diversas experiências teatrais modificando assim o perfil das representações artísticas. Neste sentido, as manifestações culturais dentre elas os Festivais de Inverno, as rodas de viola, os concursos musicais de dança e teatro mostrou a arte em várias dimensões em suas expressões mais amplas.
Para Eneida:
A dança é a confluência de todas as manifestações artísticas advindas dos tempos mais remotos da civilização. Além da beleza coreográfica, envolvendo música e teatralidade, o canto, a plástica e o sentido oral real, oriundo da impulsividade humana. O Projeto Cultura no Presídio: Dança do Existencial, busca exercer junto aos cidadãos (apenados) duas de suas funções mais importantes, a de atuar como veículo de comunicação e o caráter terapêutico. A dança do existencial tem a pretensão de resgatar a condição de sujeito que o apenado vai perdendo na prisão. Não é apenas o direito de ir e vir que lhe é tirado, mas o direito à fala, a expressão .
Neste sentido, as manifestações artísticas são expressões de arte e cultura. Assim, o Festival de Inverno está diretamente ligado às produções artísticas de impacto, buscando demonstrar através dos movimentos e das expressões de seus projetos de cunho sócio-cultural e educacional a exemplo do Projeto: “Cultura no Presídio”, recuperar a esperança através da dança, por isso, o grupo de dança formado por apenados, de homens, ora excluídos da sociedade, que a arte pode libertar os pensamentos destes indivíduos mesmo por alguns momentos.
Segundo Eneida Agra Maracajá, a participação de um evento artístico de cunho internacional com um grupo de marginalizados, oferece a oportunidade de inclusão social. Assim, a coreografia como parte desse espetáculo, teve e tem como objetivo demonstrar que a dança é um instrumento que exerce a função de interferir sobre o indivíduo agindo no sentido de que, a mesma age, versando sobre o que não pode ser falado do universo interior do apenado. E assim, minimiza as angústias indizíveis, as barreiras instransponíveis, as humilhações e as descrenças existenciais, que por um “instante” encontra-se em sintonia com a arte.
No entanto, sabemos que os problemas do cidadão que se encontra em regime de “prisão”, não são fáceis de resolver. E a questão da arte em si não soluciona, mas silencia as angústias. Não podemos camuflar os problemas socioeconômicos do país usando como escudo a arte.
Para a organizadora deste Festival de Inverno, o incentivo a arte, principalmente quando em sua essência maior está envolvida a dança, da música ou do teatro significa dizer que a arte não foi, nem é privilégio de um povo, de uma época, de um meridiano, de uma cultura universal e eterna, nada contribui tanto para demonstrar a unidade do homem. Ele é um só, igual em seus anseios e sonhos, na necessidade de criar, e produzir arte, por isso, não podemos desprezar os talentos que compõem o humano.
Sendo a dança um momento ímpar para cada indivíduo, pode-se dizer que não tem um fim em si mesmo, não visa a formação de dançarinos precoces ou de profundos conhecedores da dança. Sua utilização deve ser feita como meio de alcançar uma série de objetivos da educação, que dentre outros se destacam a sensibilização, a socialização, a expressão corporal, a ampliação do desenvolvimento do ritmo, a autodisciplina, a aquisição da cultura. Desse modo, o Festival de Inverno é o memento em que a expressão da arte acontece nas várias dimensões que seja, na arte cênica, na música ou através da dança.
Por isso, a dança, para os povos primitivos, constituía também uma linguagem fundamental. Em todas as circunstâncias importantes da experiência humana, a dança era a representação daquilo que já tinha acontecido, do que estava acontecendo, ou do que se queria fazer acontecer que seja nas atividades cotidianas da vida ou da morte. Para Platão, a música desempenha um importante papel cultural e social: deveria ser cultivada desde a infância, mediante o adestramento da voz, do ouvido e da aprendizagem de um instrumento. Apesar dos diferentes pontos de vistas, uma coisa é certa, música e dança são atividades desde tempos primitivos elas aparecem associadas freqüentemente.
Segundo Renato Ortiz, a respeito afirma:
A cultura enquanto fenômeno de linguagem é sempre passível de interpretação, mas em última instância são os interesses que definem os grupos sociais que decidem sobre o sentido da reelaboração simbólica desta ou daquela manifestação. Os intelectuais têm neste processo um papel relevante, pois são eles os artífices deste jogo de construção simbólica. (ORTIZ, 2004, p.142)
Ainda segundo este autor, as manifestações culturais dependem dos interesses envolvidos, que seja os políticos, econômicos ou sociais a serem alcançados. Essa cultura “popular”, mais próxima do senso comum, mais identificada com os indivíduos, é produzida e consumida pela própria população local, sem necessariamente precisar de técnicas racionalizadas e cientificas. É uma cultura transmitida em geral oralmente, registrando as tradições e os costumes de determinado grupo social. Percebemos que a cultura alcança formas artísticas expressivas e significativas.
Entretanto, existe um tipo de criação cultural que não se identifica com um único víeis de criação artística. Essa produção é elaborada por músicos, escritores, dramaturgos, cineastas etc., cuja expressão é personalizada e criativa. E consegue manter um vínculo com a linguagem popular.
Na realidade, a “cultura” de um povo assim como os produtos desta cultura quer como o modo de vida, quer como o contexto do comportamento humano, etc., entretanto, há íntima ligação com a comunicação. Portanto, “cultura”, serve de mediadora da comunicação e é por esta avaliada. No entanto, a comunicação é mediada pela cultura, é um modo pelo qual a cultura é disseminada realizada e efetivada. Não há comunicação sem cultura e não há cultura sem comunicação, por isso, traçar uma distinção rígida entre ambas é afirmar que um dos lados é objeto legítimo de um estudo disciplinar enquanto o outro é relegado a uma disciplina diferente, constitui-se um exemplo da miopia e da futilidade das divisões acadêmicas arbitrárias do trabalho.
Definitivamente após 30 anos de realização do evento, chegou a um ponto de maturidade por parte de sua organização que passa a entender a necessidade de uma atitude profissional já a partir da criação desse instituto onde a captação de verbas obedecerá regras democráticas e poderá ser cobrado em termo de compromisso social.
Assim, a partir de 2006 os espetáculos adotam uma temática para realização do evento. Nesse contexto, neste ano de sua trigésima primeira edição, o Festival de Inverno trouxe como tema a “Nordestinidade Brasileira”, a partir de um conceito do antropólogo Gilberto Freyre acerca da identidade cultural do homem nordestino. A relação do nordestino com os indivíduos das demais regiões brasileiras é permeada de certo mito que define o nordestino como um pobre coitado.
Por isso, Renato Ortiz, em relação à cultura, afirma,
De qualquer maneira persiste o elemento conservador; valoriza-se a tradição como presença do passado, todo “progresso” implicando um processo de dessacralização da sabedoria popular. Um exemplo típico desta forma de literatura é o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre. Concebe-se assim uma pretensa autenticidade das manifestações populares que irá radicalmente se opor a qualquer movimento de transformação da realidade social .
O Festival de 2006 trouxe para se apresentar o pernambucano Geraldo Azevedo na Praça da Bandeira, onde foi exibido o conjunto das estéticas culturais citando a arte nativa na música de Biliu de Campina e Cabruêra, evidencia os aspectos da regionalidade de Gilberto Freyre.
O Nordeste de Gilberto Freyre é enfatizado como o lugar da tradição, sempre tematizado de forma negativa como uma região de ignorantes pela literatura regionalista das mais diversas obras, a exemplo de Ariano Suassuna, Euclides da Cunha e outros. As obras desses autores contribuem para que o Nordeste seja visualizado apenas como lugar das manifestações folclóricas, das crendices populares. Desse modo, o Festival de Inverno incorpora através da cultura e da arte, a tendência regionalista baseado na denúncia das tendências regionais.
Luiz Gonzaga e sua visão tradicionalista são responsáveis por divulgar uma cultura regional diante do processo de generalização dos bens culturais produzidos pela sociedade. O nordeste de Gonzaga é criado para realimentar a memória. Assim, a cultura marcada por estereótipos solidifica uma identidade regional.
A música de Gonzaga vai ser pensada como representante de uma identidade regional que se firmou por meio da produção freyreana. Não é só o ritmo que vai instituir uma escuta do Nordeste, mas as letras, o próprio grão da voz de Luiz Gonzaga, sua forma de cantar, as expressões locais que utiliza os elementos culturais populares e, principalmente, rurais que agencia a forma de vestir, de dar entrevista, o sotaque, tudo vai significar o Nordeste.
O Festival de Inverno tendo como temática “Nordestinidade” remete a saudade como uma constante tanto nas músicas de Gonzaga como na vida de Eneida Agra. A saudade da terra, do lugar, dos amores ou da família. E assim, a idéia de passado de memória evocado saudosamente em forma de misticismo. Um espaço marcado por uma produção cultural tradicionalista.
Luiz Gonzaga assume a identidade de “voz do Nordeste”, que quer fazer sua realidade chegar ao Sul e ao governo. Sua música tornou o Nordeste conhecido em todo o país, chamando atenção para seus problemas, despertando o interesse por suas tradições e cantando suas coisas positivas. Condizente com a visão populista que dominava a política brasileira neste momento e muito próximo da criação tradicional da política da região, Gonzaga se coloca como o intermediário entre o povo e o Nordeste e o Estado, que deseja saber quais são os problemas deste povo, cabendo ao artista torná-los visíveis. A seca surge no discurso de Gonzaga como o único grande problema do espaço nordestino. Para chamar atenção para este fato ele compõe Asa Branca, com Humberto Teixeira que chamou mais tarde de música de protesto cristão. Durante a seca de 1953, compõe com Zé Dantas Vozes da seca, na qual cobra proteção e providência por parte do Estado, surgindo inclusive soluções a serem tomada para o problema agenciando claramente enunciados e imagens do já quase secular discurso da seca.
Neste Festival, as apresentações artísticas além da música, da dança, do teatro e dos espetáculos de violeiros, repentistas, marcaram a tradição na arte. A saudade nas músicas de Rosil Cavalcanti aflorou as sensibilidades do público. E assim, o nordeste cantado através das músicas de Luiz Gonzaga: “Paraíba” ao mesmo tempo Eneida Agra é chamada de “Cangaceira das Artes”, pelo então prefeito Veneziano Vital do Rego. Essas saudades vêm se juntar as saudades de Eneida de um passado que ela não quer deixar esquecer .
Na realidade ainda podemos dizer que a preocupação maior de Gonzaga era com a conquista do espaço para a cultura nordestina, para sua música e com o reconhecimento do sul, expressando o já estabelecido complexo de inferioridade dos produtores culturais e intelectuais nordestinos que precisam sempre da validação do Centro-sul para seu trabalho.
E assim, a produção cultural de um povo, desde a pré-história até nossos dias, evidencia que o homem faz cultura, ao mesmo tempo em que manifesta por meio dela o seu conhecimento e a sua visão de mundo. O folclore da Bahia destaca a cultura de um povo é a oportunidade de comparar as diversidades culturais.
Neste sentido, Eneida como representante deste Festival desenvolve uma postura irreverente, tenta passar a idéia de que o espetáculo somente tem acontecido porque ela está a frente, como guerreira, batalhando sem cansar para a realização do evento. A figura da promotora incansável exerce a função de coordenadora e incentivadora da arte e da cultura no município.
Sabemos que isto se deve ao fato de que a cultura é uma invenção recente assim como o nordeste fruto em grande parte deste próprio desenraizamento do espaço da cultura e da memória do passado, não é apenas evocação, mas principalmente da criação de um espaço imaginado e de tradições feitas em contraponto a realidade urbana enfrentada e reforçada pela construção da identidade neste espaço e que possibilita a invenção desta cultura. A escuta é um dos principais mecanismos de delimitação desses novos territórios.
Assim, os festivais evidenciam um espetáculo a favor da arte, práticas estas que se constitui num dos efeitos e materialização dos discursos elitistas circulante, principalmente entre a elite local, tendência que se acentua paulatinamente. Culturalmente, ressignifica a eficácia da memória e da identidade social e contribui para valorização da arte popular. Essa temática sofre permanente atualização, tal como na literatura do cordel; tende para a crônica do cotidiano.
O Nordeste é criado para realimentar a memória do migrante. Não é por se ligar a estes setores marginalizados, no entanto a música nordestina vai se mantendo e continuando como uma música regional. Como expressão de uma região que era vista como o espaço de atraso, fora de moda, do pais; região marginalizada pela própria forma de como se desenvolveu a economia e como foi gestada discursivamente.
O Festival de Inverno de Campina Grande é um evento que, há décadas, trás para a cidade grandes valores culturais. É um momento das artes, seja ela musical teatral ou dançante. Contudo, e cultural da Paraíba, a FIEP apóia o Festival de Inverno. Para o Instituto de Arte, Cultura e Cidadania - SOLIDARIUM é responsável mesmo chegando a sua 32ª edição, o evento ainda sofre um entrave para a sua realização: a falta de patrocínio.
O espaço desenhado nos Festivais de Inverno temáticos e imagens já cristalizadas, ligados a própria produção cultural popular, fruto das manifestações da cultura popular. Por abranger os versos dos poetas, o circo, os fragmentos da literatura oral como provérbios e ditos populares, lendas, crenças e superstições.
Comprometida com o desenvolvimento industrial do Estado e também com o segmento social pela realização do evento. “O apoio da Federação não se resume apenas ao financeiro, a FIEP patrocina a “cara” do Festival que é o material gráfico e ratifica o grande momento nacional da cultura, pois este evento tem história, e a FIEP sempre chega na hora certa, Buega sempre chega na hora certa, pois ele conhece o Festival. O apoio da Federação vem dar o aval de credibilidade em um momento muito especial e, principalmente, confirmar a importância do Festival de Inverno que, há 32 anos, promove a cultura na cidade”, destacou a presidente do SOLIDARIUM, Eneida Agra Maracajá.
Em vários momentos os Festivais de Inverno transmitem uma visão bem-humorada da vida do ser nordestino. Despertar o interesse dos patrocinadores para a cultura no Estado é difícil, uma vez que historicamente foi construída uma visão depreciativa do artista, os estereótipos ainda persistem e assim passa a encarar a imagem da dependência econômica, demarca fronteiras, institui a dependência cultural dos eventos na cidade como o lugar de perda dos valores tradicionais, da vida da informando as transformações históricas e sociais ocorrendo no pais significando recusa destas mudanças.
A coordenação do Festival de Inverno de Campina Grande revelou ainda que, desde o ano passado, vem distribuindo, junto às empresas de grande porte, o Projeto do Festival de Inverno, mas a morosidade e a greve no Ministério da Cultura criaram entraves no processo, razão pela qual, surgiram dificuldades para fechar a programação deste ano contou com a participação das companhias de dança de Campina Grande e o conceituado Choro e Valsas do ballet de Niterói.
O espaço do Festival de Inverno é construído por um saber que implica uma nova visibilidade do nacional. Uma geografia de toques, de sons, de requebros, de ritos, de territórios “livres” onde brota a arte os bailarinos. Um espaço onde os indivíduos possuem o controle do tempo, de suas vidas e de seus trabalhos. O equilíbrio, a força, os gestos, a harmonia da arte se misturam de maneira a proporcionar a oscilação entre a realidade e a fantasia ministrados pela música dos Beatles.
Em 2008 o XXXIII Festival de Inverno de Campina Grande tendo como temática: “Infinita Utopia”. Os tempos atuais, marcados pelo processo de globalização e todas as adversidades delas advindas renova uma velha questão quase arquivada pela exacerbação da competitividade e pela ascensão desmedida do individualismo. Esse quadro provoca a necessidade de um olhar atento no retrovisor da história, tornando atualíssimo e pertinente a luta pela construção de uma nova utopia, capaz de reacender o humanismo, colocando-o em primeiro plano.
O estabelecimento de um novo mundo, a transformação de uma realidade, de um sonho, de um desejo de mudança começa a simular novas possibilidades de existência. Transformar o real em sonho é a única forma de sair da cena, é fundar um mundo onde possa reencontrar a estabilidade, através da arte das imagens fixas e nítidas de um mundo globalizado.
“Infinita Utopia”, sob o manto desse monte inspirador, o Festival de Inverno de Campina Grande, o mais antigo da região nordestina e o 4º mais antigo do país realizam a sua XXXIII edição conservando sua premissa de não apenas fazer círculos as artes e promover o intercâmbio, mas induzir a comunidade à prática da reflexão e o exercício da cidadania, sem falar como constituir-se em objeto da atividade turística de forma a gerar ocupação e renda cumprindo, há mais de trinta anos, os requisitos hoje adotados pela Secretaria de Comunicação da presidência da república no que toca a celebração de patrocínio.
Este espaço é simulado por meio de seus personagens marcados pelo ambiente físico e social pela linguagem, pela forma e pelo conteúdo do dizer e do olhar. Este espaço expressa, no entanto, a universalidade da cultura. Um espaço que surge como uma produção que cerca os mundos culturais diferentes quanto a capacidade de transformação do mundo pelo homem.
O evento ao completar 33 anos de realização tendo como tema principal “Infinita Utopia” contando com a participação da Companhia de dança Quartier Latin (SP) e o espetáculo Beatles lado D, cada música apresentava um conjunto de sutilezas, intrigantes extasiantes esculpindo corpos embalados por uma canção, também a Companhia de Dança Débora Colker (RJ), Cia de Teatro Denise Stoklos (SP), ainda shows com Nana Vasconcelos (RJ), cordel de fogo encontrado (PE) e o grupo Teatro Mágico (SP), fizeram dessa mostra de arte e cultura momentos de inclusão social.
A produção de imagens expressivas nestas apresentações da Cia. de Dança Quartier Latin do Estado de São Paulo significou a expressão de uma tendência contemporânea das manifestações artísticas marcada pela identificação com o nacionalismo em oposição à cultura tradicional formalista da arte. Entretanto, persiste ainda a influência americana, uma vez que as músicas dos Beatles deram o tom da temática.
De acordo com a coordenadora do evento Eneida Agra, o evento ganhou dimensão nacional e tornou-se um laboratório de idéias e saberes enquanto cultura brasileira. Os Festivais de Inverno é composto de: música, dança, peças de arte e desfiles. Nada melhor para exercitar esse sentimento libertário do que beber nas fontes das culturas e das artes, sempre essas últimas verdadeiras tradutoras da experiência vivenciada pelo homem e por vezes inventoras de novas realidades, especialmente quando induzem, a partir do concreto, formas e ou modelos de contraculturas, caso que se coloca como necessidade para alterar a paisagem social, política econômica e cultural vigentes.
A temática “Infinita Utopia” marcou a apresentação como um verniz moderno. Assim, a produção cultural aliada a imagem nacional, mostraram uma imagem privilegiada. Nesse contexto, o ballet emergiu como uma temática privilegiada deste Festival, preocupada com as questões sociais do país, com a sua cultura e com a necessidade de transformação desta realidade. A crítica chega a tomar a modernidade como pré-requisito básico para mostrar um Brasil, a partir da perspectiva social.
Dessa forma, nada melhor do que o Festival de Inverno de Campina Grande vindo a converter-se em arena não apenas para circulação de artistas, iniciação e formação de artistas, mas fundamentalmente para colocar na pauta do dia os desejos e impasses capazes de prover de sustentabilidade, o direito ao sonho possível e o direito à utopia.
Por isso cai como uma luva em mãos certas, discutir se a produção cênica e musical e assim continuar a ensejar o desejo coletivo no que se refere ao desenho de novas formas de viver; e que representa as artes cênicas contemporânea no processo de invenção de uma nova realidade social; o que se pode extrair da musicalidade brasileira em termos de perspectivas utópicas.
Dessa forma, percebemos que o mais flexível possível dessas preocupações permearam as mostras de teatro, dança e música, mas se concentraram nos debates, por meio do Fórum das culturas ferramenta que concentra o teor reflexivo do Festival. Ademais, buscando garantir o acesso democrático as artes, o Festival ampliará os espaços gratuitos, como a Praça da Bandeira (coração da cidade), as próprias ruas do Centro, apresentando, principalmente, a chamada música erudita, e o teatro e a dança em plena Praça Clementino Procópio, também no centro da cidade. Portanto, além dos benefícios artísticos culturais, o Festival priorizará as ações de natureza cidadã e, simultante, continuará o seu esforço para fortalecer o desenvolvimento econômico, abrindo portas para o turismo cultural, agregando-se ao Trade turístico e buscando a ampliação de seus apoios no seio da iniciativa privada.
A idéia de popular se confunde com as do tradicional e antimoderno, fazendo com que a elaboração imagética tenha enorme poder de impregnação nas camadas populares, já que estas facilmente se reconhecem em sua visibilidade. Parece, hoje, ser preciso ultrapassar as nações ou as regiões para permitir a emergência do novo. Porque a nação, tanto quanto a região se tornaram maquinarias de captura do novo, do diferente e por isso vivem permanentemente em crise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Festivais de Inverno é uma celebração que reúne todas as artes. A música, o teatro, a dança, as artes plásticas, o artesanato e a liturgia. Elas fazem parte das coisas que inventamos para preencher o mistério vazio. A arte alimenta a alma, povoa sonhos e nos revela a presença da cultura. Nas coreografias dos bailarinos, na gestualidade corporal dos atores, na beleza colorida dos figurinos e alegorias, na singeleza da liturgia e em tudo que é realizado reconhecemos arte e cultura.
O florescimento da literatura dramática brasileira tornou-se signo da maturidade artística e eis que o Golpe Militar de 1964, desastroso em todos os sentidos trouxe para o palco a hegemonia da censura. Ela não veio de repente, como se houvesse outras prioridades a cumprir. A sobrevivência do teatro tornou-se dificílima com a edição do Ato Institucional nº 5 e o advento do governo Médici, que sufocou o que ainda restava de liberdade.
No palco do Teatro Severino Cabral só se passou a respirar de novo com a abertura política iniciada no governo Geisel e prosseguida no governo Figueiredo. Mesmo assim, os espetáculos teatrais marcaram significativamente a cultura na cidade de Campina Grande-PB. A iniciativa de Eneida Agra Maracajá funde o dramaturgo nos espetáculos que se desenvolveram enriquecendo o teatro. Alia o espontâneo ao elaborado, o popular ao erudito, a linguagem comum ao estilo terso, o regional ao universal.
A característica marcante dos Festivais de Inverno é uma mistura mística de religiosidade e superstições folclóricas. Eneida Agra tem como devoção a Santa Teresinha, e assim tomou como padroeira dos Festivais de Inverno a Santa Teresinha. Os festivais de Inverno têm em sua abertura a realização de um memorial a todos os credos, tanto se homenageiam os negros afro-brasileiros, como as demais manifestações de cultura brasileira mesclada de todos os credos e da cultura de todos os povos. E assim, o Festival tem um lugar para todas as culturas.
A história em seu caráter disruptivo, é apagada e, em seu lugar, é pensada uma identidade regional a-histórica, feita de estereótipos imagéticos e enunciativos de caráter moral, em que a política é sempre vista como desestabilizadora e o espaço é visto com estável. A questão que se coloca é como produzir cultura, lançando mão das mais diferenciadas informações, matérias e formas de expressão, seja de que procedência for e, ao mesmo tempo, não se submeter às centrais de distribuição de sentindo nacionais ou internacionais, como ser global e singular. É preciso, para isso, se localizar criticamente dentro destes fluxos culturais e não tentar barrá-los e produzir uma permanente crítica das condições de produção do conhecimento da cultura no país em suas diversas áreas. E assim, ter um olhar crítico em relação a esta cultura.
Não se trata de buscar uma cultura nacional ou regional, mas uma identidade cultural, buscar diferenças culturais. O discurso historiográfico pode contribuir sobremaneira para a ruína das tradições e identidades que nos aprisionam e nos reproduz como esta nação sempre a procura de si mesma. É fundamental reconhecer o subdesenvolvimento econômico e a estrutura de classes da região, haja vista não são suficientes para explicar a dificuldade em transformar este espaço em espaço moderno. Existe uma verdadeira falta de interesse político, de legitimidade social, do valor da inovação, um acentuado apego ao tradicional, ao antigo, fazendo com que a modernização atue no nordeste no sentido de mudar o menos possível as relações sociais, de poder e de cultura.
Portanto, os Festivais de Inverno apresentam uma forma de “cultura nordestina, no sentido de constituir-se um complexo cultural historicamente datável”. É fruto de uma criação político-cultural, que busca diluir as próprias diversidades e heterogeneidades existentes neste espaço, em nome da defesa de seus interesses e de sua cultura. Precisamos sim, renunciar a todas as continuidades irrefletidas, sobretudo termos como tradição, identidade, cultura regional e nacional, desenvolvimento, subdesenvolvimento, evolução, e para sermos capazes de pensar o diferente e a pensá-lo fazer diferente. Diferença que, longe de ser origem esquecida e recoberta, é a dispersão do que somos e fazemos.
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ENTREVISTA:
Eneida Agra Maracajá concedida em 05/05/2008 e 10/07/2008.
A precursora, Eneida Agra, mostrou alguns deslizes ao decorrer de mais 30 anos sem mudar a forma do Festival de Inverno em Campina Grande, com a globalização, o avanço tecnológico poderiam inovar as concepções e posicionamentos culturais na cidade ao longo do processo.
Talvez devido à necessidade de não deixar morrer os Festivais Eneida Agra junto a coordenação do Evento decidiram realizar a partir de uma temática especifica para os eventos somente a partir de 2006, evidenciando uma nova roupagem nos Festivais, mas, mantendo a tradição da cultura brasileira. Por isso, tentarei mostrar as mudanças realizadas conseqüentemente provocadas pelos elementos da modernidade. De fato, a atualidade é marcada por debates acalorados em torno da possibilidade de estarmos ou não vivendo ainda a era moderna ou de já termos entrado numa era pós-moderna. Entendemos que estamos vivendo um momento inteiramente novo e original que exige novas teorias e políticas.
Vivemos um tempo de mudanças e transformações desde os anos 1960, uma vez que houve uma série de modificações na cultura e na sociedade de todo o mundo. Desse modo, os novos modelos culturais surgiram e desafiaram as formas estabelecidas de sociedade e cultura e produziram novas contracultura e formas alternativas de vida.
Neste texto abordo o significado político-cultural dos Festivais de música, de dança e de teatro organizados. Percebemos como características fundamentais desses Festivais a mistura de tradições culturais, a predominância do que Eric Hobsbawm designa “canções populares” que marca esta produção/criação artística.
Em 2005, o Festival de Inverno organizou várias atividades culturais e intelectuais para o publico campinense. Nesse sentido, realizou o 3º Congresso de Cultura, reunindo produtores de todas as regiões do Brasil. O 1º Encontro de Dramaturgos do Nordeste, o Encontro de Diretores da Rede Brasil de Promotores Culturais, além das tradicionais oficinas, conferências e espetáculos de dança, música, teatro e arte visuais, a exemplo de Ana Botafogo, Cia. de dança Alaya, grupo de Teatro SESC Amazonas, Sinvuca e orquestra sinfônica da Paraíba, Quinteto Paraíba, Belchior, entre dezenas de outros.
Segundo sua idealizadora Eneida Agra, “a credencial do Festival de Inverno é a sua própria história”. Criado em 1975, sobreviveu ao autoritarismo, fortaleceu-se na democracia e consolidou-se na contemporaneidade, acompanhando sempre o que existiu de mais moderno no país e no exterior, o Festival desenvolveu projetos culturais, sociais e educacionais, contribuindo não apenas para as atividades artísticas, mas para o desenvolvimento humano.
Embora com práticas artísticas diferentes, estes artísticas têm em comum o fato de serem construtores de um Nordeste, cuja visibilidade e dizibilidade estão centradas na memória, na reação ao moderno, na busca do passado como dimensão temporal; assinaladas positivamente em sua relação com o presente.
Em 2005, Elba Ramalho participou deste espetáculo juntamente com a apresentação da Cia. de dança mineira no Primeiro Ato, destacando o espetáculo “O Mundo Perfumado”. Também marcou presença Carlinhos de Jesus, dançarino que exportou o nome do Brasil para grandes acontecimentos internacionais de dança, na oportunidade o espetáculo “Isto é Brasil”, já enfatizado, contou com a participação muito especial da bailarina clássica Ana Botafogo.
É dentro deste contexto que surgem as formulações culturalistas, esta procura da harmonia alia-se à procura da permanência da manutenção da ordem. No entanto, percebemos que o pensamento nordestino se orienta mais pelo sentido de uma cultura tradicional baseada numa realidade rural. Sempre pensando como regiões rurais mesmo sendo desde longa data algumas das maiores regiões do país, são totalmente negligenciadas, seja na produção artística, seja na produção científica. As cidades nordestinas, mesmo nos eventos quando tematizados parecem ter parado no período colonial são abordadas como cidades folclóricas.
O Festival de Inverno na sua 30ª edição trouxe a apresentação do grupo de teatro “Tá Na Rua”, que há mais de 25 anos leva espetáculos de teor político às praças do Brasil, interagindo de maneira permanente com o público. Além disso, a celebração ao Dia do Folclore, 22 de agosto constitui-se em uma festa popular na Praça da Bandeira com apresentações de grupos populares de todo o Estado (Zabelê, Alcantil, João Pessoa, Riacho de Santo Antônio, Campina Grande).
Entendemos que os Festivais de Inverno proporcionam a participação dos mais diferentes grupos de artistas que de maneira democrática participam do evento de acordo com a cultura de sua região. Não existe uma melhor ou pior apresentação cultural, mas uma diversidade de talentos e mostras culturais brasileiras que engrandecem a comunhão entre a tradição e a cultura.
O Nordeste mesmo sendo visto por alguns modernistas como o último reduto da cultura brasileira, entendida como cultura luso-afro-ameríndia, por não ter passado pelo processo de imigração em massa. É importante, pois, acompanhar não apenas a institucionalização do evento, feita pelo discurso de seus governantes e coordenadores, ou pelo contraponto com o olhar dos intelectuais de outras áreas do país, mas também acompanhar o trabalho dos artistas e romancistas que produziram esta elaborada imagético-discursiva regional de real poder de impregnação e de reatualização. O Nordeste espaço da saudade, da tradição, foi também inventado pelo romance, pela música, pela poesia, pela pintura, pelo teatro etc.
Por isso, é notório nos Festivais de Inverno, os espetáculos marcados pelo regionalismo como: Alaya (Brasília), com o espetáculo “Matracar”; Experimental (PE) com espetáculo “Lúmem”; Cia. dos Homens (PE) com “Labirinto”; Andança (RS) com um espetáculo que mostrará a riqueza cultural das danças gaúchas e a Cia. Ilimitada, da Bahia, com o espetáculo “Imagens”, foram de suma importância para o prestígio dos Festivais de Inverno em Campina Grande-PB.
Sem dúvida, destacou-se os espetáculos de bailarinos e coreógrafos como Rui Moreira (MG), um dos mais premiados do país e com uma série de apresentações e prêmios recebidos no Brasil e exterior. Moreira apresentou o espetáculo “Receita”. Na parte musical, haverá ainda a apresentação da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Percebemos que as outras regiões do país com culturas diferentes adotam como características artísticas o ballet moderno, como foi destaque em 2008 a apresentação do Ballet Quartier Latin e Beatles Lado D. Na realidade, a mudança nos códigos que regem a arte e a cultura se expressa no enfraquecimento dos fatores ditatoriais, na decadência do mundo arcaico.
Assim, na programação dos cursos e oficinas que aconteceram no Centro Cultural e Centro de Tecnologia Educacional Professor Severino Loureiro. Paralelo ao Festival, durante o III Congresso Paraibano de Cultura onde foram discutidos os últimos 30 anos de produção artística no Brasil, décadas vivenciadas pelo próprio Festival de Inverno. Também são ministrados cursos para bailarinos, atores, danças populares, além de um curso especial para educadores da Secretaria de Educação do Município. Todas as apresentações e oficinas acontecem no Teatro Municipal Severino Cabral, Praça da Bandeira, SESC- Serviço Social do Comércio, localizado no Centro, Circo da Cultura, Teatro Rosil Cavalcante e Teatro Raul Pryston (Monte Castelo).
Para Eneida Agra Maracajá, coordenadora do Festival, além das apresentações nacionais, o evento tem como meta valorizar a “prata da casa”, nas áreas de dança, teatro e música, inclusive com a realização de oficinas. “Campina Grande tem um celeiro de talentos, inclusive de dançarinos populares. O festival possibilita uma dimensão mais ampla, inclusive o caráter pedagógico através das oficinas”, inova no sentido histórico-cultural.
Mas é um caminho de pedras que ficará mais explicitado a profunda ambigüidade do projeto de transformação social muito voltado para o passado do que para o futuro. A arte trata da relação entre o artista e a cultura do seu tempo. Por muitos anos o Nordeste foi espaço de tradição, da saudade, não se faz apenas pelo discurso sociológico ou historiográfico. Ela é fundamental na transformação das formas visuais das imagens produzida pelo pintor, pela música, pelo teatro, enfim, pelas manifestações culturais como um todo.
A criadora dos Festivais é vista pelos jornais da cidade como aquela que promove a arte em Campina Grande-PB, sempre buscando inovar, no sentido de acompanhar o desenvolvimento da sociedade por isso, a partir do ano 2006 os Festivais de Inverno incorporou uma nova roupagem ao espetáculo. Este passou a seguir uma temática com o objetivo de atender a demanda da sociedade contemporânea em discussão a construção da cidadania. Atualmente a cultura local tem sido priorizada, uma vez que as manifestações culturais têm compromisso com a sociedade. E assim, as atrações culturais expressam a realidade de cada região brasileira porque cada espetáculo traz para o público uma produção independente, com característica especifica da região. E isso é fazer arte. É importante investir na cultura artística por que a arte é imortal
Em 2006, o Festival de Inverno de Campina Grande ostenta um cargo novo dentro do seu organograma: o de diretor de articulação. Atribuído ao sociólogo Noaldo Ribeiro , essa função designa, talvez, o amplo leque de atribuições que o mesmo tem dentro da estrutura de um evento que, finalmente, posicionou-se politicamente. Em uma de suas primeiras entrevistas promocionais, a educadora e “cangaceira da cultura”, Eneida Agra Maracajá, afirmou que “o Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-íris, não tem partidos”, externando a idéia de que no evento há lugar para todas as cores, desde que o financiem. Essa fala da promotora incansável, apesar de sexagenária, indica que o mal-estar político do festival passado pegou mal. Num mesmo palco, na noite de abertura, trocaram farpas prefeito e governador e, atônita, a guerreira Eneida não pôde tomar partido de nenhum – afinal, como de praxe, recebeu verbas públicas de ambas as esferas do poder. Seria, no mínimo, deselegante para uma dama da cultura ser simpática ao verde em detrimento do laranja ou vice-versa. Sem uma captação de verba efetiva da iniciativa privada, o festival tem que ter muito jogo de cintura.
Com isso, firmando cada vez mais a hipocrisia e demagogia dos líderes políticos em Campina Grande, estes como outros posicionamentos negativamente egocêntricos, fazem com que a população veja os eventos como um pedestal de promoções de cunho político ou de qualquer área afim.
O Jornal da Paraíba entrevista Noaldo Ribeiro e aborda dentre outros assuntos o Festival de Inverno em Campína Grande-PB, inclusive a “neutralidade partidária”. Para Noaldo Ribeiro, o objetivo dos coordenadores do Festival de Inverno era criar uma instituição que pudesse captar recursos. No entanto, um fato singular acelerou esse processo.
É interessante notar que o fator econômico como determinante coaduna com o próprio momento histórico vivido no país, em que a transformação da estrutura econômica aparece como um imperativo. Momento em que os estudos econômicos abandonam significativamente os investimentos de fundo cultural.
Entretanto, a FUNARTE – Fundação Nacional de Arte, nos concedeu a honra de co-realizar o Festival, exigindo que o Poder Público Municipal delegasse ao Solidarium a tarefa de realizá-lo. Isto foi feito pela prefeitura e, a partir de então, passamos a assumir efetivamente a realização do evento.
Percebemos que em relação a captação de recursos, mas 90% dos recursos que são recebidos pelo evento tem sido de origem governamental (Governo do Estado, Prefeitura, FUNARTE- Fundação Nacional de Arte, CHESF – Companhia Hidrelétrica de Energia de São Francisco).
O discurso nacional-popular vai tendendo, pois, a reelaborar a própria noção de cultura introduzindo a necessidade de que esta, para expressar os interesses do povo, fosse dotada de uma visão revolucionária, em relação a condição deste povo, e da sociedade nacional. Cultura é vista como sinônimo das manifestações estéticas voltadas para a discussão da questão do poder e da política. Na realidade, a expressão cultural é reforçada cada vez mais para atender os interesses da classe média-alta, e sua participação no mundo da política do pais.
Conforme Noaldo Ribeiro, o Festival de Inverno passou por um momento de transição. O fato de o Solidarium ter conseguido, sem interferência de nenhum outro agente, captar recursos junto à CHESF- Companhia Hidrelétrica de Energia de São Francisco e à PETROBRAS -, sendo que com esta última não foi possível assinar o contrato por problemas de tempo, já significa um grande avanço para um instituto que tem apenas dois anos. Por outro lado, ainda é incomum na região contar com a participação da iniciativa privada, embora seja esta a nossa perspectiva.
O crescimento numérico deste grupo social, notadamente a partir do crescimento dos setores ligados às profissões liberais e das grandes cidades torna esta classe não apenas uma das principais consumidoras dos artefatos e manifestações culturais do país, mas também umas das principais participantes deste movimento cultural e que o povo cada vez mais parecem ser composto dos estratos médios e burgueses da sociedade.
Na realidade, o Solidarium desenvolve outras ações além do Festival de Inverno, ou seja, as atividades desenvolvidas pelo Festival de Inverno (Cultura no Presídio, Projeto Carnavalesca e Girassóis do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) passaram a ser da responsabilidade da Solidarium. Segundo Noaldo Pereira, estas atividades estão ao alcance social de todos. Dentre esses projetos são visíveis, os objetivos no sentido de humanizar a vida carcerária, preservar os traços culturais do carnaval brasileiro e, finalmente, enriquecer os serviços em prol das crianças deste programa.
A necessidade de amarrar a história a esquemas conceituais, que a transformam num jogo de cartas marcadas, nasce exatamente do medo de seu caráter destruidor, sacrificial, medo da abertura para o vir-a-ser do finito limitado, para a surpresa que esta significa. Essa pretensão do tornar a história previsível e a realidade plenamente controlável pela visão não passa de uma vontade de poder, uma vontade de verdade e interpretação e não uma condição objetiva da história.
A trigésima primeira edição do festival traz como tema a Nordestinidade Brasileira, a partir de um conceito do antropólogo Gilberto Freire acerca da identidade cultural do homem nordestino. Que traços de diferenciação cultural do homem nordestino em relação aos demais deste país serão enfocados nas mostras deste ano.
Para Noaldo Ribeiro:
Na verdade, o tema escolhido tem um tom provocativo. Não se quer referendar a teoria do sociólogo de Apipucos, mas de colocá-la sob o crivo da discussão face às novas reflexões desenvolvidas atualmente, principalmente, pelos historiadores Michel Zaidan e Durval Muniz. Por isso, a preocupação das mostras de música, dança e teatro é a de fazer desfilar pelos palcos do Festival as várias estéticas artísticas que vão desde o violeiro repentista, passando pela tradição de Benedito do Rojão, adentrando a modernidade de Elba e Geraldinho Azevedo, até o som contemporâneo da Nação Zumbi.
Para o sociólogo, Noaldo Ribeiro, a atual relação do homem nordestino com os de outras regiões do país, em especial sul e sudeste, está havendo mais tolerância e respeito para conosco. Sabemos que a relação do nordestino com pessoas de outros estados brasileiros é permeada de certo mito que define o nordestino como um pobre coitado. Na verdade, temos um presidente nordestino, isso demonstra que a coisa não é bem assim. De fato, a própria dramaturgia e demais formas de artes, talvez, tenha contribuído para formar no imaginário essa imagem pejorativa sobre o nosso povo. É o caso de reagir, de ser sartreano: "Não importa o que os outros pensam da gente. O que importa é o que fazemos com aquilo que os outros nos fazem.”.
É fundamental notar que o discurso tradicionalista toma a história como o lugar da produção da memória, como discurso da reminiscência e do reconhecimento. Através do Festival, Eneida Agra faz dele um meio de os sujeitos do presente se reconhecerem nos fatos do passado. De reconhecerem uma região presente no passado, precisando apenas ser anunciada. Ela faz dos Festivais o processo de afirmação de uma identidade, da continuidade e da tradição e toma o lugar de sujeitos reveladores desta verdade, mas encoberta.
Comparando o Festival de Garanhuns, apesar de mais jovem, não conseguiu ultrapassar em nenhum aspecto o Festival Campinense. Noaldo Ribeiro (2006) considera que, o Festival de Garanhuns não pode ser visto isoladamente. Ele faz parte de todo um projeto que une as políticas cultural e turística do estado de Pernambuco, traduzido pelo Circuito do Frio. Enquanto acontece o Festival de Garanhuns, Gravatá se prepara para fazer o seu, Triunfo etc.
Neste contexto, essa memória espacial, esteticamente recuperada, inspiraria a criação de um futuro melhor, liberto dos ativismos, artificialismos e utilitarismos. Um espaço regional, feito para permanecer no tempo; construído com o agenciamento de monumentos, paisagens, tipos humanos, relações sociais, símbolos e imagens que pontilham este território estriado pelo poder.
No que se refere à estrutura organizacional do festival de C.Grande-PB, não permite um atrelamento significativo entre turismo e cultura maior que o daqui, mesmo com 30 longos anos de experiência. Observamos que os projetos desenvolvidos constatam que a nossa proposta mantém a essência artística, além de realizar o casamento entre cultura e turismo.
É na memória que se juntam fragmentos de história, um espaço sem claros, preenchido completamente por estes textos, imagens e sons que lhes dão espessura. Espaço onde nada é provisório, onde tudo parece sólido como os monumentos, a fim de alcançar a permanência do ritmo da sedimentação cultural da sociedade.
Supõe-se que por não tratar-se de um festival de caráter não personalizado, ou seja, não está associado a um organizador, mas a uma equipe múltipla de profissionais de marketing, turismo, cultura, etc. É impossível dissociar a criatura do seu criador. Estamos vivendo um momento de transição, cuja perspectiva é de criar um colegiado para gerir o Festival. No entanto, isto nunca irá apagar o nome da professora Eneida Agra Maracajá como figura que não somente criou o Festival de Inverno, mas que se tornou parte dele. Esse novo horizonte traçado para o Festival partiu da própria professora Eneida, que hoje assume a função de curadora do mesmo.
Na realidade, a propósito da professora Eneida, foi dito por ela em uma entrevista durante o lançamento do Festival deste ano (2006) que “o Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-íris, não tem partidos”. Essa afirmação é uma forma de manter o festival de bem com todos os grupos políticos que administram as esferas públicas e que são, potencialmente, patrocinadores do evento.
Por isso, o Festival de Inverno é um instrumento que enxerga a cultura em três dimensões: como símbolos e signos do viver, do crer, do criar e do fazer de um determinado povo, o que se traduz pelas diversas artes; como promotor da cidadania; e como indutor do desenvolvimento econômico (esta é a perspectiva). Sendo assim, o Festival precisa manter uma relação de cordialidade, não apenas com o poder Mas, fundamentalmente, com a sociedade civil. A propósito da captação de recursos, junto a empresas privadas e federais foram feitos sem a menor injunção política, valeu no caso a competência do projeto.
Portanto, o 31º Festival de Inverno em Campina Grande apresentou o espetáculo intitulado “Som Nosso do Meio-Dia”, projeto elaborado para destacar dentro da Mostra de Música do evento os talentos campinenses. Na programação passou pelo palco da Praça da Bandeira um total de 17 cantores e bandas que apresentaram seus diversos estilos, indo do forró ao rock, da MPB à música instrumental.
No repertório, composições próprias e covers de sucessos conhecidos do público se revezaram no palco três bandas campinenses. O show da banda Carburaflôr, apresentou além de músicas autorais, homenagens aos artistas nordestinos, com releituras de clássicos como Asa Branca, Xote das Meninas, entre outras músicas, ao melhor estilo pop rock.
Compreender a “alma de sua terra”, descobrir sua identidade também era a preocupação de Eneida Agra. Ao recuperar a memória pessoal significa organizar a memória coletiva. Assim, a essência do regionalismo passa também pela descoberta de si mesma, de sua identidade como pessoa e como intelectual. A representação do Nordeste é apresentado nessa imagem espacial interiorizada, um espaço melancólico e cheio de sombras; um espaço de saudades e misticismos.
Os componentes da Carburaflôr, do guitarrista Cláudio Coruja, são trabalhos “Input Instrumental” e “Mistura de Ritmos”, num espetáculo totalmente instrumental, mostrando um pouco de cada estilo de suas influências: pop rock, baião, reggae, entre outros. A banda Agente S2, também de Campina Grande, apresentou covers de sucessos nacionais e internacionais do rock.
A preocupação de apresentar a alma da terra, a sua espiritualidade assentada no sobrenatural, na transcendência e na religiosidade atravessa também toda a história da cultura nordestina e do povo brasileiro. Assumindo sua condição de país místico tendo em suas fontes negras da memória e do inconsciente de um catolicismo nordestino sertanejo em que o sagrado se mistura com a natureza e com os vínculos sociais concretos. Um Nordeste de alma negra, mística, espiritual e oprimida em busca de sua redenção. Nordeste onde a mistura de sangue confundem os papeis sociais.
O novo programa dentro do 31º Festival de Inverno é coordenado por Alexandre Barros, o Tan, coordenador municipal de Cultura, juntamente com Noaldo Ribeiro. A idéia surgiu para retomar apresentações de artistas locais no Festival. As atrações foram selecionadas através de material encaminhado por artistas de todo o Estado. Em 2006, o Festival de Inverno em sua 31ª versão, na ocasião o diretor Noaldo Ribeiro, apresentou as novidades deste ano para o evento, o tema: Novidades do Brasil. Outro episódio de destaque foi o caso em 2006, por ocasião do 31º Festival de Inverno prefeito e governador trocaram farpas diante do público do Teatro Severino Cabral.
A este respeito Eneida Agra diz:
O Festival também é dos governantes, a cultura é um arco-iris, não tem partidos. A rivalidade política prejudica. O Festival de Inverno é um instrumento que percebe a cultura em três dimensões: como símbolos e signos do viver, do crê, do criar e do fazer de um determinado povo, o que se traduz pelas diversas artes; como promotor da cidadania e como indutor do desenvolvimento econômico. Sendo assim, o Festival precisa manter uma relação de cordialidade, não apenas com o poder. Mas, fundamentalmente com a sociedade civil.
Desta forma, Eneida aproveitou a oportunidade para externar a idéia de que no evento há lugar para todos desde que o financiem. Afinal, as verbas recebidas vieram de ambas as esferas do poder. Seria no mínimo deselegante para uma dama da cultura ser simpática ao verde em detrimento do laranja ou vice-versa. Sem uma captação de verba efetiva o festival não tem como acontecer.
Na realidade, a questão política em Campina Grande, tende a influenciar negativamente para a realização de qualquer evento público, principalmente se existir a necessidade de verbas do governo do estado ou município. O evento se torna um meio de legitimação política, assim, aquele que patrocina automaticamente está promovendo o sem nome. E em caso de oposição entre o governo estadual e municipal, essa rivalidade transforma-se em rivalidade entre a cidade e o Estado. Neste sentido, quem perde é a população. Assim, as querelas relativas aos eventos culturais apenas refletem parte de uma luta maior, que se trava em âmbito político. E do resultado dessa batalha influenciam os rumos das manifestações artísticas na cidade.
Por isso, no caso do nordeste as grandes empresas procuram explorar as atividades folclóricas e os produtos artesanais. O Estado deixa às empresas privadas a administração dos meios de comunicação de massa e investe, sobretudo, na esfera do teatro. O movimento cultural pós 64 se caracteriza por dois momentos que não são na verdade contraditórios; por um lado ele é um período da história onde mais são produzidos e difundidos os bens culturais, por outro ele se define por uma repressão ideológica e política intensa.
Na introdução do livro, Cultura Brasileira & Identidade nacional da autoria de Renato Ortiz, enfatiza que o tema referente à cultura brasileira e identidade nacional é um antigo debate que se trava no Brasil. No entanto, ele permanece atual até hoje, constituindo uma espécie de subsolo estrutural que alimenta toda a discussão em torno do que é o nacional. Pode-se dizer que a relação entre a temática do popular e do nacional é uma constante na história da cultura brasileira, a ponto de um autor como Nelson Werneck Sodré afirmar que só é nacional o que é popular.
A noção de cultura popular enquanto folclore recupera invariavelmente a idéia de “tradição,” seja na forma de tradição-sobrevivência ou na perspectiva de memória coletiva que age dinamicamente no mundo.
O interesse pela arte desperta Eneida Agra a pensar a possibilidade de trabalhar com diferentes formas de expressão cultural e artística com os jovens, com grupos de teatro e as diversas experiências teatrais modificando assim o perfil das representações artísticas. Neste sentido, as manifestações culturais dentre elas os Festivais de Inverno, as rodas de viola, os concursos musicais de dança e teatro mostrou a arte em várias dimensões em suas expressões mais amplas.
Para Eneida:
A dança é a confluência de todas as manifestações artísticas advindas dos tempos mais remotos da civilização. Além da beleza coreográfica, envolvendo música e teatralidade, o canto, a plástica e o sentido oral real, oriundo da impulsividade humana. O Projeto Cultura no Presídio: Dança do Existencial, busca exercer junto aos cidadãos (apenados) duas de suas funções mais importantes, a de atuar como veículo de comunicação e o caráter terapêutico. A dança do existencial tem a pretensão de resgatar a condição de sujeito que o apenado vai perdendo na prisão. Não é apenas o direito de ir e vir que lhe é tirado, mas o direito à fala, a expressão .
Neste sentido, as manifestações artísticas são expressões de arte e cultura. Assim, o Festival de Inverno está diretamente ligado às produções artísticas de impacto, buscando demonstrar através dos movimentos e das expressões de seus projetos de cunho sócio-cultural e educacional a exemplo do Projeto: “Cultura no Presídio”, recuperar a esperança através da dança, por isso, o grupo de dança formado por apenados, de homens, ora excluídos da sociedade, que a arte pode libertar os pensamentos destes indivíduos mesmo por alguns momentos.
Segundo Eneida Agra Maracajá, a participação de um evento artístico de cunho internacional com um grupo de marginalizados, oferece a oportunidade de inclusão social. Assim, a coreografia como parte desse espetáculo, teve e tem como objetivo demonstrar que a dança é um instrumento que exerce a função de interferir sobre o indivíduo agindo no sentido de que, a mesma age, versando sobre o que não pode ser falado do universo interior do apenado. E assim, minimiza as angústias indizíveis, as barreiras instransponíveis, as humilhações e as descrenças existenciais, que por um “instante” encontra-se em sintonia com a arte.
No entanto, sabemos que os problemas do cidadão que se encontra em regime de “prisão”, não são fáceis de resolver. E a questão da arte em si não soluciona, mas silencia as angústias. Não podemos camuflar os problemas socioeconômicos do país usando como escudo a arte.
Para a organizadora deste Festival de Inverno, o incentivo a arte, principalmente quando em sua essência maior está envolvida a dança, da música ou do teatro significa dizer que a arte não foi, nem é privilégio de um povo, de uma época, de um meridiano, de uma cultura universal e eterna, nada contribui tanto para demonstrar a unidade do homem. Ele é um só, igual em seus anseios e sonhos, na necessidade de criar, e produzir arte, por isso, não podemos desprezar os talentos que compõem o humano.
Sendo a dança um momento ímpar para cada indivíduo, pode-se dizer que não tem um fim em si mesmo, não visa a formação de dançarinos precoces ou de profundos conhecedores da dança. Sua utilização deve ser feita como meio de alcançar uma série de objetivos da educação, que dentre outros se destacam a sensibilização, a socialização, a expressão corporal, a ampliação do desenvolvimento do ritmo, a autodisciplina, a aquisição da cultura. Desse modo, o Festival de Inverno é o memento em que a expressão da arte acontece nas várias dimensões que seja, na arte cênica, na música ou através da dança.
Por isso, a dança, para os povos primitivos, constituía também uma linguagem fundamental. Em todas as circunstâncias importantes da experiência humana, a dança era a representação daquilo que já tinha acontecido, do que estava acontecendo, ou do que se queria fazer acontecer que seja nas atividades cotidianas da vida ou da morte. Para Platão, a música desempenha um importante papel cultural e social: deveria ser cultivada desde a infância, mediante o adestramento da voz, do ouvido e da aprendizagem de um instrumento. Apesar dos diferentes pontos de vistas, uma coisa é certa, música e dança são atividades desde tempos primitivos elas aparecem associadas freqüentemente.
Segundo Renato Ortiz, a respeito afirma:
A cultura enquanto fenômeno de linguagem é sempre passível de interpretação, mas em última instância são os interesses que definem os grupos sociais que decidem sobre o sentido da reelaboração simbólica desta ou daquela manifestação. Os intelectuais têm neste processo um papel relevante, pois são eles os artífices deste jogo de construção simbólica. (ORTIZ, 2004, p.142)
Ainda segundo este autor, as manifestações culturais dependem dos interesses envolvidos, que seja os políticos, econômicos ou sociais a serem alcançados. Essa cultura “popular”, mais próxima do senso comum, mais identificada com os indivíduos, é produzida e consumida pela própria população local, sem necessariamente precisar de técnicas racionalizadas e cientificas. É uma cultura transmitida em geral oralmente, registrando as tradições e os costumes de determinado grupo social. Percebemos que a cultura alcança formas artísticas expressivas e significativas.
Entretanto, existe um tipo de criação cultural que não se identifica com um único víeis de criação artística. Essa produção é elaborada por músicos, escritores, dramaturgos, cineastas etc., cuja expressão é personalizada e criativa. E consegue manter um vínculo com a linguagem popular.
Na realidade, a “cultura” de um povo assim como os produtos desta cultura quer como o modo de vida, quer como o contexto do comportamento humano, etc., entretanto, há íntima ligação com a comunicação. Portanto, “cultura”, serve de mediadora da comunicação e é por esta avaliada. No entanto, a comunicação é mediada pela cultura, é um modo pelo qual a cultura é disseminada realizada e efetivada. Não há comunicação sem cultura e não há cultura sem comunicação, por isso, traçar uma distinção rígida entre ambas é afirmar que um dos lados é objeto legítimo de um estudo disciplinar enquanto o outro é relegado a uma disciplina diferente, constitui-se um exemplo da miopia e da futilidade das divisões acadêmicas arbitrárias do trabalho.
Definitivamente após 30 anos de realização do evento, chegou a um ponto de maturidade por parte de sua organização que passa a entender a necessidade de uma atitude profissional já a partir da criação desse instituto onde a captação de verbas obedecerá regras democráticas e poderá ser cobrado em termo de compromisso social.
Assim, a partir de 2006 os espetáculos adotam uma temática para realização do evento. Nesse contexto, neste ano de sua trigésima primeira edição, o Festival de Inverno trouxe como tema a “Nordestinidade Brasileira”, a partir de um conceito do antropólogo Gilberto Freyre acerca da identidade cultural do homem nordestino. A relação do nordestino com os indivíduos das demais regiões brasileiras é permeada de certo mito que define o nordestino como um pobre coitado.
Por isso, Renato Ortiz, em relação à cultura, afirma,
De qualquer maneira persiste o elemento conservador; valoriza-se a tradição como presença do passado, todo “progresso” implicando um processo de dessacralização da sabedoria popular. Um exemplo típico desta forma de literatura é o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre. Concebe-se assim uma pretensa autenticidade das manifestações populares que irá radicalmente se opor a qualquer movimento de transformação da realidade social .
O Festival de 2006 trouxe para se apresentar o pernambucano Geraldo Azevedo na Praça da Bandeira, onde foi exibido o conjunto das estéticas culturais citando a arte nativa na música de Biliu de Campina e Cabruêra, evidencia os aspectos da regionalidade de Gilberto Freyre.
O Nordeste de Gilberto Freyre é enfatizado como o lugar da tradição, sempre tematizado de forma negativa como uma região de ignorantes pela literatura regionalista das mais diversas obras, a exemplo de Ariano Suassuna, Euclides da Cunha e outros. As obras desses autores contribuem para que o Nordeste seja visualizado apenas como lugar das manifestações folclóricas, das crendices populares. Desse modo, o Festival de Inverno incorpora através da cultura e da arte, a tendência regionalista baseado na denúncia das tendências regionais.
Luiz Gonzaga e sua visão tradicionalista são responsáveis por divulgar uma cultura regional diante do processo de generalização dos bens culturais produzidos pela sociedade. O nordeste de Gonzaga é criado para realimentar a memória. Assim, a cultura marcada por estereótipos solidifica uma identidade regional.
A música de Gonzaga vai ser pensada como representante de uma identidade regional que se firmou por meio da produção freyreana. Não é só o ritmo que vai instituir uma escuta do Nordeste, mas as letras, o próprio grão da voz de Luiz Gonzaga, sua forma de cantar, as expressões locais que utiliza os elementos culturais populares e, principalmente, rurais que agencia a forma de vestir, de dar entrevista, o sotaque, tudo vai significar o Nordeste.
O Festival de Inverno tendo como temática “Nordestinidade” remete a saudade como uma constante tanto nas músicas de Gonzaga como na vida de Eneida Agra. A saudade da terra, do lugar, dos amores ou da família. E assim, a idéia de passado de memória evocado saudosamente em forma de misticismo. Um espaço marcado por uma produção cultural tradicionalista.
Luiz Gonzaga assume a identidade de “voz do Nordeste”, que quer fazer sua realidade chegar ao Sul e ao governo. Sua música tornou o Nordeste conhecido em todo o país, chamando atenção para seus problemas, despertando o interesse por suas tradições e cantando suas coisas positivas. Condizente com a visão populista que dominava a política brasileira neste momento e muito próximo da criação tradicional da política da região, Gonzaga se coloca como o intermediário entre o povo e o Nordeste e o Estado, que deseja saber quais são os problemas deste povo, cabendo ao artista torná-los visíveis. A seca surge no discurso de Gonzaga como o único grande problema do espaço nordestino. Para chamar atenção para este fato ele compõe Asa Branca, com Humberto Teixeira que chamou mais tarde de música de protesto cristão. Durante a seca de 1953, compõe com Zé Dantas Vozes da seca, na qual cobra proteção e providência por parte do Estado, surgindo inclusive soluções a serem tomada para o problema agenciando claramente enunciados e imagens do já quase secular discurso da seca.
Neste Festival, as apresentações artísticas além da música, da dança, do teatro e dos espetáculos de violeiros, repentistas, marcaram a tradição na arte. A saudade nas músicas de Rosil Cavalcanti aflorou as sensibilidades do público. E assim, o nordeste cantado através das músicas de Luiz Gonzaga: “Paraíba” ao mesmo tempo Eneida Agra é chamada de “Cangaceira das Artes”, pelo então prefeito Veneziano Vital do Rego. Essas saudades vêm se juntar as saudades de Eneida de um passado que ela não quer deixar esquecer .
Na realidade ainda podemos dizer que a preocupação maior de Gonzaga era com a conquista do espaço para a cultura nordestina, para sua música e com o reconhecimento do sul, expressando o já estabelecido complexo de inferioridade dos produtores culturais e intelectuais nordestinos que precisam sempre da validação do Centro-sul para seu trabalho.
E assim, a produção cultural de um povo, desde a pré-história até nossos dias, evidencia que o homem faz cultura, ao mesmo tempo em que manifesta por meio dela o seu conhecimento e a sua visão de mundo. O folclore da Bahia destaca a cultura de um povo é a oportunidade de comparar as diversidades culturais.
Neste sentido, Eneida como representante deste Festival desenvolve uma postura irreverente, tenta passar a idéia de que o espetáculo somente tem acontecido porque ela está a frente, como guerreira, batalhando sem cansar para a realização do evento. A figura da promotora incansável exerce a função de coordenadora e incentivadora da arte e da cultura no município.
Sabemos que isto se deve ao fato de que a cultura é uma invenção recente assim como o nordeste fruto em grande parte deste próprio desenraizamento do espaço da cultura e da memória do passado, não é apenas evocação, mas principalmente da criação de um espaço imaginado e de tradições feitas em contraponto a realidade urbana enfrentada e reforçada pela construção da identidade neste espaço e que possibilita a invenção desta cultura. A escuta é um dos principais mecanismos de delimitação desses novos territórios.
Assim, os festivais evidenciam um espetáculo a favor da arte, práticas estas que se constitui num dos efeitos e materialização dos discursos elitistas circulante, principalmente entre a elite local, tendência que se acentua paulatinamente. Culturalmente, ressignifica a eficácia da memória e da identidade social e contribui para valorização da arte popular. Essa temática sofre permanente atualização, tal como na literatura do cordel; tende para a crônica do cotidiano.
O Nordeste é criado para realimentar a memória do migrante. Não é por se ligar a estes setores marginalizados, no entanto a música nordestina vai se mantendo e continuando como uma música regional. Como expressão de uma região que era vista como o espaço de atraso, fora de moda, do pais; região marginalizada pela própria forma de como se desenvolveu a economia e como foi gestada discursivamente.
O Festival de Inverno de Campina Grande é um evento que, há décadas, trás para a cidade grandes valores culturais. É um momento das artes, seja ela musical teatral ou dançante. Contudo, e cultural da Paraíba, a FIEP apóia o Festival de Inverno. Para o Instituto de Arte, Cultura e Cidadania - SOLIDARIUM é responsável mesmo chegando a sua 32ª edição, o evento ainda sofre um entrave para a sua realização: a falta de patrocínio.
O espaço desenhado nos Festivais de Inverno temáticos e imagens já cristalizadas, ligados a própria produção cultural popular, fruto das manifestações da cultura popular. Por abranger os versos dos poetas, o circo, os fragmentos da literatura oral como provérbios e ditos populares, lendas, crenças e superstições.
Comprometida com o desenvolvimento industrial do Estado e também com o segmento social pela realização do evento. “O apoio da Federação não se resume apenas ao financeiro, a FIEP patrocina a “cara” do Festival que é o material gráfico e ratifica o grande momento nacional da cultura, pois este evento tem história, e a FIEP sempre chega na hora certa, Buega sempre chega na hora certa, pois ele conhece o Festival. O apoio da Federação vem dar o aval de credibilidade em um momento muito especial e, principalmente, confirmar a importância do Festival de Inverno que, há 32 anos, promove a cultura na cidade”, destacou a presidente do SOLIDARIUM, Eneida Agra Maracajá.
Em vários momentos os Festivais de Inverno transmitem uma visão bem-humorada da vida do ser nordestino. Despertar o interesse dos patrocinadores para a cultura no Estado é difícil, uma vez que historicamente foi construída uma visão depreciativa do artista, os estereótipos ainda persistem e assim passa a encarar a imagem da dependência econômica, demarca fronteiras, institui a dependência cultural dos eventos na cidade como o lugar de perda dos valores tradicionais, da vida da informando as transformações históricas e sociais ocorrendo no pais significando recusa destas mudanças.
A coordenação do Festival de Inverno de Campina Grande revelou ainda que, desde o ano passado, vem distribuindo, junto às empresas de grande porte, o Projeto do Festival de Inverno, mas a morosidade e a greve no Ministério da Cultura criaram entraves no processo, razão pela qual, surgiram dificuldades para fechar a programação deste ano contou com a participação das companhias de dança de Campina Grande e o conceituado Choro e Valsas do ballet de Niterói.
O espaço do Festival de Inverno é construído por um saber que implica uma nova visibilidade do nacional. Uma geografia de toques, de sons, de requebros, de ritos, de territórios “livres” onde brota a arte os bailarinos. Um espaço onde os indivíduos possuem o controle do tempo, de suas vidas e de seus trabalhos. O equilíbrio, a força, os gestos, a harmonia da arte se misturam de maneira a proporcionar a oscilação entre a realidade e a fantasia ministrados pela música dos Beatles.
Em 2008 o XXXIII Festival de Inverno de Campina Grande tendo como temática: “Infinita Utopia”. Os tempos atuais, marcados pelo processo de globalização e todas as adversidades delas advindas renova uma velha questão quase arquivada pela exacerbação da competitividade e pela ascensão desmedida do individualismo. Esse quadro provoca a necessidade de um olhar atento no retrovisor da história, tornando atualíssimo e pertinente a luta pela construção de uma nova utopia, capaz de reacender o humanismo, colocando-o em primeiro plano.
O estabelecimento de um novo mundo, a transformação de uma realidade, de um sonho, de um desejo de mudança começa a simular novas possibilidades de existência. Transformar o real em sonho é a única forma de sair da cena, é fundar um mundo onde possa reencontrar a estabilidade, através da arte das imagens fixas e nítidas de um mundo globalizado.
“Infinita Utopia”, sob o manto desse monte inspirador, o Festival de Inverno de Campina Grande, o mais antigo da região nordestina e o 4º mais antigo do país realizam a sua XXXIII edição conservando sua premissa de não apenas fazer círculos as artes e promover o intercâmbio, mas induzir a comunidade à prática da reflexão e o exercício da cidadania, sem falar como constituir-se em objeto da atividade turística de forma a gerar ocupação e renda cumprindo, há mais de trinta anos, os requisitos hoje adotados pela Secretaria de Comunicação da presidência da república no que toca a celebração de patrocínio.
Este espaço é simulado por meio de seus personagens marcados pelo ambiente físico e social pela linguagem, pela forma e pelo conteúdo do dizer e do olhar. Este espaço expressa, no entanto, a universalidade da cultura. Um espaço que surge como uma produção que cerca os mundos culturais diferentes quanto a capacidade de transformação do mundo pelo homem.
O evento ao completar 33 anos de realização tendo como tema principal “Infinita Utopia” contando com a participação da Companhia de dança Quartier Latin (SP) e o espetáculo Beatles lado D, cada música apresentava um conjunto de sutilezas, intrigantes extasiantes esculpindo corpos embalados por uma canção, também a Companhia de Dança Débora Colker (RJ), Cia de Teatro Denise Stoklos (SP), ainda shows com Nana Vasconcelos (RJ), cordel de fogo encontrado (PE) e o grupo Teatro Mágico (SP), fizeram dessa mostra de arte e cultura momentos de inclusão social.
A produção de imagens expressivas nestas apresentações da Cia. de Dança Quartier Latin do Estado de São Paulo significou a expressão de uma tendência contemporânea das manifestações artísticas marcada pela identificação com o nacionalismo em oposição à cultura tradicional formalista da arte. Entretanto, persiste ainda a influência americana, uma vez que as músicas dos Beatles deram o tom da temática.
De acordo com a coordenadora do evento Eneida Agra, o evento ganhou dimensão nacional e tornou-se um laboratório de idéias e saberes enquanto cultura brasileira. Os Festivais de Inverno é composto de: música, dança, peças de arte e desfiles. Nada melhor para exercitar esse sentimento libertário do que beber nas fontes das culturas e das artes, sempre essas últimas verdadeiras tradutoras da experiência vivenciada pelo homem e por vezes inventoras de novas realidades, especialmente quando induzem, a partir do concreto, formas e ou modelos de contraculturas, caso que se coloca como necessidade para alterar a paisagem social, política econômica e cultural vigentes.
A temática “Infinita Utopia” marcou a apresentação como um verniz moderno. Assim, a produção cultural aliada a imagem nacional, mostraram uma imagem privilegiada. Nesse contexto, o ballet emergiu como uma temática privilegiada deste Festival, preocupada com as questões sociais do país, com a sua cultura e com a necessidade de transformação desta realidade. A crítica chega a tomar a modernidade como pré-requisito básico para mostrar um Brasil, a partir da perspectiva social.
Dessa forma, nada melhor do que o Festival de Inverno de Campina Grande vindo a converter-se em arena não apenas para circulação de artistas, iniciação e formação de artistas, mas fundamentalmente para colocar na pauta do dia os desejos e impasses capazes de prover de sustentabilidade, o direito ao sonho possível e o direito à utopia.
Por isso cai como uma luva em mãos certas, discutir se a produção cênica e musical e assim continuar a ensejar o desejo coletivo no que se refere ao desenho de novas formas de viver; e que representa as artes cênicas contemporânea no processo de invenção de uma nova realidade social; o que se pode extrair da musicalidade brasileira em termos de perspectivas utópicas.
Dessa forma, percebemos que o mais flexível possível dessas preocupações permearam as mostras de teatro, dança e música, mas se concentraram nos debates, por meio do Fórum das culturas ferramenta que concentra o teor reflexivo do Festival. Ademais, buscando garantir o acesso democrático as artes, o Festival ampliará os espaços gratuitos, como a Praça da Bandeira (coração da cidade), as próprias ruas do Centro, apresentando, principalmente, a chamada música erudita, e o teatro e a dança em plena Praça Clementino Procópio, também no centro da cidade. Portanto, além dos benefícios artísticos culturais, o Festival priorizará as ações de natureza cidadã e, simultante, continuará o seu esforço para fortalecer o desenvolvimento econômico, abrindo portas para o turismo cultural, agregando-se ao Trade turístico e buscando a ampliação de seus apoios no seio da iniciativa privada.
A idéia de popular se confunde com as do tradicional e antimoderno, fazendo com que a elaboração imagética tenha enorme poder de impregnação nas camadas populares, já que estas facilmente se reconhecem em sua visibilidade. Parece, hoje, ser preciso ultrapassar as nações ou as regiões para permitir a emergência do novo. Porque a nação, tanto quanto a região se tornaram maquinarias de captura do novo, do diferente e por isso vivem permanentemente em crise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Festivais de Inverno é uma celebração que reúne todas as artes. A música, o teatro, a dança, as artes plásticas, o artesanato e a liturgia. Elas fazem parte das coisas que inventamos para preencher o mistério vazio. A arte alimenta a alma, povoa sonhos e nos revela a presença da cultura. Nas coreografias dos bailarinos, na gestualidade corporal dos atores, na beleza colorida dos figurinos e alegorias, na singeleza da liturgia e em tudo que é realizado reconhecemos arte e cultura.
O florescimento da literatura dramática brasileira tornou-se signo da maturidade artística e eis que o Golpe Militar de 1964, desastroso em todos os sentidos trouxe para o palco a hegemonia da censura. Ela não veio de repente, como se houvesse outras prioridades a cumprir. A sobrevivência do teatro tornou-se dificílima com a edição do Ato Institucional nº 5 e o advento do governo Médici, que sufocou o que ainda restava de liberdade.
No palco do Teatro Severino Cabral só se passou a respirar de novo com a abertura política iniciada no governo Geisel e prosseguida no governo Figueiredo. Mesmo assim, os espetáculos teatrais marcaram significativamente a cultura na cidade de Campina Grande-PB. A iniciativa de Eneida Agra Maracajá funde o dramaturgo nos espetáculos que se desenvolveram enriquecendo o teatro. Alia o espontâneo ao elaborado, o popular ao erudito, a linguagem comum ao estilo terso, o regional ao universal.
A característica marcante dos Festivais de Inverno é uma mistura mística de religiosidade e superstições folclóricas. Eneida Agra tem como devoção a Santa Teresinha, e assim tomou como padroeira dos Festivais de Inverno a Santa Teresinha. Os festivais de Inverno têm em sua abertura a realização de um memorial a todos os credos, tanto se homenageiam os negros afro-brasileiros, como as demais manifestações de cultura brasileira mesclada de todos os credos e da cultura de todos os povos. E assim, o Festival tem um lugar para todas as culturas.
A história em seu caráter disruptivo, é apagada e, em seu lugar, é pensada uma identidade regional a-histórica, feita de estereótipos imagéticos e enunciativos de caráter moral, em que a política é sempre vista como desestabilizadora e o espaço é visto com estável. A questão que se coloca é como produzir cultura, lançando mão das mais diferenciadas informações, matérias e formas de expressão, seja de que procedência for e, ao mesmo tempo, não se submeter às centrais de distribuição de sentindo nacionais ou internacionais, como ser global e singular. É preciso, para isso, se localizar criticamente dentro destes fluxos culturais e não tentar barrá-los e produzir uma permanente crítica das condições de produção do conhecimento da cultura no país em suas diversas áreas. E assim, ter um olhar crítico em relação a esta cultura.
Não se trata de buscar uma cultura nacional ou regional, mas uma identidade cultural, buscar diferenças culturais. O discurso historiográfico pode contribuir sobremaneira para a ruína das tradições e identidades que nos aprisionam e nos reproduz como esta nação sempre a procura de si mesma. É fundamental reconhecer o subdesenvolvimento econômico e a estrutura de classes da região, haja vista não são suficientes para explicar a dificuldade em transformar este espaço em espaço moderno. Existe uma verdadeira falta de interesse político, de legitimidade social, do valor da inovação, um acentuado apego ao tradicional, ao antigo, fazendo com que a modernização atue no nordeste no sentido de mudar o menos possível as relações sociais, de poder e de cultura.
Portanto, os Festivais de Inverno apresentam uma forma de “cultura nordestina, no sentido de constituir-se um complexo cultural historicamente datável”. É fruto de uma criação político-cultural, que busca diluir as próprias diversidades e heterogeneidades existentes neste espaço, em nome da defesa de seus interesses e de sua cultura. Precisamos sim, renunciar a todas as continuidades irrefletidas, sobretudo termos como tradição, identidade, cultura regional e nacional, desenvolvimento, subdesenvolvimento, evolução, e para sermos capazes de pensar o diferente e a pensá-lo fazer diferente. Diferença que, longe de ser origem esquecida e recoberta, é a dispersão do que somos e fazemos.
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ENTREVISTA:
Eneida Agra Maracajá concedida em 05/05/2008 e 10/07/2008.
DESCORTINANDO O PATRIMONIO HISTORICO DA HUMANIDADE: Uma sensibilização através da memória paraíbana
JOSELIA FERREIRA DE OLIVEIRA
JUSTIFICATIVA
O presente projeto sobre Patrimônio Histórico-cultural de uma sociedade é relevante no sentido de que, é consensual a impossibilidade de se estudar a História de todos os tempos e sociedades, sendo necessário fazer seleções baseadas em determinados critérios para estabelecer os conteúdos a serem ensinados. A seleção de conteúdos programáticos tem sido variada, mas geralmente é feita segundo uma tradição de ensino, que é rearticulada e reintegrada em novas dimensões e de acordo com temas relevantes para o momento histórico da atual geração.
O maior patrimônio de uma sociedade é sua história. A modernidade tem transformado o homem em um ser insensível e sempre implicando na destruição de alguns valores culturais e tradicionais. Sendo assim, objetiva-se provocar a partir das aulas de campo nos espaços tombados pelo patrimônio histórico como Areia-PB; Ingá-PB, João Pessoa-PB, Souza-PB; municípios do Brasil, uma sensibilidade histórica acerca da preservação cultural e identidade coletiva. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas. A partir dessas atividades foi possível perceber que, preservar a memória de um povo é dar sentido e significado a existência humana durante suas experiências históricas.
Assim, as aulas de campo tem sido uma possibilidade metodológica para o processo do ensino-aprendizagem. Nesse contexto, desenvolvemos um trabalho interdisciplinar durante a realização do projeto educativo, uma vez que ao pesquisar sobre o Patrimônio Local este favorece a promoção da cidadania, pois conhecer a história das populações indígenas, africanas e brancas que passaram pelos municípios da Paraíba a exemplo de Areia-PB, Ingá-PB, Souza-PB, João Pessoa - PB possibilita o aluno ter contato com o patrimônio da humanidade. Em Ingá-PB é possível o aluno perceber que o período considerado paleolítico e neolítico deixou suas marcas registradas nas pedras e nos artefatos expostos no museu, sendo este afirmação de lugares de memória, assim, considerar que a África está em nós é um fato evidente. A partir dos vestígios históricos nos museus de Ingá-PB, e Souza-PB, é possível constatar a História da Humanidade, haja vista que, no período da pangéia, somente existia um continente e sua divisão resultou na multiplicação de vestígios por todo o mundo.
Estudar a origem dos índios Bruxaxas, no município de Areia-PB, e ter contato com as obras de Pedro Américo e sua história é contribuir para a educação e a cultura do país oferecendo oportunidade ao aluno da rede pública de ensino da Paraíba se apropriar de um conhecimento que os livros didáticos apresentam distante da realidade. Inclusive, os livros didáticos não privilegiam estudos sobre Patrimônio Histórico e muito menos apresentam o potencial da Paraíba, no que diz respeito a temática. A conquista da Paraíba, as lutas em prol da defesa da capitania, a presença dos jesuítas, as ordens religiosas, as construções do século XVIII, o barroco e todo um aparato histórico que não podemos negar aos nossos alunos e deixa-los passar pela vida sem conhecer a história das lutas e vitórias do povo paraibano, além de compreender que os dinossauros, a preguiça gigante, o tatu gigante, animais extintos estiveram na Paraíba, além das várias tribos nômades que aqui passaram.
O ensino e aprendizagem da História enquanto disciplina está voltada inicialmente, para atividades em que os alunos possam compreender as semelhanças e as diferenças, as permanências e as transformações no modo de vida social, cultural e econômico de sua localidade, tanto no presente como no passado, mediante a leitura de diferentes fontes históricas deixadas através das obras humanas.
Enfim, o trabalho do professor consiste em introduzir o aluno na leitura das diversas fontes de informação, para que adquira, pouco a pouco, autonomia intelectual. O percurso do trabalho escolar inicia dentro da sala de aula, baseado nessa perspectiva e identificação das especificidades das leituras dos documentos, vestígios históricos, lugar de memória, sítios arqueológicos e das simbologias e formas diversas de construção e aquisição de novos conhecimentos. É necessário frisar a contribuição da História para as novas questões, considerando-se que a sociedade atual vive um presente contínuo, que tende a “esquecer” e anular a importância das relações que o presente mantém com o passado. Nos dias atuais, a cultura impregnada de tecnologia fornece uma valorização das mudanças no moderno cotidiano tecnológico e uma ampla difusão de informações sempre apresentadas como novas e com explicações simplificadas que as reduzem aos acontecimentos imediatos. Dito isto, é compromisso fundamental da História estudar a íntima relação da Memória e das tradições históricas, livrando as novas gerações da “amnésia social” que compromete a construção de suas identidades individuais e coletivas. O direito à memória faz parte da cidadania cultural e revela a necessidade de debates sobre a importância de recuperar a história da humanidade, por isso, a preocupação em estudar e não deixar morrer a memória dos nossos antepassados significa despertar o interesse dos alunos pelo Patrimônio cultural, por ser de fato de suma importância para a formação de uma memória social e nacional das novas gerações.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
* Apresentar lugares de memória de determinadas comunidades como: Areia-PB; Ingá-PB; João Pessoa - PB; Souza-PB; no sentido de que a vida é uma imensa combinação do passado com o presente projetado para o futuro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Investigar os espaços de memórias, lugar onde detém precioso acervo de informações históricas sobre nossa existência humana.
• Perceber que o primitivo e o requintado são elementos que palpitam no ritmo e na aquarela da humanidade.
• Despertar as novas gerações para a importância dos museus, do Patrimônio Histórico da humanidade.
• Comparar o ensino ministrado em sala de aula com auxílio dos recursos tecnológicos, da prática mecânica com uma nova oportunidade de ensinar através de uma nova dinâmica, talvez mal interpretada por alguns educadores que pensam que a aula se resume apenas a sala de aula.
• Dinamizar as aulas de História e Geografia partindo de uma metodologia onde o aluno aprende diante das fontes históricas orais, escritas, dos monumentos e das imagens, ou seja, o ensino é marcado por um traço espontâneo de aprender e fazer história.
METODOLOGIA
Para desenvolvimento desse projeto educativo visando aprimorar o conhecimento sobre a história e principalmente sobre o patrimônio histórico, pensamos na possibilidade de levar os alunos aos lugares de memória. É relevante o projeto uma vez que ao visitar, por exemplo, um município como Areia-PB, cidade considerada Patrimônio Histórico, responsável por exportação de açúcar durante todo período colonial vindo a entrar em decadência a sua produção de açúcar somente após a concorrência com as Antilhas. É uma cidade que teve um número enorme de engenhos de açúcar e rapadura, também tinha um número considerável de mão-de-obra escrava, libertando seus negros em 03 de maio de 1888.
Vale ressaltar que a estrutura da cidade permanece marcada pela arquitetura portuguesa, cerâmicas e modelos de residências. Destacando o museu: Casa Pedro Américo suas obras, vida e memória. Assim, visitamos esta cidade para se ter um contato mais próximo com aquela que participou das Revoltas do período regencial apoiando Frei Caneca e despontando como cidade que participou de todas as revoltas em prol da independência.
Por isso, recuperar a memória histórica nos museus, nas igrejas de estilos barrocos, em Areia-PB, ainda, destaca-se a Igreja dos Rosário construída pelos negros para cultuar seus deuses. A mata pau dos ferros, um espaço de preservação ambiental de diversidade de plantas, de vegetação, de pássaros além de uma Barragem de abastecimento de água. Ainda consta na cidade a preservação de uma casa de um antigo proprietário de engenho intacta com a estrutura de uma senzala urbana daquela época.
Ao avaliarmos o momento histórico estudado foi possível registrar em um mural com as fotos a produção de textos sobre a viagem. O que é possível perceber que o contato do aluno com o patrimônio histórico favorece maiores oportunidades de aprendizagem. Ao compreender melhor a existência do homem e a origem da humanidade, bem como, o encontro com o passado através dos resquícios históricos percebemos que ensino diante de outros documentos (fontes) promove uma maior compreensão da linguagem histórica. Em João Pessoa - PB, nas Igrejas barrocas, nos hotéis antigos, no teatro, diante da arte renascentista que o Conjunto São Francisco - PB apresenta, hoje reservado apenas para visitas turísticas, possibilita o reencontro do passado com as gerações presentes.
Portanto, o presente projeto de cunho educativo e cultural no primeiro momento foi proposto através de estudos de pesquisas bibliográficas baseado no conteúdo programático destinado para o ensino fundamental, por ser um recurso através do qual, é possível coletar dados para a pesquisa e estudos.
Assim, o estudo alicerçado em pesquisas bibliográficas é proveitoso por ser desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente da literatura oficial, uma vez que visa proporcionar maior familiaridade com o assunto, com vistas a torná-lo mais explícito; e descritiva, porque observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos da própria realidade sem manipulá-los.
O respectivo trabalho realizado através da leitura e apontamentos abordando a temática em questão inicia-se sempre a partir de uma leitura informativa ou pré-leitura, que permite selecionar os documentos bibliográficos que contêm dados ou informações suscetíveis de serem, aproveitados na solução do problema e que dará uma visão global do assunto; seguida da leitura seletiva e crítica, para a seleção do material útil para o trabalho, escolha das idéias principais, diferenciando-as entre si e das secundárias; sendo a última etapa a leitura interpretativa onde procuraremos saber o que os autores realmente afirmam quais os dados que oferecem e as informações que transmitem sobre o Patrimônio Histórico, os fósseis, os nativos que habitaram a região de Areia-PB, ou seja, dados relevantes para os estudos culturais, o que proporciona benefícios a aquisição de conhecimentos.
PÚBLICO ALVO
• Alunos do Ensino Fundamental I ou Educação Básica.
AVALIAÇÃO
- Um estudo tendo como eixo Patrimônio Histórico-cultural da humanidade é matéria-prima da memória, a avaliação através dos relatórios, dos depoimentos desses alunos podem demonstrar que os registros históricos deixados ao longo dos anos pelos nossos antepassados despertam o entendimento dos alunos e o sentimento de pertencimento. O lugar de memória passa a ser valorizado porque faz parte da cultura.
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Brasília, MEC/SEF. 1997.
REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, Memória, História, Historiografia: dossiê ensino de História. São Paulo: ANPUH/Marco zero, vol. 13, nº 25/26 set 1992 e agosto 1993.
SÂO PAULO, Secretaria Municipal de Cultura. O direito a memória: Patrimônio histórico e cidadania. São Paulo. DPH, 1992.
JUSTIFICATIVA
O presente projeto sobre Patrimônio Histórico-cultural de uma sociedade é relevante no sentido de que, é consensual a impossibilidade de se estudar a História de todos os tempos e sociedades, sendo necessário fazer seleções baseadas em determinados critérios para estabelecer os conteúdos a serem ensinados. A seleção de conteúdos programáticos tem sido variada, mas geralmente é feita segundo uma tradição de ensino, que é rearticulada e reintegrada em novas dimensões e de acordo com temas relevantes para o momento histórico da atual geração.
O maior patrimônio de uma sociedade é sua história. A modernidade tem transformado o homem em um ser insensível e sempre implicando na destruição de alguns valores culturais e tradicionais. Sendo assim, objetiva-se provocar a partir das aulas de campo nos espaços tombados pelo patrimônio histórico como Areia-PB; Ingá-PB, João Pessoa-PB, Souza-PB; municípios do Brasil, uma sensibilidade histórica acerca da preservação cultural e identidade coletiva. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas. A partir dessas atividades foi possível perceber que, preservar a memória de um povo é dar sentido e significado a existência humana durante suas experiências históricas.
Assim, as aulas de campo tem sido uma possibilidade metodológica para o processo do ensino-aprendizagem. Nesse contexto, desenvolvemos um trabalho interdisciplinar durante a realização do projeto educativo, uma vez que ao pesquisar sobre o Patrimônio Local este favorece a promoção da cidadania, pois conhecer a história das populações indígenas, africanas e brancas que passaram pelos municípios da Paraíba a exemplo de Areia-PB, Ingá-PB, Souza-PB, João Pessoa - PB possibilita o aluno ter contato com o patrimônio da humanidade. Em Ingá-PB é possível o aluno perceber que o período considerado paleolítico e neolítico deixou suas marcas registradas nas pedras e nos artefatos expostos no museu, sendo este afirmação de lugares de memória, assim, considerar que a África está em nós é um fato evidente. A partir dos vestígios históricos nos museus de Ingá-PB, e Souza-PB, é possível constatar a História da Humanidade, haja vista que, no período da pangéia, somente existia um continente e sua divisão resultou na multiplicação de vestígios por todo o mundo.
Estudar a origem dos índios Bruxaxas, no município de Areia-PB, e ter contato com as obras de Pedro Américo e sua história é contribuir para a educação e a cultura do país oferecendo oportunidade ao aluno da rede pública de ensino da Paraíba se apropriar de um conhecimento que os livros didáticos apresentam distante da realidade. Inclusive, os livros didáticos não privilegiam estudos sobre Patrimônio Histórico e muito menos apresentam o potencial da Paraíba, no que diz respeito a temática. A conquista da Paraíba, as lutas em prol da defesa da capitania, a presença dos jesuítas, as ordens religiosas, as construções do século XVIII, o barroco e todo um aparato histórico que não podemos negar aos nossos alunos e deixa-los passar pela vida sem conhecer a história das lutas e vitórias do povo paraibano, além de compreender que os dinossauros, a preguiça gigante, o tatu gigante, animais extintos estiveram na Paraíba, além das várias tribos nômades que aqui passaram.
O ensino e aprendizagem da História enquanto disciplina está voltada inicialmente, para atividades em que os alunos possam compreender as semelhanças e as diferenças, as permanências e as transformações no modo de vida social, cultural e econômico de sua localidade, tanto no presente como no passado, mediante a leitura de diferentes fontes históricas deixadas através das obras humanas.
Enfim, o trabalho do professor consiste em introduzir o aluno na leitura das diversas fontes de informação, para que adquira, pouco a pouco, autonomia intelectual. O percurso do trabalho escolar inicia dentro da sala de aula, baseado nessa perspectiva e identificação das especificidades das leituras dos documentos, vestígios históricos, lugar de memória, sítios arqueológicos e das simbologias e formas diversas de construção e aquisição de novos conhecimentos. É necessário frisar a contribuição da História para as novas questões, considerando-se que a sociedade atual vive um presente contínuo, que tende a “esquecer” e anular a importância das relações que o presente mantém com o passado. Nos dias atuais, a cultura impregnada de tecnologia fornece uma valorização das mudanças no moderno cotidiano tecnológico e uma ampla difusão de informações sempre apresentadas como novas e com explicações simplificadas que as reduzem aos acontecimentos imediatos. Dito isto, é compromisso fundamental da História estudar a íntima relação da Memória e das tradições históricas, livrando as novas gerações da “amnésia social” que compromete a construção de suas identidades individuais e coletivas. O direito à memória faz parte da cidadania cultural e revela a necessidade de debates sobre a importância de recuperar a história da humanidade, por isso, a preocupação em estudar e não deixar morrer a memória dos nossos antepassados significa despertar o interesse dos alunos pelo Patrimônio cultural, por ser de fato de suma importância para a formação de uma memória social e nacional das novas gerações.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
* Apresentar lugares de memória de determinadas comunidades como: Areia-PB; Ingá-PB; João Pessoa - PB; Souza-PB; no sentido de que a vida é uma imensa combinação do passado com o presente projetado para o futuro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Investigar os espaços de memórias, lugar onde detém precioso acervo de informações históricas sobre nossa existência humana.
• Perceber que o primitivo e o requintado são elementos que palpitam no ritmo e na aquarela da humanidade.
• Despertar as novas gerações para a importância dos museus, do Patrimônio Histórico da humanidade.
• Comparar o ensino ministrado em sala de aula com auxílio dos recursos tecnológicos, da prática mecânica com uma nova oportunidade de ensinar através de uma nova dinâmica, talvez mal interpretada por alguns educadores que pensam que a aula se resume apenas a sala de aula.
• Dinamizar as aulas de História e Geografia partindo de uma metodologia onde o aluno aprende diante das fontes históricas orais, escritas, dos monumentos e das imagens, ou seja, o ensino é marcado por um traço espontâneo de aprender e fazer história.
METODOLOGIA
Para desenvolvimento desse projeto educativo visando aprimorar o conhecimento sobre a história e principalmente sobre o patrimônio histórico, pensamos na possibilidade de levar os alunos aos lugares de memória. É relevante o projeto uma vez que ao visitar, por exemplo, um município como Areia-PB, cidade considerada Patrimônio Histórico, responsável por exportação de açúcar durante todo período colonial vindo a entrar em decadência a sua produção de açúcar somente após a concorrência com as Antilhas. É uma cidade que teve um número enorme de engenhos de açúcar e rapadura, também tinha um número considerável de mão-de-obra escrava, libertando seus negros em 03 de maio de 1888.
Vale ressaltar que a estrutura da cidade permanece marcada pela arquitetura portuguesa, cerâmicas e modelos de residências. Destacando o museu: Casa Pedro Américo suas obras, vida e memória. Assim, visitamos esta cidade para se ter um contato mais próximo com aquela que participou das Revoltas do período regencial apoiando Frei Caneca e despontando como cidade que participou de todas as revoltas em prol da independência.
Por isso, recuperar a memória histórica nos museus, nas igrejas de estilos barrocos, em Areia-PB, ainda, destaca-se a Igreja dos Rosário construída pelos negros para cultuar seus deuses. A mata pau dos ferros, um espaço de preservação ambiental de diversidade de plantas, de vegetação, de pássaros além de uma Barragem de abastecimento de água. Ainda consta na cidade a preservação de uma casa de um antigo proprietário de engenho intacta com a estrutura de uma senzala urbana daquela época.
Ao avaliarmos o momento histórico estudado foi possível registrar em um mural com as fotos a produção de textos sobre a viagem. O que é possível perceber que o contato do aluno com o patrimônio histórico favorece maiores oportunidades de aprendizagem. Ao compreender melhor a existência do homem e a origem da humanidade, bem como, o encontro com o passado através dos resquícios históricos percebemos que ensino diante de outros documentos (fontes) promove uma maior compreensão da linguagem histórica. Em João Pessoa - PB, nas Igrejas barrocas, nos hotéis antigos, no teatro, diante da arte renascentista que o Conjunto São Francisco - PB apresenta, hoje reservado apenas para visitas turísticas, possibilita o reencontro do passado com as gerações presentes.
Portanto, o presente projeto de cunho educativo e cultural no primeiro momento foi proposto através de estudos de pesquisas bibliográficas baseado no conteúdo programático destinado para o ensino fundamental, por ser um recurso através do qual, é possível coletar dados para a pesquisa e estudos.
Assim, o estudo alicerçado em pesquisas bibliográficas é proveitoso por ser desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente da literatura oficial, uma vez que visa proporcionar maior familiaridade com o assunto, com vistas a torná-lo mais explícito; e descritiva, porque observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos da própria realidade sem manipulá-los.
O respectivo trabalho realizado através da leitura e apontamentos abordando a temática em questão inicia-se sempre a partir de uma leitura informativa ou pré-leitura, que permite selecionar os documentos bibliográficos que contêm dados ou informações suscetíveis de serem, aproveitados na solução do problema e que dará uma visão global do assunto; seguida da leitura seletiva e crítica, para a seleção do material útil para o trabalho, escolha das idéias principais, diferenciando-as entre si e das secundárias; sendo a última etapa a leitura interpretativa onde procuraremos saber o que os autores realmente afirmam quais os dados que oferecem e as informações que transmitem sobre o Patrimônio Histórico, os fósseis, os nativos que habitaram a região de Areia-PB, ou seja, dados relevantes para os estudos culturais, o que proporciona benefícios a aquisição de conhecimentos.
PÚBLICO ALVO
• Alunos do Ensino Fundamental I ou Educação Básica.
AVALIAÇÃO
- Um estudo tendo como eixo Patrimônio Histórico-cultural da humanidade é matéria-prima da memória, a avaliação através dos relatórios, dos depoimentos desses alunos podem demonstrar que os registros históricos deixados ao longo dos anos pelos nossos antepassados despertam o entendimento dos alunos e o sentimento de pertencimento. O lugar de memória passa a ser valorizado porque faz parte da cultura.
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Brasília, MEC/SEF. 1997.
REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, Memória, História, Historiografia: dossiê ensino de História. São Paulo: ANPUH/Marco zero, vol. 13, nº 25/26 set 1992 e agosto 1993.
SÂO PAULO, Secretaria Municipal de Cultura. O direito a memória: Patrimônio histórico e cidadania. São Paulo. DPH, 1992.
Tecendo o amanhã
Tecendo o amanhã
Um galo sozinho
não tece uma manhã:
ele precisará sempre
de outros galos.
De um que apanhe
esse grito que ele
e o lance a outro;
de um outro galo
que apanhe o grito
que um galo antes
e o lance a outro;
e de outros galos
que com muitos outros galos
se cruzem
os fios de sol
de seus gritos de galo,
para que a manhã,
desde uma teia tênue,
se vá tecendo,
entre todos os galos.
E se encorpando em tela,
entre todos,
se erguendo tenda,
onde entrem todos,
se entretendendo para todos,
no toldo
(a manhã) que
plana livre de armação.
A manhã,
todo de um tecido tão aéreo
que, tecido,
se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho
não tece uma manhã:
ele precisará sempre
de outros galos.
De um que apanhe
esse grito que ele
e o lance a outro;
de um outro galo
que apanhe o grito
que um galo antes
e o lance a outro;
e de outros galos
que com muitos outros galos
se cruzem
os fios de sol
de seus gritos de galo,
para que a manhã,
desde uma teia tênue,
se vá tecendo,
entre todos os galos.
E se encorpando em tela,
entre todos,
se erguendo tenda,
onde entrem todos,
se entretendendo para todos,
no toldo
(a manhã) que
plana livre de armação.
A manhã,
todo de um tecido tão aéreo
que, tecido,
se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
De grão em grão
MEIRIEU, Philippe. O Cotidiano da Escola e da Sala de aula: o fazer e o compreender. Porto Alegre: Artmed. 2005. pp. (167-170; 181-184; 194-196; 200-209).
Joselia Ferreira de Oliveira
Profesora da E.M.José Tavares
De grão em grão
A fim de permitirmos que todos aprendam, a escola deve ser organizada como um espaço “livre de ameaça.” As questões referentes ao fazer pedagógico precisam ser repensadas pois estas nos remete de imediato ao aspectos educativo-pedagógico. Neste sentido, importa não apenas pensar os significados voltados ao processo pedagógico mas, sobretudo, refletir acerca da prática pedagógica tendo como eixo também norteador dessa prática educativa, formas de encaminhar e direcionar a ação pedagógica.
Por isso, a sala de aula é um ambiente de aprendizagens e de construção de novos conhecimentos. Dessa forma, é inevitável o surgimento das dificuldades e a necessidade de enfrentá-las, sabendo que é possível rompê-la e alcançarmos o êxito esperado.
Parafraseando Meirieu, (2005, p.167-170), é necessário que nós pedagogos busquem promover uma análise apurada acerca do ambiente escolar. Assim, é necessário compreendermos que esta, diz respeito aos problemas enfrentados no interior da sala de aula e ao processo de aprendizagem. Sendo assim, a postura do profissional é fundamental no sentido de que o professor(a) é o responsável pelo acompanhamento dos alunos individualmente, e saber controlar as situações sem deixá-lás fugir do seu controle. Por isso, o professor, é o principal mediador para impedir que os erros sejam vistos como negativos e fracasso insuperável.
Por outro lado, violência verbal manifestada através das zombarias e das brincadeiras que envergonham os alunos devem ser contidas imediatamente. Enfim, separar claramente momentos de aprendizagens onde todos podem se expor com liberdade permitida pelo professor e incentivadora e ser ao mesmo tempo aquele que controla, relativiza e acompanha os processos de aprendizagem e avaliação do desempenho devem ser apresentados claramente.
É importante levar o aluno a superar seus medos, esse consiste em um dos grandes desafios da sala de aula. É necessário que todos os alunos possam se sentir seguros e ter o professor como um aliado em caso de perigo ou de ameaça. A sala de aula deve ser vista como um espaço livre de ameaça ou constrangimentos, todos somos livres e quando não exercitamos perfeitamente os conhecimentos quando exigido deve ser ultrapassado e tido apenas como um momento da aula e que todos existirão onde o aluno está mais preparado.
O saber construído consiste na aquisição de saberes, mas a palavra em si não pode ser considerada como um estatuto irrevogável, mas que pode em um dado momento ser objeto de reflexão. A Escola deve valorizar a aprendizagem de maneira a facilitar o acesso e a aquisição da leitura a fim de cada vez mais promover o senso crítico. Por isso, a leitura, a pesquisa bibliográfica possibilita ao aluno se deparar com várias opiniões.
A pesquisa é considerada como um fazer dinâmico livre onde possibilita a todos pensar livremente. Mieirieu, (2005, p.181-183), considera importante que o aluno perceba que existem “verdades”, saberes e conhecimentos ensinados que podem se diferenciar, é preciso ensinar que cada indivíduo tem uma verdade, mesmo que a ideologia da escola esteja voltada a uma verdade ensinada como uma coisa que se busca e não que se tem.
Na realidade, é preciso reverter essa visão e passar a ensinar a pedagogia da democracia na Escola. O momento do planejamento das aulas conforme Meirieu (2005, p.183-184), é especial, haja vista que o professor pretende ministrar deixando sempre claro seus objetivos que visa alcançar, além disso, os métodos que serão utilizados irá garantir de fato que a aprendizagem aconteça. Essa aprendizagem configura-se como uma peça chave desse processo do ensinar e aprender. Sabemos que atualmente, tem sido difícil descontruir velhos hábitos pedagógicos, até muitos alunos ainda resistem as inovações. Mas, é preciso mudar banir das escolas o ensino centrado no professor e de tarefas prontas e acabadas. É necessário também o aluno participar e se fazer parte integrante do aprender a aprender e construir seu conhecimento, pois ninguém aprende pelo outro, porém, precisamos aprender juntos; alunos-professores.
Para este autor, a sala de aula deve ser um lugar onde se trabalha necessariamente o ambiente escolar, e este deve promover o exercício pleno das atividades construtivas do aluno em benefício da aprendizagem.
Por conseguinte, a avaliação tem sido considerada um dos entraves no processo avaliativo escolar, justamente porque alguns professores preferem dar ênfase aos êxitos mais do que solucionar os déficits da prática educativa. Assim, resulta num processo onde alunos são classificados como “bons’’ ou ‘‘maus’’ e a “nota” prevalece sendo a grande vilâ. Avaliar significa acompanhar o processo de aprendizagem ao mesmo tempo que promove os meios de minimizar as dificuldades no processo de aprendizagem. Isto é, deve-se valorizar os acertos, mas é preciso considerar os erros como um meio de encaminhar os avanços na aprendizagem de maneira clara, explícita e democrática de acordo com os objetivos estabelecidos no planejamento diário.
Dessa forma, o professor poderá contribuir de formas efetiva para que tanto os alunos mais habilidosos como os que têm mais dificuldades no processo de ensino possam ser acompanhado o desempenho de todos a fim de superar as dificuldades e desafios e poder avançarem. Percebe-se que para Meirieu (2005, p.194-196), a avaliação é um processo que continua sendo um desafio para os educadores, mas que poderá alcançar sucesso.
Desse modo, a avaliação deve partir da identificação do nível de aprendizagem real que cada aluno se encontra e o instrumento avaliativo deve ser acessível a todos os alunos de forma a obter-se dados reais de uma aprendizagem significativa.
Meirieu (2005, p.200-201), alerta para essa responsabilidade do educador neste contexto entendendo que a medida que o professor identifica o nível de aprendizagem que se encontra o aluno facilita acompanhá-lo melhor no sentido de incentivá-lo cada vez mais a prosseguir, deixando claro ao aluno que está disponível para auxiliá-lo sempre que for necessário. Esse apoio possibilita ao aluno compreender que pode fazer porque tem crédito, haja vista, que o professor nesse momento assumiu o papel de um aliado nessa empreitada.
Neste sentido, é preciso considerarmos que a Escola é o lugar das diferenças e querer homogeneizar é talvez irreal. A sala de aula é um ambiente diversificado e coletivo, é preciso assumir de fato a diversidade ali existente levando em conta as aquisições de uns e de outros reconhecer os métodos mais adequados para cada um aprender. Neste contexto, precisamos desenvolver a capacidade de alternar diferentes métodos ao longo do tempo, além de organizar tempos de trabalho individuais, nos quais o professor perceberá como cada um trabalha percebendo assim as dificuldades que encontra e as possíveis formas de ajudá-los.
Dessa forma, Meirieu (2005, p.202-204) apresenta uma temática da diferenciação pedagógica que não deverá ser baseada numa estrutura rígida. A sala de aula é um ambiente de trabalho que apresenta regularidades e referências que permite a cada um encontrar seu espaço. Além disso, deve ser um lugar “acolhedor”, seguro e aberto as inovações para que cada um possa explorar novos conhecimentos e aprender a pensar e tirar suas próprias conclusões.
Para o exercício pleno da cidadania pensar a democracia em sala de aula numa sociedade formada por leis que constituem um caminho que deve ser aceito por todos como um “bem comum” que transcede aos interesses individuais. Segundo o autor, defender a idéia de um ensino obrigatório e sistemático significa uma forma de mostrar na Escola o que é democracia, como se constrói e porque se impõe a todos.
Meirieu (2005, p.204-206) nos leva a compreender que é preciso mostrar em sala de aula que a lei não é um meio de homologar os comportamentos ou mesmo satisfazer os desejos individuais. A lei não é a solução para todos os problemas dos homens. No âmbito escolar deve deixar claro que a lei existe não apenas para punir, para proibir mas para proteger e lhe dá poder. Para o referido autor “ a lei numa sociedade democrática consiste em um conjunto de regras que se impõe aos membros dessa sociedade e expressa a maneira como aqueles que a compõem decidem reger sua vida em comum”.
Neste sentido, a Escola tem uma missão: mostrar a legitimidade democrática das leis da República e fazê-las respeitar, além de ajudar a compreender o processo de elaboração das leis e preparar os alunos a participar ativamente delas. É importante a Escola trabalhar a história crítica, dessa forma estará contribuindo para a formação do educando favorecendo o acesso a democracia.
Meirieu (2005, p.206-209), chama a atenção para um aspecto importante que está presente na educação. – A sanção. Essa sanção é uma forma de honrar a liberdade segundo o citado autor, é preciso enfatizar que a sanção tem um papel de interpelação: ela se dirige a liberdade, deve ser acompanhada da retenção que deixa transparecer a dúvida para dar uma oportunidade ao outro. Afinal de contas a sanção ao invés de excluir consiste em integrar o indivíduo e permitir a sua inclusão social e escolar.
Sabendo que a medida que o aluno transgride as regras estipuladas pelo regulamento da classe prejudica o andamento da aula e o planejamento do professor ao mesmo tempo que este se exclui. E a reintegração destes indivíduos é necessária para que o grupo assegure o êxito de todos, na realidade, as sanções evitam a exclusão. Sem dúvida, não há nenhuma vantagem em excluir quem já se excluiu, enfim, a sanção muitas vezes significa romper com os princípios da Escola e buscar a conivência dos efeitos ao invés da transformação destes alunos sem nenhuma representação de cidadania e integração social.
Portanto, é uma questão que remete aos princípios fundamentais da Escola e a sua gestão cotidiana, sem esquecer a exigência de uma coerência necessária baseada na construção dos princípios fundamentais da Escola.
Joselia Ferreira de Oliveira
Profesora da E.M.José Tavares
De grão em grão
A fim de permitirmos que todos aprendam, a escola deve ser organizada como um espaço “livre de ameaça.” As questões referentes ao fazer pedagógico precisam ser repensadas pois estas nos remete de imediato ao aspectos educativo-pedagógico. Neste sentido, importa não apenas pensar os significados voltados ao processo pedagógico mas, sobretudo, refletir acerca da prática pedagógica tendo como eixo também norteador dessa prática educativa, formas de encaminhar e direcionar a ação pedagógica.
Por isso, a sala de aula é um ambiente de aprendizagens e de construção de novos conhecimentos. Dessa forma, é inevitável o surgimento das dificuldades e a necessidade de enfrentá-las, sabendo que é possível rompê-la e alcançarmos o êxito esperado.
Parafraseando Meirieu, (2005, p.167-170), é necessário que nós pedagogos busquem promover uma análise apurada acerca do ambiente escolar. Assim, é necessário compreendermos que esta, diz respeito aos problemas enfrentados no interior da sala de aula e ao processo de aprendizagem. Sendo assim, a postura do profissional é fundamental no sentido de que o professor(a) é o responsável pelo acompanhamento dos alunos individualmente, e saber controlar as situações sem deixá-lás fugir do seu controle. Por isso, o professor, é o principal mediador para impedir que os erros sejam vistos como negativos e fracasso insuperável.
Por outro lado, violência verbal manifestada através das zombarias e das brincadeiras que envergonham os alunos devem ser contidas imediatamente. Enfim, separar claramente momentos de aprendizagens onde todos podem se expor com liberdade permitida pelo professor e incentivadora e ser ao mesmo tempo aquele que controla, relativiza e acompanha os processos de aprendizagem e avaliação do desempenho devem ser apresentados claramente.
É importante levar o aluno a superar seus medos, esse consiste em um dos grandes desafios da sala de aula. É necessário que todos os alunos possam se sentir seguros e ter o professor como um aliado em caso de perigo ou de ameaça. A sala de aula deve ser vista como um espaço livre de ameaça ou constrangimentos, todos somos livres e quando não exercitamos perfeitamente os conhecimentos quando exigido deve ser ultrapassado e tido apenas como um momento da aula e que todos existirão onde o aluno está mais preparado.
O saber construído consiste na aquisição de saberes, mas a palavra em si não pode ser considerada como um estatuto irrevogável, mas que pode em um dado momento ser objeto de reflexão. A Escola deve valorizar a aprendizagem de maneira a facilitar o acesso e a aquisição da leitura a fim de cada vez mais promover o senso crítico. Por isso, a leitura, a pesquisa bibliográfica possibilita ao aluno se deparar com várias opiniões.
A pesquisa é considerada como um fazer dinâmico livre onde possibilita a todos pensar livremente. Mieirieu, (2005, p.181-183), considera importante que o aluno perceba que existem “verdades”, saberes e conhecimentos ensinados que podem se diferenciar, é preciso ensinar que cada indivíduo tem uma verdade, mesmo que a ideologia da escola esteja voltada a uma verdade ensinada como uma coisa que se busca e não que se tem.
Na realidade, é preciso reverter essa visão e passar a ensinar a pedagogia da democracia na Escola. O momento do planejamento das aulas conforme Meirieu (2005, p.183-184), é especial, haja vista que o professor pretende ministrar deixando sempre claro seus objetivos que visa alcançar, além disso, os métodos que serão utilizados irá garantir de fato que a aprendizagem aconteça. Essa aprendizagem configura-se como uma peça chave desse processo do ensinar e aprender. Sabemos que atualmente, tem sido difícil descontruir velhos hábitos pedagógicos, até muitos alunos ainda resistem as inovações. Mas, é preciso mudar banir das escolas o ensino centrado no professor e de tarefas prontas e acabadas. É necessário também o aluno participar e se fazer parte integrante do aprender a aprender e construir seu conhecimento, pois ninguém aprende pelo outro, porém, precisamos aprender juntos; alunos-professores.
Para este autor, a sala de aula deve ser um lugar onde se trabalha necessariamente o ambiente escolar, e este deve promover o exercício pleno das atividades construtivas do aluno em benefício da aprendizagem.
Por conseguinte, a avaliação tem sido considerada um dos entraves no processo avaliativo escolar, justamente porque alguns professores preferem dar ênfase aos êxitos mais do que solucionar os déficits da prática educativa. Assim, resulta num processo onde alunos são classificados como “bons’’ ou ‘‘maus’’ e a “nota” prevalece sendo a grande vilâ. Avaliar significa acompanhar o processo de aprendizagem ao mesmo tempo que promove os meios de minimizar as dificuldades no processo de aprendizagem. Isto é, deve-se valorizar os acertos, mas é preciso considerar os erros como um meio de encaminhar os avanços na aprendizagem de maneira clara, explícita e democrática de acordo com os objetivos estabelecidos no planejamento diário.
Dessa forma, o professor poderá contribuir de formas efetiva para que tanto os alunos mais habilidosos como os que têm mais dificuldades no processo de ensino possam ser acompanhado o desempenho de todos a fim de superar as dificuldades e desafios e poder avançarem. Percebe-se que para Meirieu (2005, p.194-196), a avaliação é um processo que continua sendo um desafio para os educadores, mas que poderá alcançar sucesso.
Desse modo, a avaliação deve partir da identificação do nível de aprendizagem real que cada aluno se encontra e o instrumento avaliativo deve ser acessível a todos os alunos de forma a obter-se dados reais de uma aprendizagem significativa.
Meirieu (2005, p.200-201), alerta para essa responsabilidade do educador neste contexto entendendo que a medida que o professor identifica o nível de aprendizagem que se encontra o aluno facilita acompanhá-lo melhor no sentido de incentivá-lo cada vez mais a prosseguir, deixando claro ao aluno que está disponível para auxiliá-lo sempre que for necessário. Esse apoio possibilita ao aluno compreender que pode fazer porque tem crédito, haja vista, que o professor nesse momento assumiu o papel de um aliado nessa empreitada.
Neste sentido, é preciso considerarmos que a Escola é o lugar das diferenças e querer homogeneizar é talvez irreal. A sala de aula é um ambiente diversificado e coletivo, é preciso assumir de fato a diversidade ali existente levando em conta as aquisições de uns e de outros reconhecer os métodos mais adequados para cada um aprender. Neste contexto, precisamos desenvolver a capacidade de alternar diferentes métodos ao longo do tempo, além de organizar tempos de trabalho individuais, nos quais o professor perceberá como cada um trabalha percebendo assim as dificuldades que encontra e as possíveis formas de ajudá-los.
Dessa forma, Meirieu (2005, p.202-204) apresenta uma temática da diferenciação pedagógica que não deverá ser baseada numa estrutura rígida. A sala de aula é um ambiente de trabalho que apresenta regularidades e referências que permite a cada um encontrar seu espaço. Além disso, deve ser um lugar “acolhedor”, seguro e aberto as inovações para que cada um possa explorar novos conhecimentos e aprender a pensar e tirar suas próprias conclusões.
Para o exercício pleno da cidadania pensar a democracia em sala de aula numa sociedade formada por leis que constituem um caminho que deve ser aceito por todos como um “bem comum” que transcede aos interesses individuais. Segundo o autor, defender a idéia de um ensino obrigatório e sistemático significa uma forma de mostrar na Escola o que é democracia, como se constrói e porque se impõe a todos.
Meirieu (2005, p.204-206) nos leva a compreender que é preciso mostrar em sala de aula que a lei não é um meio de homologar os comportamentos ou mesmo satisfazer os desejos individuais. A lei não é a solução para todos os problemas dos homens. No âmbito escolar deve deixar claro que a lei existe não apenas para punir, para proibir mas para proteger e lhe dá poder. Para o referido autor “ a lei numa sociedade democrática consiste em um conjunto de regras que se impõe aos membros dessa sociedade e expressa a maneira como aqueles que a compõem decidem reger sua vida em comum”.
Neste sentido, a Escola tem uma missão: mostrar a legitimidade democrática das leis da República e fazê-las respeitar, além de ajudar a compreender o processo de elaboração das leis e preparar os alunos a participar ativamente delas. É importante a Escola trabalhar a história crítica, dessa forma estará contribuindo para a formação do educando favorecendo o acesso a democracia.
Meirieu (2005, p.206-209), chama a atenção para um aspecto importante que está presente na educação. – A sanção. Essa sanção é uma forma de honrar a liberdade segundo o citado autor, é preciso enfatizar que a sanção tem um papel de interpelação: ela se dirige a liberdade, deve ser acompanhada da retenção que deixa transparecer a dúvida para dar uma oportunidade ao outro. Afinal de contas a sanção ao invés de excluir consiste em integrar o indivíduo e permitir a sua inclusão social e escolar.
Sabendo que a medida que o aluno transgride as regras estipuladas pelo regulamento da classe prejudica o andamento da aula e o planejamento do professor ao mesmo tempo que este se exclui. E a reintegração destes indivíduos é necessária para que o grupo assegure o êxito de todos, na realidade, as sanções evitam a exclusão. Sem dúvida, não há nenhuma vantagem em excluir quem já se excluiu, enfim, a sanção muitas vezes significa romper com os princípios da Escola e buscar a conivência dos efeitos ao invés da transformação destes alunos sem nenhuma representação de cidadania e integração social.
Portanto, é uma questão que remete aos princípios fundamentais da Escola e a sua gestão cotidiana, sem esquecer a exigência de uma coerência necessária baseada na construção dos princípios fundamentais da Escola.
Nas entranhas do conhecimento
Josélia Fereeira de Oliveira
Prof. ESCOLA MUNICIPAL ALICE GAUDÊNCIO
Com o objetivo de proporcionar aos nossos alunos a aquisição de novos conhecimentos, de forma interdisciplinar, foi que, realizamos uma viagem à cidade de Areia-PB. Os principais aspectos que enfatizamos durante a visita foram a questão da preservação ambiental e sociocultural
Figura 1: Mapa de Areia-PB
Daí, o presente relatório se refere a aula de campo na cidade de Areia - PB, com saída as 8:00 horas do dia 07 de dezembro de 2009, chegando em Areia-PB aproximadamente às 9:10 horas da manhã. Iniciamos nossas atividades a partir de uma caminhada pela Mata Pau dos Ferros, os alunos aprenderam sobre a vegetação, as plantas e a história de algumas espécieis, tanto aquelas que são medicinais como as venenosas. Em seguida partimos para o Campus da UFPB, onde foi possível apresentarmos aos alunos a importância da preservação da História Local. Mostramos a Casa do Senhor de Engenho, a moenda e o local onde os escravos trabalhavam para produzir o açucar e a rapadura, bem como, a cachaça. Logo em seguida, almoçamos, e depois fomos visitar a Igreja dos Negros, a residência que quarda os resquícios de uma senzala urbana. Visitamos também o Teatro Minerva e na ocasião foi abordado pelo guia turístico a história e sua importância para a cultura dos paraibanos.
Areia tem inúmeras belezas naturais e históricas. Nesse sentido, realizamos um percurso pela cidade, e os alunos puderam conhecer: prédios seculares, museus, igrejas, tendo como característica viáveis a sua proximidade e o fácil acesso entre eles.
Podemos dizer que, a Mata Pau dos Ferros (reserva ecológica) serviu para mostrarmos a diversidade das espécies vegetais e a importância da Mata para as futuras gerações.
RESERVA ECOLÓGICA MATA DO PAU-FERRO
Criada em 1992, a reserva tem inúmeras trilhas, uma barragem, uma diversidade de fauna e flora, além de ser um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste.
ASPECTOS HISTÓRICOS
A história de Areia se confunde com a história da Paraíba, principal município do Brejo Paraibano, Areia surgiu como povoado em 1625. É a cidade natal do pintor Pedro Américo, do escritor José Américo de Almeida e do Padre Azevedo, inventor da máquina de escrever. Fica a 120 quilômetros da Capital, João Pessoa. Com cerca de 30 mil habitantes é uma pacata cidade do interior e possui vários prédios tombados pelo patrimônio histórico: A Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos (do século XVII, construída pelos escravos), o Teatro Minerva (1859, edificado pelas famílias de maior poder aquisitivo da época, daí sua denominação original: Teatro Particular ); a Igreja Matriz, o Casarão de José Rufino (influente Senhor de Engenho), a Biblioteca José Américo de Almeida, o Museu Regional de Areia e o Museu-Casa do pintor Pedro Américo, além da Reserva Florestal do Pau-Ferro e do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, antiga Escola de Agronomia do Nordeste, primeiro campus universitário de todo o interior do Nordeste. Areia foi a primeira cidade do Brasil a libertar seus escravos, antes mesmo da Lei Áurea.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.
A Igreja matriz como é mais conhecida, tem nas suas pinturas o seu maior atrativo. Todo o teto é revestido por pinturas que retratam passagens bíblicas.
IGREJA DO ROSÁRIO.
A Igreja do Rosário construída no século XVII, é uma das mais antigas do interior da Paraíba. Mais conhecida como a Igreja dos Negros é a expressão da resistência religiosa e das tradições de uma raça no Brasil - colônia.
Na área da UFPB, campus destinado aos estudos sosbre Agronomia abrage um conjunto de dois prédios, a Casa-Grande e o Engenho, guardam em seu acervo um retrato de como era a região na época do Brasil colônia.
Casa de morada do Senhor de Engenho.
Esse conjunto considerado parte do Patrimônio Histórico do Brasil, apresenta uma riqueza para a aquisição dos novos conhecimentos aos alunos, haja vista que, a História de um povo se revela pelas características de uma certa realidade histórica.
CASA DE PEDRO AMÉRICO.
A casa de Pedro Américo é o local onde nasceu o pintor. Lá podemos encontrar réplicas de suas obras e alguns pertences seus. Dessa modo, a casa Museu é uma oportunidade de incentivar a cultura e a arte entre os alunos.
Conforme mostramos abaixo, a arquitetura da cidade retrata os modelos dos casarões antigos dos séculos XVIII e XIX, preservados até nossos dias.
Enfim, Areia-PB, é conhecida por suas riquezas culturais, particularmente o Museu de Pedro Américo, com inúmeras réplicas dos quadros do mais célebre cidadão areiense - entre elas a famosa obra "O Grito do Ipiranga", encomendada a ele por Dom Pedro II, e o Museu da Rapadura, localizado dentro do Campus da UFPB na cidade, onde é possível o visitante observar as várias etapas da fabricação dessa iguaria e dos outros derivados da cana-de-açúcar, como a cachaça, sendo a areiense muito conhecida exteriormente por seu incomparável sabor. Areia foi considerada por muito tempo como "Terra da Cultura" tendo seu teatro - o "Theatro Minerva" - sido edificado 50 anos antes que o da capital do Estado da Paraíba. Para essa cidade hospitaleira, de invernos rigorosos, convergiram estudantes de todo o Nordeste, sendo expoentes deste tempo a Escola de Agronomia do Nordeste, o Colégio Santa Rita (Irmãs Franciscanas, alemães) e o Colégio Estadual de Areia (antigo Ginásio Coelho Lisboa). Seus filhos se destacavam em todos os concursos de que participavam. Carminha Sousa e Laura Gouveia eram reconhecidas pela capacidade de educar e formar pessoas na língua portuguesa.
TEATRO MINERVA
O Teatro Minerva faz parte desse Patrimonio Histórico do Brasil. Primeiro teatro construído na Paraíba. Inaugurado em 1859, com capacidade para 250 pessoas e uma excelente acústica.
A ZONA RURAL DE AREIA - PB
Em toda a sua zona rural, Areia possui diversos engenhos de cana-de-açúcar que fabricam cachaça de excelência no mercado consumidor, a rapadura, o mel e o açúcar mascavo. Na época da moagem, os turistas podem acompanhar todo o processo de produção dos engenhos.
Areia é um município brasileiro do estado da Paraíba, localizado na microrregião do Brejo Paraibano. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2006 sua população era estimada em 26.569 habitantes. A área territorial é de 269 km².
Com muitas riquezas naturais, situada em local elevado, Areia, no inverno, é coberta por uma leve neblina, e suas terras possuem diversas fontes e balneários aquáticos.
Em 1648, a expedição em busca de recursos minerais de Elias Herckman, então governador holandês da Paraíba, percorreu a mando de Maurício de Nassau a região onde hoje se assenta a cidade de Areia sem entretanto nada encontrar. Pouco mais tarde, em meados do século XVII, desbravadores portugueses percorreram a região, tendo um deles, de nome Pedro Bruxaxá, se fixado no local à margem do cruzamento de estradas que eram caminho obrigatório de boiadeiros e comboieiros dos sertões com destino à cidade de Mamanguape e à Capital. Dada a amizade que fez com os nativos, ali construiu um curral e uma hospedaria conhecida como “Pouso do Bruxaxá”. A região foi por muitos anos denominados "Sertão de Bruxaxá".
Com o tempo, entretanto, devido a um riacho que possuía bancos de areia muito brancas, o povoado passou a ser chamado de Brejo d'Areia, já que o lugarejo fica na Microrregião do Brejo Paraibano, região da Paraíba não muito longe do litoral, que recebe os úmidos ventos alísios vindos do Atlântico e possui uma cobertura vegetal de floresta atlântica, hoje em dia reduzida a manchas. Por isso, também chamada de Zona da Mata. O povoado foi elevado à categoria de vila em 30 de agosto de 1818 e, em 18 de maio de 1846, tornou-se cidade.
NOMES DOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DA VIAGEM A AREIA-PB.
Campina Grande, 06 de dezembro de 2009.
Prof. ESCOLA MUNICIPAL ALICE GAUDÊNCIO
Com o objetivo de proporcionar aos nossos alunos a aquisição de novos conhecimentos, de forma interdisciplinar, foi que, realizamos uma viagem à cidade de Areia-PB. Os principais aspectos que enfatizamos durante a visita foram a questão da preservação ambiental e sociocultural
Figura 1: Mapa de Areia-PB
Daí, o presente relatório se refere a aula de campo na cidade de Areia - PB, com saída as 8:00 horas do dia 07 de dezembro de 2009, chegando em Areia-PB aproximadamente às 9:10 horas da manhã. Iniciamos nossas atividades a partir de uma caminhada pela Mata Pau dos Ferros, os alunos aprenderam sobre a vegetação, as plantas e a história de algumas espécieis, tanto aquelas que são medicinais como as venenosas. Em seguida partimos para o Campus da UFPB, onde foi possível apresentarmos aos alunos a importância da preservação da História Local. Mostramos a Casa do Senhor de Engenho, a moenda e o local onde os escravos trabalhavam para produzir o açucar e a rapadura, bem como, a cachaça. Logo em seguida, almoçamos, e depois fomos visitar a Igreja dos Negros, a residência que quarda os resquícios de uma senzala urbana. Visitamos também o Teatro Minerva e na ocasião foi abordado pelo guia turístico a história e sua importância para a cultura dos paraibanos.
Areia tem inúmeras belezas naturais e históricas. Nesse sentido, realizamos um percurso pela cidade, e os alunos puderam conhecer: prédios seculares, museus, igrejas, tendo como característica viáveis a sua proximidade e o fácil acesso entre eles.
Podemos dizer que, a Mata Pau dos Ferros (reserva ecológica) serviu para mostrarmos a diversidade das espécies vegetais e a importância da Mata para as futuras gerações.
RESERVA ECOLÓGICA MATA DO PAU-FERRO
Criada em 1992, a reserva tem inúmeras trilhas, uma barragem, uma diversidade de fauna e flora, além de ser um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste.
ASPECTOS HISTÓRICOS
A história de Areia se confunde com a história da Paraíba, principal município do Brejo Paraibano, Areia surgiu como povoado em 1625. É a cidade natal do pintor Pedro Américo, do escritor José Américo de Almeida e do Padre Azevedo, inventor da máquina de escrever. Fica a 120 quilômetros da Capital, João Pessoa. Com cerca de 30 mil habitantes é uma pacata cidade do interior e possui vários prédios tombados pelo patrimônio histórico: A Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos (do século XVII, construída pelos escravos), o Teatro Minerva (1859, edificado pelas famílias de maior poder aquisitivo da época, daí sua denominação original: Teatro Particular ); a Igreja Matriz, o Casarão de José Rufino (influente Senhor de Engenho), a Biblioteca José Américo de Almeida, o Museu Regional de Areia e o Museu-Casa do pintor Pedro Américo, além da Reserva Florestal do Pau-Ferro e do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, antiga Escola de Agronomia do Nordeste, primeiro campus universitário de todo o interior do Nordeste. Areia foi a primeira cidade do Brasil a libertar seus escravos, antes mesmo da Lei Áurea.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.
A Igreja matriz como é mais conhecida, tem nas suas pinturas o seu maior atrativo. Todo o teto é revestido por pinturas que retratam passagens bíblicas.
IGREJA DO ROSÁRIO.
A Igreja do Rosário construída no século XVII, é uma das mais antigas do interior da Paraíba. Mais conhecida como a Igreja dos Negros é a expressão da resistência religiosa e das tradições de uma raça no Brasil - colônia.
Na área da UFPB, campus destinado aos estudos sosbre Agronomia abrage um conjunto de dois prédios, a Casa-Grande e o Engenho, guardam em seu acervo um retrato de como era a região na época do Brasil colônia.
Casa de morada do Senhor de Engenho.
Esse conjunto considerado parte do Patrimônio Histórico do Brasil, apresenta uma riqueza para a aquisição dos novos conhecimentos aos alunos, haja vista que, a História de um povo se revela pelas características de uma certa realidade histórica.
CASA DE PEDRO AMÉRICO.
A casa de Pedro Américo é o local onde nasceu o pintor. Lá podemos encontrar réplicas de suas obras e alguns pertences seus. Dessa modo, a casa Museu é uma oportunidade de incentivar a cultura e a arte entre os alunos.
Conforme mostramos abaixo, a arquitetura da cidade retrata os modelos dos casarões antigos dos séculos XVIII e XIX, preservados até nossos dias.
Enfim, Areia-PB, é conhecida por suas riquezas culturais, particularmente o Museu de Pedro Américo, com inúmeras réplicas dos quadros do mais célebre cidadão areiense - entre elas a famosa obra "O Grito do Ipiranga", encomendada a ele por Dom Pedro II, e o Museu da Rapadura, localizado dentro do Campus da UFPB na cidade, onde é possível o visitante observar as várias etapas da fabricação dessa iguaria e dos outros derivados da cana-de-açúcar, como a cachaça, sendo a areiense muito conhecida exteriormente por seu incomparável sabor. Areia foi considerada por muito tempo como "Terra da Cultura" tendo seu teatro - o "Theatro Minerva" - sido edificado 50 anos antes que o da capital do Estado da Paraíba. Para essa cidade hospitaleira, de invernos rigorosos, convergiram estudantes de todo o Nordeste, sendo expoentes deste tempo a Escola de Agronomia do Nordeste, o Colégio Santa Rita (Irmãs Franciscanas, alemães) e o Colégio Estadual de Areia (antigo Ginásio Coelho Lisboa). Seus filhos se destacavam em todos os concursos de que participavam. Carminha Sousa e Laura Gouveia eram reconhecidas pela capacidade de educar e formar pessoas na língua portuguesa.
TEATRO MINERVA
O Teatro Minerva faz parte desse Patrimonio Histórico do Brasil. Primeiro teatro construído na Paraíba. Inaugurado em 1859, com capacidade para 250 pessoas e uma excelente acústica.
A ZONA RURAL DE AREIA - PB
Em toda a sua zona rural, Areia possui diversos engenhos de cana-de-açúcar que fabricam cachaça de excelência no mercado consumidor, a rapadura, o mel e o açúcar mascavo. Na época da moagem, os turistas podem acompanhar todo o processo de produção dos engenhos.
Areia é um município brasileiro do estado da Paraíba, localizado na microrregião do Brejo Paraibano. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2006 sua população era estimada em 26.569 habitantes. A área territorial é de 269 km².
Com muitas riquezas naturais, situada em local elevado, Areia, no inverno, é coberta por uma leve neblina, e suas terras possuem diversas fontes e balneários aquáticos.
Em 1648, a expedição em busca de recursos minerais de Elias Herckman, então governador holandês da Paraíba, percorreu a mando de Maurício de Nassau a região onde hoje se assenta a cidade de Areia sem entretanto nada encontrar. Pouco mais tarde, em meados do século XVII, desbravadores portugueses percorreram a região, tendo um deles, de nome Pedro Bruxaxá, se fixado no local à margem do cruzamento de estradas que eram caminho obrigatório de boiadeiros e comboieiros dos sertões com destino à cidade de Mamanguape e à Capital. Dada a amizade que fez com os nativos, ali construiu um curral e uma hospedaria conhecida como “Pouso do Bruxaxá”. A região foi por muitos anos denominados "Sertão de Bruxaxá".
Com o tempo, entretanto, devido a um riacho que possuía bancos de areia muito brancas, o povoado passou a ser chamado de Brejo d'Areia, já que o lugarejo fica na Microrregião do Brejo Paraibano, região da Paraíba não muito longe do litoral, que recebe os úmidos ventos alísios vindos do Atlântico e possui uma cobertura vegetal de floresta atlântica, hoje em dia reduzida a manchas. Por isso, também chamada de Zona da Mata. O povoado foi elevado à categoria de vila em 30 de agosto de 1818 e, em 18 de maio de 1846, tornou-se cidade.
NOMES DOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DA VIAGEM A AREIA-PB.
Campina Grande, 06 de dezembro de 2009.
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